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Putin: "Intervenção nos EUA é invenção de inimigos de Trump"

14 de dezembro de 2017

Presidente russo afirma que EUA prejudicam a si mesmos com alegações de conspiração entre Moscou e campanha de Trump. Líder do Kremlin anuncia candidatura independente, se distanciando de escândalos de corrupção.

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Putin durante entrevista coletiva anual, em Moscou
Putin durante entrevista coletiva anual, em MoscouFoto: picture-alliance/dpa/TASS/M. Metzel

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, ridicularizou nesta quinta-feira (14/12) – em sua tradicional coletiva de imprensa anual – as alegações de conspiração entre o Kremlin e a campanha do presidente dos EUA, Donald Trump, afirmando que estas foram "inventadas" pelos inimigos de Trump e prejudicam o sistema político dos EUA.

"Tudo foi inventando por pessoas que se opõem ao presidente Trump, para minar sua legitimidade", disse. "Estou pasmo quanto a isso. As pessoas que o fazem estão causando danos à situação política doméstica, incapacitando o presidente e demonstrando falta de respeito aos eleitores que votaram nele."

Leia também: O que está por trás da retórica de guerra de Putin?

Putin voltou a insistir que as acusações contra o ex-embaixador russo em Washington Serguei Kislyak, de ter interferido na campanha eleitoral por causa dos seus contatos com pessoas do entorno de Trump, não têm o menor cabimento.

"É uma prática mundial que diplomatas ou inclusive membros de governos se reúnam com todos os candidatos e suas equipes. O que viram de terrivelmente surpreendente nisso? E por que isso tem que se transformar numa mania de ver espiões?", questionou.

Elogios ao trabalho de Trump

O presidente russo também insistiu que emissora estatal RT e a agência de notícias Sputnik têm uma presença muito pequena no mercado midiático dos EUA, e acrescentou que a demanda dos EUA para que se registrem como agentes estrangeiros representa um ataque à liberdade de imprensa.

O Kremlin retrucou e solicitou que a Voice of America e a Radio Free Europe/Radio Liberty – ambas financiadas por Washington – também se registrassem como agentes estrangeiros.

Questionado sobre sua avaliação do trabalho de Trump à frente da Casa Branca, Putin disse que isso é uma coisa que seu eleitorado deve fazer, embora tenha acrescentado que vê "conquistas bastante importantes". Putin apontou que os mercados globais vêm demonstrando a confiança de investidores na política econômica de Trump.

O líder russo afirmou que Moscou se opõe à proposta nuclear de Pyongyang, mas alertou os EUA para não usarem força militar contra a Coreia do Norte, afirmando que as consequências seriam "catastróficas". 

Candidato independente

Putin também aproveitou a coletiva anual para anunciar que vai concorrer a um quarto mandato como candidato independente nas eleições de março de 2018. 

Como candidato independente, Putin mantém uma distância do partido controlado pelo Kremlin, Rússia Unida, do qual muitos membros foram perseguidos por acusações de corrupção. Ele garantiu que concorrência política é bem-vinda, mas insistiu que a oposição deveria oferecer um programa positivo.

"O povo está descontente com muitas coisas e tem razão para estar. Mas quando o povo começa a comparar e vê o que propõe a oposição, sobretudo a extraparlamentar, surgem grandes dúvidas", disse o presidente. "A Rússia deve ser um país que olha para o futuro, mais moderno, com um sistema político mais flexível e uma economia baseada em tecnologias de ponta."

Ao mesmo tempo, Putin zombou de seu principal crítico, Alexei Navalny, que foi impedido de concorrer à presidência por ter sido condenado judicialmente em casos que o opositor afirma terem motivação política. O presidente afirmou que pessoas como Navalny querem desestabilizar a Rússia – e que ele, Putin, promete não deixar isso acontecer.

Sem mencionar o nome de Navalny, o presidente comparou o ativista e oposicionista com o ex-presidente da Geórgia, que se tornou líder da oposição ucraniana, Mikhail Saakashvili, que desafiou o governo ucraniano com uma série de protestos anticorrupção. Putin afirmou que seu governo não deixará uma "pessoa como Saakashvili" mergulhar a Rússia numa instabilidade como que agora está destruindo a Ucrânia. 

Novamente, Putin negou que no leste da Ucrânia haja tropas russas posicionadas, ao mesmo tempo em que expressou estar convencido de que russos e ucranianos vão superar no futuro suas diferenças sobre a península da Crimeia – anexada por Moscou em 2014.

"No território do Donbass não há tropas russas. Embora seja verdade que lá foram criadas unidades militares com milicianos que são autossuficientes", afirmou o presidente da Rússia. Ele insistiu que o conflito só pode ser regulado com negociações diretas sem mediadores entre Kiev e as autoproclamadas repúblicas populares de Donetsk e Lugansk.  

Mais de 1.600 jornalistas nacionais e estrangeiros participaram da tradicional entrevista coletiva que Putin dá todos os anos nesta época e que é transmitida ao vivo pela televisão.

PV/efe/lusa/ap/afp

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