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Imprensa europeia vê governo Dilma mais perto do fim

Luisa Frey30 de março de 2016

Jornais dão destaque à saída do PMDB da base aliada, afirmando que presidente está cada vez mais isolada, e o impeachment, cada vez mais próximo. Publicações falam em "fim da era do PT" e "tempos difíceis" para o Brasil.

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Dilma Rousseff
Foto: Reuters/U. Marcelino

A saída do PMDB da base aliada do governo Dilma Rousseff, anunciada nesta terça-feira (29/03), ganhou destaque na mídia europeia. O jornal francês Le Monde, por exemplo, dedicou um espaço nobre ao assunto na capa de sua edição impressa desta quarta-feira, com uma grande foto da presidente e o título: "Dilma Rousseff, um pouco mais perto da destituição."

"O Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), cujo destino estava ligado ao do PT, abandonou um governo quase moribundo, na esperança de salvar sua imagem e seu poder", escreveu a correspondente do Le Monde em Brasília, Claire Gatinois. "A partida do PMDB também significa apoio ao processo de impeachment."

A correspondente destaca que se Michel Temer vier a assumir a presidência no caso de um impeachment, enfrentará o desafio de "construir legitimidades, tranquilizar as classes populares sem assustar a classe média e a comunidade empresarial, defender programas sociais, garantindo simultaneamente um equilíbrio orçamentário". "Uma proeza", comenta.

O britânico The Guardian também afirma que, com a saída do partido de coalizão do governo, Dilma está mais próxima de um impeachment. "A partida do PMDB marca uma nova baixa em uma longa crise política", diz o jornal. "Nenhum dos potenciais substitutos de Rousseff têm as mãos limpas", afirma a publicação, destacando que membros do PT alegam que as acusações usadas como base para um impeachment foram forjadas por adversários que não aceitaram a derrota eleitoral.

"Pode ser o início do fim para a presidente brasileira", escreveu o portal alemão Tagesschau sobre o desembarque do PMDB. "O partido está participando de um golpe de Estado", diz a publicação, ressaltando que a sigla tem interesses particulares. "Porque se Rousseff realmente for derrubada após o processo de impeachment, o vice-presidente, Michel Temer, entra em cena. E, por acaso, ele é o presidente do PMDB. O Brasil está passando por momentos difíceis", aponta.

O espanhol El País chama de "paradoxal" o fato de o PMDB pedir que todos os seus ministros se demitam do governo e justamente Temer, presidente do partido, não se demitir de maneira nenhuma. Obviamente porque ele quer assumir a presidência, aponta o jornal.

O periódico afirma que em um mês tudo pode estar decidido. "O tempo joga contra Rousseff, que ou encontra novos aliados ou tem os dias contados [...] O governo teme uma debandada geral e, a cada minuto que passa, se vê mais impotente para barrar uma destituição parlamentar [impeachment]."

Governo insiste em "apoios avulsos" no PMDB

Assim como o El País, o italiano La Republica destaca o isolamento cada vez maior de Dilma. "A presidente está cada vez mais sozinha", diz o jornal. "O abandono do PMDB torna a posição de Dilma Rousseff muito mais fraca, também porque a decisão desta terça-feira poderia convencer outros partidos menores a sair do governo", como o PP e o PSD, exemplifica.

"Com o apoio popular a Dilma Rousseff em queda livre devido ao escândalo da Petrobras e a economia em recessão, teve início a fuga da maioria dos deputados, alguns dos quais também investigados, no que já se anuncia como o desastroso fim da era do PT", conclui o La Republica.