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Inventor admite pela primeira vez que matou jornalista sueca

9 de setembro de 2020

Peter Madsen, que cumpre prisão perpétua pelo assassinato de Kim Wall em 2017, já tinha confessado que esquartejou o corpo da repórter, mas insistia que morte foi acidental. Em novo documentário, ele admite o crime.

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Peter Madsen de macacão azul
O crime ocorreu em agosto de 2017, a bordo de um submarino projetado por Madsen (foto)Foto: Imago/Imago/M. Kenneth

O inventor dinamarquês Peter Madsen, que cumpre pena de prisão perpétua pelo assassinato da jornalista sueca Kim Wall em 2017, admitiu o crime pela primeira vez em uma série documental que estreou na Dinamarca nesta quarta-feira (09/09).

A confissão foi feita a um jornalista que gravou secretamente mais de 20 horas de conversas telefônicas com o presidiário. Mais tarde, Madsen deu permissão para que os diálogos fossem levados ao ar, informou a Discovery Networks, que produziu a série.

Em The secret recordings with Peter Madsen, o inventor responde "sim" à pergunta sobre se ele matou a repórter. "É minha culpa ela ter morrido. E é minha culpa porque eu cometi o crime. É tudo minha culpa", diz ele, de acordo com a transcrição divulgada pelos produtores.

Madsen já havia admitido que esquartejou o corpo de Wall e o jogou ao mar, mas sempre negou ter matado a repórter, insistindo que a morte foi um acidente.

À época do julgamento, as declarações de Madsen não convenceram o tribunal em Copenhague, que o condenou pelo esquartejamento e também pelo assassinato. Em abril de 2018, ele foi sentenciado à prisão perpétua pelos atos bárbaros.

Kim Wall
Kim Wall tinha 30 anos quando foi assassinadaFoto: picture-alliance/dpa/AP/Tom Wall

O crime ocorreu em agosto de 2017, a bordo de um submarino projetado por Madsen, um engenheiro autodidata famoso na Dinamarca por seus projetos de submarinos e foguetes.

A jornalista havia sido vista pela última vez em 10 de agosto daquele ano, quando embarcou no submarino caseiro UC3 Nautilus para entrevistar seu inventor. O dinamarquês foi detido no dia seguinte, ao voltar à costa sem a repórter.

O tronco de Wall foi achado no Mar Báltico duas semanas depois do crime, seguido de braços, pernas e cabeça, que estavam amarrados a pedaços de metal provavelmente para que afundassem no mar. Também foram encontradas a suposta serra usada para esquartejar o corpo e uma bolsa com a roupa que a vítima usava ao entrar na embarcação.

Ao longo da investigação, o inventor mudou várias vezes sua versão sobre a morte: primeiro alegou que a sueca havia batido a cabeça na escotilha, e mais tarde afirmou que ela teria sofrido uma intoxicação por monóxido de carbono.

Um relatório da autópsia apresentado durante o julgamento afirmava que Wall provavelmente morreu sufocada ou teve sua garganta cortada. Mas o estado de decomposição do corpo tornou impossível determinar a causa exata da morte, dizia o relatório.

Em setembro de 2018, Madsen perdeu um recurso contra sua condenação à prisão perpétua. Os juízes ratificaram a decisão anterior, afirmando que o caso era de uma "brutalidade incomum".

Kim Wall tinha 30 anos quando foi assassinada. A jornalista era uma profissional premiada que viajou o mundo para escrever suas reportagens, tendo feito apurações em países como Uganda, Cuba, Ilhas Marshall, Quênia e Estados Unidos.

EK/ots/dw