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Irã confirma que avião ucraniano foi alvo de dois mísseis

21 de janeiro de 2020

Relatório preliminar, porém, não afirma que queda foi causada pelos mísseis e diz que "impacto deles para o acidente" ainda está sendo investigado. Teerã parece relutante em permitir análise de caixas-pretas no exterior.

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Destroços de avião ucraniano que caiu em 8 de janeiro após decolar do aeroporto de Teerã
Avião ucraniano caiu em 8 de janeiro após decolar do aeroporto de TeerãFoto: Reuters

A Organização da Aviação Civil Iraniana confirmou nesta terça-feira (21/01) que dois mísseis foram disparados contra o avião ucraniano que caiu no início do mês após decolar do aeroporto de Teerã, matando as 176 pessoas que estavam a bordo.

De acordo com um relatório preliminar da investigação, dois mísseis Tor-M1, projéteis terra-ar de curto alcance originalmente desenvolvidos pela União Soviética, foram lançados contra o Boeing 737 da Ukraine International Airlines. O documento afirma, porém, que estão sendo analisados o impacto deles "no acidente", sem afirmar que a queda foi causada pelo armamento.

Inicialmente, Teerã havia se recusado a assumir a culpa pelo incidente que ocorreu em 8 de janeiro. Mas, em meio à pressão internacional e a divulgação de vídeos, o governo admitiu que o avião foi abatido acidentalmente durante o lançamento de mísseis contra bases dos Estados Unidos no Iraque em retaliação à morte do general iraniano Qassim Soleimani.

A possibilidade de que houvesse dois mísseis envolvidos no incidente e não apenas um já havia sido antecipada pelo jornal americano The New York Times, que publicou um vídeo que supostamente mostra dois projéteis sendo disparados. Imagens divulgadas pela agência de notícias AP também mostraram um primeiro míssil explodindo próximo ao avião e um segundo disparado. Segundos depois aparece uma bola de fogo caindo do céu.

O relatório Organização da Aviação Civil do Irã diz que o fogo da explosão aparentemente não atingiu a cabine, citando as condições dos destroços da aeronave recolhidos no local do incidente.

A análise das caixas-pretas é essencial para esclarecer todas as causas do ocorrido, mas o Irã está relutante em entregar os dispositivos e quer extrair os dados, enquanto a Ucrânia, a França e o Canadá pediram que lhes fossem enviados.

No relatório, a Organização da Aviação Civil do Irã reconheceu que não há capacidade para analisar as caixas-pretas no país e, portanto, pediu a outras nações que enviassem o equipamento necessário para realizar a restauração e extração de informação em um curto período de tempo.

O pedido foi feito aos organismos de investigação de acidentes na França e nos EUA, mas, de acordo com a nota, ainda não houve uma resposta positiva.

O relatório também diz que, com base nos passaportes usados para embarcar, havia no avião 146 iranianos, 11 ucranianos, incluindo os nove tripulantes, dez afegãos e quatro suecos. O Canadá afirma que 57 cidadãos de seu país estavam na aeronave.

O abate do avião gerou uma onda de protestos no Irã contra o governo e aumentou a pressão internacional sobre Teerã, após meses de tensões com os Estados Unidos que culminaram no assassinato do general iraniano Qassim Soleimani, no dia 3 de janeiro, e no bombardeio iraniano a bases americanas no Iraque em retaliação.

O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, negou que a população tenha se voltado contra seus líderes e afirmou que a expressiva comoção popular gerada pela morte de Soleimani demonstra o apoio do povo à República Islâmica.

CN/efe/ap/afp/dpa

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