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Incerteza quanto ao futuro do Kosovo

(stl / lk)21 de janeiro de 2006

Lacuna no cenário político após morte de Ibrahim Rugova torna mais inseguro do que nunca o futuro da província sérvia.

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Soldados alemães também compõem tropa da Otan no KosovoFoto: dpa

A morte do presidente do Kosovo, neste sábado (21/01), ocorreu numa fase politicamente sensível. As negociações cujo início estava agendado para a próxima quarta-feira (25/01) em Viena deveriam esclarecer definitivamente o status daquela província que, segundo o direito internacional, continua pertencendo à Sérvia. De fato, porém, ela é administrada desde a guerra de 1999 pela Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

Líder inconteste, Ibrahim Rugova deveria ter dirigido as negociações, e muitos de seus compatriotas confiavam que ele seria capaz de levar o Kosovo finalmente à almejada indepedência.

Situação complicada

A situação no Kosovo é complexa. A Sérvia se recusa a renunciar à província. Independência é a meta da maioria dos albaneses, que perfazem 90% da população. Já a ONU e a Otan não se entusiasmam com a idéia de estabelecer nos Bálcãs mais um Estado pequeno, pobre e instável. Muitos dos albanese viam em Rugova a única pessoa capaz de encontrar um consenso nesse complicado jogo de forças adversas e de impô-lo a seus concidadãos.

Der vom Krebs gezeichnete ehemalige Präsident des Kosovos Ibrahim Rugova
Rugova, já enfermoFoto: AP

A enfermidade de Rugova dificultou os preparativos para a conferência. A delegação do Kosovo já não se reúne há mais de 40 dias. O cientista político kosovar Milazim Krasniqi analisa: "A ausência de Rugova vai criar um vácuo principalmente sob o ponto de vista psicológico, porque toda a confiança do eleitorado era depositada nele como pessoa".

Krasniqi supõe que a morte do presidente não prejudicará "consideravelmente" as negociações em Viena, que dependeriam sobretudo da vontade dos participantes internacionais de encontrar uma solução.

Lacuna difícil de preencher

Outros observadores são mais céticos. Não vêem um sucessor à altura e temem uma luta pelo poder. Entre os possíveis candidatos ao cargo, nenhum teria a autoridade de Rugova para se impor a todos, advertiram observadores em Pristina neste sábado (21/01).

Isso levou também o chefe da administração da ONU, Soeren Jessen-Petersen, a conclamar imediatamente os albano-kosovares à união num momento tão "decisivo" para a proviíncia como este. Os políticos e o povo precisariam demonstrar união, maturidade e sabedoria, advertiu Jessen-Petersen.

Os candidatos

Inúmeros políticos flertam com o cargo. Atribuem-se boas chances ao presidente do Parlamento, Nexhat Daci, que é membro do Partido de Rugova, a Liga Democrática do Kosovo. Mas ele não deixa de ser controvertido, por ser considerado autoritário, em contraste com o caráter do presidente morto.

O líder da oposição, Hashim Thaci, também sonha com o posto de presidente. Ele surgiu no palco político em 1998 como líder do Exército de Libertação do Kosovo e representa os albano-kosovares mais radicais. Na Sérvia, foi condenado à revelia a 23 anos de prisão por terrorismo. Thaci conta com o apoio de outros partidos e grupos radicais que, ao contrário de Rugova, vêem a luta armada como único caminho para a independência.

Ultimamente vem ascendendo o gigante da mídia Veton Surroi, fundador do partido Ora, que gosta de se apresentar como realista. Conclama seu povo a não ficar apenas sonhando com a independência, mas a se esforçar por reconstruir a economia.

Quarto pretendente é o primeiro-ministro Bajram Kosumi, eleito para o cargo em março de 2005.