1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Imprensa

(sv)13 de agosto de 2007

Jornais alemães discutem significado dos documentos que revelam 'ordens para atirar' dadas a controladores de fronteira na ex-Alemanha Oriental.

https://p.dw.com/p/BU8C
Mortes da fronteira: ordens por escritoFoto: AP
Amor perverso
"O documento é, sem dúvida, uma descoberta importante para a geração da reunificação alemã. Ele abre os olhos para o os limites até onde um regime totalitário pode ir. A frase famosa e famigerada de Erick Mielke soa, agora, mais cínica ainda: Amo vocês todos, balbuciou ele no Parlamento. Um amor perverso. Em caso de dúvida, Mielke preferia ver seus cidadãos da Alemanha Oriental mortos nas zonas de fronteira do que vivos no Oeste livre. Mas também para os que nasceram depois, é um remédio eficaz saber que o Muro era fronteira assassina. Este remédio deveria provocar a imunidade contra qualquer conversa de bar nostálgica do tipo 'antigamente era tudo melhor'. Um sistema que entrega mulheres e crianças para serem fuziladas não pode legitimar seu direito de existência nem com segurança no emprego nem com garantias sociais".
(Leipziger Volkszeitung)

Ordens de cima
"A persistência com que os então líderes da Alemanha Oriental negaram a existência de um comando para matar na fronteira das duas Alemanhas lembra a discussão macabra questionando se Hitler teria dado, ele próprio, o comando para o extermínio dos judeus na Europa. Também este, como se sabe, nunca foi encontrado. Da mesma forma que, no regime nazista, a máquina assassina colocada em funcionamento pelo Estado não podia ser pensada sem ordens 'de cima', no 'dique antifascista' da Alemanha Oriental nada era feito sem comandos superiores."
(Frankfurter Allgemeine Zeitung)

Versões da história
"O que vale para as pesquisas sobre o regime nazista deve servir agora de diretriz para este segundo capítulo negro da história alemã: acima de tudo, é necessário esclarecer como a Alemanha Oriental conseguiu manter o regime por 28 anos. Para isso, a política da Alemanha unificada precisa, a longo prazo, entender o que acontecia nos departamentos da Stasi, mesmo para atenuar versões irresponsáveis da história que ameaçam se disseminar acerca da ditadura socialista, principalmente no Partido de Esquerda".
(General Anzeiger)

Decadência moral
"Há coisas – isso é uma antiga sabedoria – que são mais fáceis de fazer que de dizer. No entanto, mesmo que não se queira, no fim, aparecem provas ou alguém, que relata o ocorrido. O aparato da Stasi expressou em palavras, o que estava disposto a executar: atirar em mulheres e crianças. Esta é, ao lado das possíveis consequências jurídicas, uma informação importante sobre a Alemanha Oriental e sobre o alcance de sua decadência moral".
(Süddeutsche Zeitung)

Armas em punho
"Pesquisas no decorrer de vários anos levaram à conclusão de que, na legislação da Alemanha Oriental, não havia o registro de um comando para atirar. No entanto, atirava-se. Pessoas morriam porque simplesmente queriam deixar o país. Esta era a realidade, tenha havido um comando oficial ou não. Hoje, todos sabem como funcionava a cadeia de comandos. Antes de toda vistoria às beiras da cerca de arame farpado, os controladores eram forçados, por um comando diário, a evitar com todos os meios qualquer cruzamento de fronteira. Como os jovens empunhavam kalashnikovs, era óbvio que também queriam usá-las".
(Ostthüringer Zeitung)

Peso histórico
"Mesmo que antes tenha havido informações a respeito, esta é a primeira vez que a opinião pública em geral fica ciente de um comando de morte formulado por escrito. O que dá ao fato um peso histórico. Em todos os processos envolvendo o Muro após sua queda, nunca foi possível provar a existência de tal comando por parte dos altos funcionários no Estado dos trabalhadores e agricultores. A liderança da Alemanha Oriental era cuidadosa o suficiente para dar a instrução de um tiro para matar nas 'orientações de serviço para o uso de armas de fogo' não de forma direta, mas escondida. Não por pudor, mas calculando a reação da comunidade internacional, da qual a Alemanha Oriental tentava conseguir reconhecimento".
(Der Tagesspiegel)