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Guarda Revolucionária é a instância mais poderosa do Irã

Shahram Ahadi (smc)17 de maio de 2013

O jornalista Bahman Nirumand fala sobre o papel da Sepah Pasdaran na política e na sociedade iranianas. Poder da Guarda Revolucionária cresceu assustadoramente desde sua criação, em 1979.

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FILE - In this Sunday, Sept. 21, 2008 file photo, Iranian Revolutionary Guards members march during a parade ceremony, marking the 28th anniversary of the onset of the Iran-Iraq war (1980-1988), in front of the mausoleum of the late revolutionary founder Ayatollah Ruhollah Khomeini, just outside Tehran, Iran. Sometime early next year, a new voice is expected to join Iran's state-sanctioned media blitz: a full-service news agency with video, photos and print - run by Iran's Revolutionary Guards. (ddp images/AP Photo/Vahid Salemi, File)
Iranische RevolutionsgardeFoto: AP

DW: A Sepah Pasdaran, Guarda Revolucionária do Irã, foi fundada em 1979. Ela atua paralelamente às Forças Armadas regulares do país e tem, pelo menos oficialmente, o objetivo de "defender os valores da Revolução Islâmica e a base do Estado islâmico". Com o passar do tempo, ela ampliou enormemente seus poderes e competências. É possível considerar a Pasdaran como a real detentora do poder no Irã?

Bahman Nirumand: Sim. Na verdade, em toda a história recente do Irã, nunca houve tal concentração de poder. A Sepah Pasdaran é atualmente a instância mais poderosa no país, tanto no âmbito político quanto econômico e militar.

Bahman Nirumand
Bahman Nirumand: cronista iraniano vive em BerlimFoto: picture-alliance/dpa-Zentralbild

Ao lado dela, o papel as Forças Armadas regulares é bastante secundário. A Pasdaran está equipada com as armas mais modernas; ela é incontestável e decide sobre todas as questões militares, ao passo que o Exército ficou inteiramente relegado ao segundo plano.

A Pasdaran está muito bem equipada. Ela estaria também preparada para reagir a uma possível investida militar por parte de Israel? Ataques verbais não faltaram nos últimos anos.

Sim, acho que está preparada. O Irã tem muitos meios de se defender. Os alvos que poderiam ser atacados são evidentes. Eles possuem mísseis modernos e navios de guerra, e estão mesmo em condições de causar danos aos Estados Unidos e a outros países.

A Pasdaran sempre esteve presente no âmbito militar, mas em que direção se alterou o seu poder econômico?

Atualmente ela é considerada a maior força econômica do país. Por um lado, a Pasdaran recebe concessões por todos os projetos infraestruturais do Irã. Quer se trate da construção de represas ou de estradas, portos ou aeroportos: a Guarda Revolucionária está envolvida em todos os grandes projetos.

Além disso, ela controla os portos e aeroportos e, assim, todo o mercado: exportações, importações e sobretudo o mercado negro. Ela pode exportar ou importar produtos sem pagar alfândega ou impostos. A Pasdaran também está envolvida na indústria petrolífera. Portanto, é gigantesco tudo o que ela colocou sob o próprio controle, em termos de economia.

Que papel a Pasdaran desempenha no conflito nuclear com o Ocidente?

A Pasdaran participa diretamente de todas as decisões, quer se trate do conflito nuclear ou de outros assuntos políticos de importância. Ela está fortemente envolvida no programa nuclear e acredito que nenhuma decisão sobre esse assunto seja tomada sem o seu consentimento. Ela determina também a política de negociação dos iranianos.

Seemanöver der Revolutionsgarden vor iranischer Küste
Manobra marítima da Pasdaran em costas iranianasFoto: picture alliance / dpa

Oficialmente, a delegação iraniana que conduz as negociações recebe instruções do líder supremo, Ali Khamenei. Entretanto, por trás dele está a Guarda Revolucionária, e é esta que toma realmente as decisões.

Existe algum setor sobre o qual a Pasdaran não tenha influência?

Não. Ela é também a maior força política no país. Seus ex-comandantes controlam o poder. Em 2005, quando Mahmud Ahmadinejad foi eleito presidente pela primeira vez, ele entregou a maior parte e os principais cargos a comandantes da Pasdaran.

Em 2009, Mahmud Ahmadinejad pôde contar também com o apoio da Pasdaran para sua altamente controversa reeleição. Porém, a relação agora parece muito tensa. Por que isso?

Isso se deve aos desentendimentos entre o líder revolucionário e Ahmadinejad. Na verdade, Khamenei apoiou Ahmadinejad fortemente, não só durante seu primeiro período de governo como também nas eleições de 2009.

NEU Mohammad Ali Jafari Revolutionsgarden Iran
Mohammad Ali Jafari, líder da Guarda RevolucionáriaFoto: AP

Até mesmo toda a fraude eleitoral que houve naquela ocasião deve ter ocorrido com a anuência de Khamenei. Então, Khamenei teve a impressão de que Ahmadinejad era, por assim dizer, o seu comandado, e que faria tudo o que o líder revolucionário quisesse.

Mas a partir de 2009 o presidente se tornou insubordinado e procurou novos caminhos, sobretudo contra os religiosos. As desavenças entre Khamenei e Ahmadinejad aumentam cada vez mais, particularmente em relação às eleições; e a Pasdaran, ao menos os principais generais, parece ter optado por Khamenei.

Isso eles já disseram com toda a clareza: eles querem garantir eleições "sadias e corretas". E isso significa que vão interferir diretamente para que o candidato de Khamenei seja eleito. Não é possível dizer como isso se reflete na base da Pasdaran. Certamente, Ahmadinejad continua tendo seguidores também ali.

O autor de vários livros e analista político Bahmann Nirumand tem origem iraniana e mora em Berlim.