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Itália declara quarentena em todo o território

9 de março de 2020

Governo impõe restrições ao deslocamento de todos os 60 milhões de cidadãos do país e proíbe aglomerações públicas para tentar conter coronavírus. Habitantes só poderão deixar área em que vivem com justificativa.

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Soldados inspecionam passageiros na estação ferroviária de Milão, uma das cidades italianas mais afetadas pelo coronavírus
Soldados inspecionam passageiros na estação ferroviária de Milão, uma das cidades italianas mais afetadas pelo coronavírusFoto: picture-alliance/AP Photo/A. Calanni

Em um esforço para conter a epidemia do novo coronavírus no país, o governo da Itália anunciou na noite desta segunda-feira (09/03) uma série de medidas draconianas que incluem restringir o deslocamento de pessoas em todo o território nacional.

Todas as aglomerações públicas foram proibidas e o governo do primeiro-ministro Giuseppe Conte ainda pediu que os italianos tentem ficar em casa. As pessoas só poderão viajar para uma região diferente daquela em que vivem a trabalho ou em caso de emergência. Para poder se deslocar de uma cidade a outra, os italianos terão que apresentar um formulário que está disponível na internet.

O país ainda suspendeu competições esportivas, inclusive jogos do campeonato italiano de futebol, e determinou que todas as escolas e universidades do país fiquem fechadas até pelo menos 3 de abril.

As medidas atingem ainda cinemas, teatros, museus, casas noturnas e até mesmo eventos como casamentos e funerais. Bares e restaurantes em toda a Itália terão que fechar após as 18h.

O transporte público deve permanecer em operação.   O decreto também prevê que as pessoas fiquem a pelo menos um metro de distância das outras em mercados e restaurantes.

As medidas anunciadas hoje estendem a todo o território nacional um decreto já imposto no domingo com restrições similares ao norte do país – incluindo a região da Lombardia e mais 14 províncias. A quarentena nacional vai entrar em vigor na terça-feira, segundo o governo.

Antes da Itália, apenas a China havia colocado em prática um plano tão ambicioso para conter o vírus, impondo em janeiro uma quarentena na província chinesa em Hubei, onde fica a cidade de Wuhan, considerada o epicentro do surto de covid-19. Já a medida tomada hoje pela Itália vai além de qualquer medida executada pelos chineses, colocando efetivamente todo um país em quarentena.

A Itália é o país europeu mais atingido pela epidemia de covid-19 e a segunda nação a registrar mais mortes depois da China, onde a doença se originou. Nesta segunda-feira à noite, o último balanço divulgado pelo governo italiano apontava que pelo menos 9.000 pessoas contraíram a doença. O número de mortes já totaliza 463 – 97 foram registradas apenas nesta segunda-feira.

"Estamos tendo um crescimento importante na infecção e nas mortes", disse o premiê Conte.

"Todos devemos desistir de algo pelo bem da Itália. Temos que fazer isso agora, e só poderemos se colaborarmos e nos adaptarmos a essas medidas mais rigorosas "Foi por isso que decidi adotar medidas ainda mais fortes e severas para conter o avanço e proteger a saúde de todos os cidadãos”, completou, num anúncio transmitido em rede nacional nesta noite. "Fiquem em casa", disse Conte.

No sábado à noite, o anúncio da imposição de uma quarentena no norte do país já havia provocado casos no país. Informações sobre o plano vazaram um dia antes do anúncio oficial, levando milhares de pessoas a deixar a região antes da imposição de controles. No domingo, a região Norte ainda estava recebendo voos de outros locais da Europa e os trens ainda partiam normalmente.

Outras medidas geraram reacções violentas. Pelo menos seis detentos morreram em cadeias italianas após o anúncio da quarentena do norte. Prisioneiros protestaram em pelo menos 23 prisões em todo o país após serem informados de que as visitas estavam suspensas como parte do esforço para conter a doença. Em alguns casos, os presos chegaram a manter guardas como reféns.

Na prisão de San Vittore, em Milão, detentos atearam fogo em um bloco de celas e depois subiram no telhado. Num presídio na cidade de Foggia, no sul, cerca de 20 detentos conseguiram fugir durante o motim. A maior parte foi rapidamente recapturada.

JPS/ots

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