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Fora da arena esportiva

7 de setembro de 2011

Investimentos até 2014 vão chegar a 7,38 bilhões de dólares, aponta relatório. Setor hoteleiro, responsável por 3,6% do PIB nacional, garante que crescimento vigoroso é sustentável, mas acha necessário mudar de tática.

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Obras em estádios, infraestrutura e hotéis: preparação para 2014 e 2016Foto: AP

Paralelamente aos projetos oficiais para abrigar os eventos esportivos mundiais de 2014 e 2016 no Brasil, o setor de hotelaria toca canteiros privados de obras espalhados pelo território nacional. Investimentos de 7,38 bilhões de dólares estão previstos entre 2011 e 2014, segundo o governo brasileiro.

Antes mesmo da Copa e das Olimpíadas – só o Mundial de Futebol deve atrair 600 mil turistas internacionais –, os hotéis no Brasil vivem um bom momento. Dados do Ministério do Turismo indicam que o setor cresce em média 10% ao ano e já corresponde a 3,6% do Produto Interno Bruto nacional.

"A própria economia do Brasil, como um todo, permitiu um crescimento exponencial do turismo de negócios. Quer dizer, você tem em Pernambuco um crescimento vigoroso da ocupação hoteleira em função de business, e também no resto do país até o agronegócio impactou no interior dos estados", analisa Alexandre Sampaio, presidente da Federação Nacional de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares (FNHRBS).

E a expectativa é que a essa "alta temporada" se estenda. Embalado pelo calendário das competições mundiais, o Brasil deve ganhar pelos menos 198 novos hotéis, com um crescimento de 40% no número de leitos. O cenário é de perspectiva de ganhos: "Acreditamos que ainda ao longo de 2011 assistiremos à entrada de mais investidores hoteleiros internacionais no país", avalia a consultoria Jones Lang LaSalle.

Investimento em pessoal

Nem só as estruturas físicas precisam de investimento. "É necessário preparar a mão de obra adequadamente para essas grandes demandas, na questão de língua, no comportamento, no aspecto do desempenho profissional, e isso é um grande desafio", ressalta Sampaio.

Apesar das recentes denúncias de fraudes em contratos entre ONGs e o Ministério de Turismo para treinar pessoal, Sampaio defende que a participação pública é fundamental para que a mão de obra especializada seja treinada a tempo de receber os visitantes da Copa e dos Jogos Olímpicos. "Apesar dos escândalos, o modelo não está errado. Acho que o governo tem que continuar nesta linha. O que tem que ser feito é um aprimoramento dos mecanismos de controle desses convênios com iniciativas privadas, e talvez buscar melhores parceiros."

O governo estima que só os visitantes internacionais injetem 3,9 bilhões de reais durante a Mundial da Fifa. Para que se sintam acolhidos, a administração federal criou o programa Bem Receber na Copa, com o objetivo de capacitar, até 2013, 306 mil profissionais do turismo que atendam na linha de frente.

Depois que o circo passar

A movimentação do setor hoteleiro nacional como reflexo da Copa e das Olimpíadas não é excessiva, garante o presidente da FNHRBS. "É muito errado achar que o empresariado faz um investimento 'na empolgação'. Pelas experiências amargas anteriores no Brasil, o investidor individual não entra num investimento em que não haja possibilidade de retorno."

Sobre os investimentos anunciados, Sampaio afirma que eles podem ser classificados como vigorosos, contínuos, sustentáveis e condizentes com o crescimento normal da economia brasileira, "sem aventuras".

No entanto, para que a atratividade do Brasil se estenda para além dos dois grandes eventos esportivos, são necessárias novas estratégias. Com Estados Unidos e Europa ainda sob um impacto da crise financeira, e a longa distância que separa as cidades brasileiras dos asiáticos – que são os turistas com dinheiro para gastar –, é preciso olhar para os mercados mais próximos.

"Temos que trabalhar no periférico, no mercado sul-americano, com economias que têm vigor suficiente. Precisamos desonerar a captação de turistas estrangeiros e considerar o receptivo internacional como atividade exportadora", sugere Sampaio. Ou seja: diminuir os tributos sobre as diárias hoteleiras para aumentar a competitividade dos destinos brasileiros.

Ainda assim, a Alemanha é considerada um "país prioritário" para o Ministério do Turismo – é o quinto maior emissor de turistas para o Brasil. No ano passado, 226 mil visitantes alemães estiveram no país, e a Embratur, Instituto Brasileiro de Turismo, trabalha para que esse número cresça. Até 9 de setembro, uma delegação alemã de operadoras de turismo está no Brasil para conhecer novas atrações e contribuir para o aumento da comercialização de produtos turísticos brasileiros no exterior.

Autora: Nádia Pontes
Revisão: Roselaine Wandscheer