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Irã anuncia fim do embargo de armas da ONU

18 de outubro de 2020

País saúda como "dia histórico" suspensão das restrições à compra e venda de armas por iranianos. Sob termos do acordo nuclear, embargo expiraria em 18 de outubro. EUA ameaçam punir quem negociar com o Irã.

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Militares iranianos
Foto: picture-alliance/dpa/A. Taherkenareh

O Irã afirmou que um embargo de armas de longa data da ONU expirou neste domingo (18/10), tornando o país livre para comprar e vender equipamentos pesados, como tanques e caças.

"A partir de hoje, todas as restrições às transferências de armas, atividades relacionadas e serviços financeiros de e para a República Islâmica do Irã foram automaticamente suspensas", diz um comunicado do Ministério do Exterior iraniano.

O país poderá, portanto, "adquirir armas e equipamentos necessários de qualquer fonte, sem qualquer restrição legal, e com base nas suas necessidades de defesa", continua o texto, dizendo ainda que o Irã poderá agora também exportar armas "com base em suas próprias políticas".

O ministro do Exterior iraniano, Mohammad Javad Zarif, comemorou este domingo como "um dia histórico para a comunidade internacional". "A normalização, hoje, da cooperação de defesa do Irã com o mundo é uma vitória para a causa do multilateralismo e da paz e segurança em nossa região", escreveu o ministro no Twitter.

O Conselho de Segurança da ONU impôs um embargo de armas ao Irã em 2007. As restrições, que proibiram a compra e a venda de armas e equipamentos militares pesados ao país, estavam programadas para expirar neste 18 de outubro, segundo as condições acertadas no acordo internacional sobre o programa nuclear iraniano, firmado em 2015 entre Teerã e potências mundiais.

O objetivo do pacto, assinado por Irã, Rússia, China, Alemanha, Reino Unido, França e Estados Unidos, era impedir a República Islâmica de desenvolver seu programa nuclear, em troca do alívio de sanções econômicas internacionais ao país.

Contudo, o governo do presidente Donald Trump nos Estados Unidos acabou por elevar as tensões entre Washington e Teerã. Em 2018, os EUA se retiraram unilateralmente do acordo nuclear.

Em agosto deste ano, o Conselho de Segurança da ONU rejeitou um pedido do governo americano para prorrogar por tempo indeterminado o embargo de armas ao Irã, alegando que os Estados Unidos não tinham o direito de usar esse mecanismo, já que abandonaram o pacto há dois anos.

Após a decisão tomada pela maioria dos países com assento no Conselho, Washington reinstaurou unilateralmente as sanções que haviam sido suspensas sob o pacto internacional.

Neste domingo, o ministro do Exterior iraniano criticou o governo americano ao afirmar que a comunidade internacional "desafiou os esforços malignos dos EUA" para proteger a resolução do Conselho de Segurança e o acordo nuclear.

Em resposta ao fim do embargo, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, declarou que a venda de armas ao Irã violaria as resoluções das Nações Unidas e ameaçou impor sanções.

"Os Estados Unidos estão preparados para usar suas autoridades nacionais para punir qualquer indivíduo ou entidade que contribua materialmente para o fornecimento, venda ou transferência de armas convencionais de ou para o Irã", disse Pompeo em comunicado.

"Toda nação que busca paz e estabilidade no Oriente Médio e apoia a luta contra o terrorismo deve se abster de qualquer transação de armas com o Irã", completou.

EK/afp/ap/lusa