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História

1512: Nascimento do revolucionário cartógrafo Mercator

Nascido em 5 de março 1512, o geógrafo, cartógrafo, teólogo e filósofo Gerardus Marcator redefiniu a forma de representar em duas dimensões nosso mundo tridimensional, enfrentando até acusações de heresia.

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O clima era de revolução cultural. Navegadores descobriam novos continentes, Nicolau Copérnico reconhecia que os planetas revolviam em torno do Sol, um monge dissidente alemão chamado Martinho Lutero se rebelava contra a Igreja Católica. Um novo mundo estava à espera de ser descoberto.

O filho de sapateiro Gerard De Kremer, nascido em Flandres em 5 de março 1512, nem podia imaginar que um dia se tornaria um cartógrafo de estatura mundial, e tema de debates, ainda meio milênio mais tarde. Um tio abastado definira para ele uma carreira eclesiástica e pagou os seus estudos. Gerard estudou latim e, seguindo a moda da época, adotou a versão latina de seu nome de família: Mercator – comerciante.

Ambição e heresia

Gerardus Mercator, seu nome em latim, se revela um jovem sequioso de saber, que persegue uma meta ambiciosa: o registro do mundo em medidas exatas e a representação gráfica de suas partes. Na Universidade de Leuven, ele encontrou personalidades que estimularam seus interesses: matemáticos, cartógrafos e gravadores, com cujo auxílio ele absorveu os fundamentos técnicos para suas atividades científicas.

Na cidade portuária de Antuérpia, Mercator abriu um negócio próprio: ele desenhou mapas, produziu globos, coletou descrições de viagens dos navegadores. Seus negócios floresceram, até que, em 1544, foi acusado de heresia – ou "luterismo". Seus questionamentos filosóficos críticos sobre a Bíblia e sobre a ideia de que Deus pudesse ter criado o universo a partir do nada, o levaram ao cárcere, ainda que por tempo breve.

Após essa experiência traumática, o jovem flamengo abandonou os Países Baixos sete anos mais tarde, mudando-se para a Alemanha. Na universidade de Duisburg lhe foi oferecida uma cátedra. Mas esses planos fracassaram e Mercator se contentou em lecionar num ginásio.

"Atlas": obra de uma vida

Sua profissão principal permaneceu sendo a cartografia. Durante mais de 40 anos, desenhou os mapas segundo os mais novos dados científicos e os gravou em placas de cobre. Os trabalhos de sua oficina eram solicitados em todo o mundo. Esse foi o período mais criativo de sua vida, quando ele concluiu seu famoso mapa da Europa em 18 folhas impressas.

Porém sua meta ia ainda bem mais longe: seu plano era uma descrição abrangente do céu e da terra, com base na teologia e na história. Ele a denominara Atlas, em homenagem ao astrônomo da Mauritânia. Mercator almejava explicar todo o cosmo nessa obra em diversas partes, contendo tanto textos sobre a criação do mundo quanto descrições geográficas das regiões e suas histórias nacionais.

Gerardus Mercator trabalhou até o fim da vida nessa obra colossal. Porém o que a transformaria num best seller era a parte cartográfica. O termo "atlas" permaneceu, designando não apenas uma coleção de mapas em forma de livro, como também toda uma imagem do mundo que nos marca até hoje.

Mercator completou seu trabalho principal, o Atlas, sive Cosmographicae Meditationes de Fabrica Mundi et fabricati figura, pouco antes de sua morte. Ele seria publicado postumamente em 1595 pelo filho de Mercator, Rumold. 

Mercator morreu em 2 de dezembro de 1594 em Duisburg, na Alemanha, como um homem rico e respeitado.(Gudrun Stegen/av)

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