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Elogios a Köhler

8 de maio de 2007

Presidente é elogiado por não ter concedido indulto ao ex-terrorista da RAF. Partido conservador da Baviera recebe fortes críticas pela sua tentativa de "chantagem".

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Köhler rejeitou pedido de indulto de ex-integrante da RAFFoto: AP

A imprensa alemã foi unânime, nesta terça-feira (08/05), nos elogios ao presidente Horst Köhler e nas críticas ao comportamento da União Social Cristã (CSU), o partido conservador que governa a Baviera.

Köhler não concedeu indulto ao ex-terrorista da Fração do Exército Vermelho (RAF) Christian Klar, condenado à prisão perpétua e que está há 24 anos na prisão. Klar havia encaminhado um pedido de indulto ao presidente.

Nos últimos dias, líderes da CSU deram declarações públicas, em tom de ameaça, nas quais ameaçaram boicotar uma eventual candidatura do presidente Köhler à reeleição em 2009 caso decidisse a favor do ex-terrorista. A eleição do presidente da Alemanha é indireta.

Essa tentativa de "chantagem", como escreveu o jornal Fränkische Tag, foi duramente criticada pela imprensa alemã. Leia a seguir algumas opiniões sobre o tema.

Thüringer Allgemeine (Erfurt): "Horst Köhler manteve-se coerente. Como não há palavra alguma de desculpas ou de arrependimento de Christian Klar conhecida, a recusa do seu pedido de perdão pelo presidente foi lógica. As recomendações públicas, principalmente as oriundas das fileiras da CSU, não foram necessárias para que isso acontecesse. Elas não influenciaram a decisão de Köhler, mas sim arranharam a credibilidade do partido. Advogados das teorias conspiratórias sobre a vingança do Estado opressor imperialista receberam um argumento de bandeja. Com tudo isso, o debate em torno da RAF deve estar encerrado. Sem levar a qualquer resultado."

Süddeutsche Zeitung (Munique): "A recusa de perdão obviamente não faz de um criminoso uma vítima. Mas a maneira como o debate em torno do perdão foi, ao final, conduzido pela CSU fez do presidente a sua vítima. A CSU produziu um acordo leviano de troca de favores: 'segundo mandato apenas com a recusa do perdão'. Essa insolência foi o mórbido ponto alto do debate em torno do perdão – e com isso mostrou-se uma triste miséria política da CSU."

Fränkische Tag (Bamberg): "A decisão do presidente mostra quão desnecessário, falso e indigno foi o fogo cerrado daqueles que eram contrários ao perdão. Um homem com um senso de responsabilidade menor do que o de Horst Köhler poderia se sentir tentado a decidir a favor do prisioneiro apenas para não sucumbir ao ódio da chantagem."

Frankfurter Allgemeine Zeitung (Frankfurt): "A decisão de Köhler não prejudica a lei e a ordem na República, mas serve a ela. Ela [a decisão] faz justiça à gravidade do crime de Klar. Aparentemente, mesmo numa conversa pessoal este não conseguiu dar ao presidente nenhum motivo para antepor o perdão ao direito. De uma forma ou de outra, o direito não é implacável na Alemanha. Klar, condenado cinco vezes à prisão perpétua mais 15 anos, será posto em liberdade condicional em um ano e meio caso seja legalmente constatado que ele não representa mais perigo. É assim que o Estado de Direito alemão trata até mesmo aqueles que o querem eliminar."

Der Spiegel (Hamburgo): "E o presidente tomou a sua decisão – e mais uma vez deixou todos estupefatos. Não é a primeira vez que este presidente diz ou decide algo que cria controvérsia. (...) A mensagem de Köhler: o presidente não é um robô que assina. O presidente tira suas próprias conclusões." (as)