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Irã comunica que vai enriquecer urânio a 20%

2 de janeiro de 2021

Nível anunciando é bem acima do previsto no Acordo Nuclear de 2015. Decisão ocorre em represália ao assassinato de cientista nuclear do regime iraniano.

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Iran Atomkraftwerk Buschehr
Usina nuclear de Buschehr, no sudoeste do IrãFoto: picture-alliance/dpa/EPA/A. Taherkenareh

O Irã comunicou à Organização Internacional de Energia Atômica (OIEA) sua vontade de produzir urânio enriquecido a 20%, um nível muito superior ao estabelecido pelo Acordo Nuclear de 2015, informou nesta sexta-feira (01/01) a agência da ONU.

"O Irã comunicou à organização sua intenção de enriquecer urânio a níveis que podem superar 20% na usina de Fordo, segundo uma lei aprovada recentemente pelo Parlamento iraniano", indicou um porta-voz da OIEA. Com data de 31 de dezembro, a carta de Teerã não informa quando essa atividade terá início.

O embaixador russo na OIEA, Mikhail Ulianov, citou pouco antes essa informação em um tuíte, em que ainda mencionou um relatório transmitido pelo diretor geral da organização, Rafael Grossi, ao Conselho de Governadores. "É uma forma de pressão suplementar", explicou um diplomata que trabalha em Viena, após meses de descumprimento do acordo nuclear pelo Irã.

Segundo o último relatório da agência da ONU, divulgado em novembro, Teerã vem enriquecendo urânio a níveis de pureza superiores ao determinado pelo acordo de Viena (3,67%), mas nunca superou a marca de 4,5% e ainda aceitava as inspeções estritas da OIEA. A situação mudou após o assassinato do físico nuclear iraniano Mohsen Fakhrizadeh no fim de novembro.

Após o ataque, atribuído a Israel, a ala mais dura do regime iraniano prometeu uma resposta e o Parlamento aprovou uma nova lei que autoriza a produção anual de "ao menos 120 kg de urânio enriquecido a 20%" e "acaba" com as inspeções da OIEA, cujo objetivo é comprovar que o país não está desenvolvendo uma bomba atômica. O governo iraniano se opôs a essa lei.

Fakhrizadeh liderou o chamado programa Amad, ou Esperança. Israel e o Ocidente alegaram que essa operação militar tinha como objetivo saber a viabilidade da construção de armas nucleares, mas Teerã sempre alegou que o programa era pacífico. Segundo a Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea), o programa terminou no início dos anos 2000.

O Irã e o G5+1 (França, Reino Unido, Alemanha, China, Rússia e Estados Unidos) chegaram em 2015 a um acordo histórico, no qual Teerã se comprometia a limitar seu programa nuclear, impedindo-se de desenvolver uma bomba atômica em curto prazo, em troca de facilidades econômicas e comerciais.

Mas, em maio de 2018, o presidente Donald Trump ordenou a saída dos EUA do acordo nuclear e voltou a impor sobre a economia iraniana todas as sanções que tinham sido suspensas após o pacto, incluídas as sobre o setor petrolífero.

Teerã concordou em permanecer no acordo com a condição de que os outros signatários apoiassem seu desejo de ter acesso aos mercados internacionais. O governo do país asiático, no entanto, começou a reduzir seus compromissos depois de um ano, ao constatar que não compensava seguir no acordo por causa da pressão americana.

JPS/afp/ots