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Guardiola, um espírito independente

Andreas Sten-Ziemons (md)4 de maio de 2016

Após três temporadas, técnico conhecido pelo perfeccionismo e pela ânsia de autonomia se despede do Bayern para treinar, a partir de agosto, o Manchester City. Em Munique, como em Barcelona, ele deixou sua marca.

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Pep Guardiola
Foto: picture-alliance/dpa/L.Barth

Provavelmente não há nada no mundo que Pep Guardiola ame tanto como a independência. Ele próprio quer decidir quem joga e como jogar. Ele quer determinar quando um jogador lesionado está recuperado – não importa se o departamento médico tem objeções a isso. Ele quer ter a última palavra quando se trata de transferências e ter, de preferência um time de acordo com as suas ideias.

Até os menores detalhes interessam a Guardiola. Ele tenta influenciar tudo o que pode, para fazer seus jogadores e sua equipe ainda melhores. Por isso, logo após chegar a Munique, ele deixou claro que seus jogadores têm que comer algo no mais tardar uma hora após o fim do jogo – e controlou o respeito a essa regra até com a ajuda de um especialista em nutrição.

Não raro, o catalão provocou estranhamento no Bayern, clube liderado em estilo familiar, com sua natureza perfeccionista e, ao mesmo tempo, pouca capacidade para diplomacia. O médico Hans-Wilhelm Müller-Wohlfahrt, o meia Mario Götze e o atacante Mario Mandzukic, todos hoje fora do Bayern, são testemunhas disso. Mesmo o diretor de futebol do clube, Matthias Sammer, nem sempre se deu particularmente bem com o estilo Guardiola.

Constante mudança e novos desafios

Mas do mesmo modo que o impulso por perfeição, por vezes, parece ser uma fraqueza de Guardiola, ele também é a sua força. Não há praticamente um treinador mais bem sucedido do que ele. Guardiola elevou o jogo de futebol a um novo nível durante o seu tempo como treinador do Barcelona. O máximo em posse de bola, controle absoluto, troca de passes curtos, em movimentação constante – tudo decorado com a classe individual de jogadores como Andres Iniesta e Lionel Messi. Mais perfeito do que isso, não dava para jogar.

Embora Guardiola mantenha estreito contato com seus jogadores, ele não é de ter longas ligações com um clube. Depois de apenas três anos, ele vai deixar o Bayern no meio deste ano. A direção é o Manchester City, o próximo clube, o próximo desafio.

O objetivo para Guardiola é sempre o máximo: troféus, o campeonato, a Liga dos Campeões – título que ele perde agora com os bávaros pela terceira vez, sendo eliminado na semifinal. Sua despedida no Bayern, depois de três temporadas, Guardiola tinha anunciado já no início, basicamente, quando disse certa vez: "O quarto ano como treinador do Barcelona foi o meu maior erro."

Pep Guardiola e Lionel Messi
Como técnico do Barcelona, Guardiola (aqui com Lionel Messi) ganhou 14 títulos em quatro anosFoto: Javier Soriano/AFP/Getty Images

Cultura e Política

Pouco se sabe sobre o homem privado Guardiola. Fora do campo, ele é discreto e dificilmente dá entrevistas. Em maio de 2015, casou-se, depois de 25 anos, com sua parceira Cristina, com quem está junto há 18 anos e tem três filhos. Guardiola se interessa por cultura, tem poetas e escritores entre seus amigos mais próximos. Ele adora boa comida e gosta de beber um copo de vinho branco. Supostamente, depois de cada jogo em casa, uma garrafa é colocada à disposição dele em seu escritório na Allianz Arena.

A autonomia, que ele considera desejável para sua própria vida, Guardiola deseja para a sua Catalunha natal. Na região, no leste da Espanha, existe há tempos um forte movimento de independência em que Guardiola milita ativamente. Simbolicamente, ele permitiu que seu nome conste no lugar mais baixo da lista da coligação Junts pel Si, que defende a independência da região. Várias vezes, Guardiola pediu publicamente a separação da Catalunha da Espanha. Ela é, como disse, "melhor para a Catalunha e a Espanha" e virá, com certeza, em algum momento.

Pep Guardiola e sua mulher, Cristina Serra
Pep Guardiola e sua mulher, Cristina SerraFoto: imago/Future Image

Já a separação entre Pep Guardiola e Bayern está a apenas algumas semanas de distância. Se este passo será também uma melhoria para treinador e clube é algo que será necessário esperar para ver.