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Jim Yong Kim tem perfil "social" e experiência com ajuda a países pobres

17 de abril de 2012

Novo presidente do Banco Mundial é formado em medicina e antropologia e não é um especialista em assuntos financeiros. Para ele, ajuda ao desenvolvimento dada pelos países ricos é pequena e mal direcionada.

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Jim Yong Kim, norte-americano nascido na Coreia do SulFoto: picture-alliance/dpa

O americano Jim Yong Kim nasceu em Seul, capital da Coreia do Sul, em 1959. Quando ele tinha 5 anos, os pais, um dentista e uma doutora em filosofia, imigraram para os Estados Unidos. Kim é casado e tem dois filhos.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, causou surpresa há três semanas quando o anunciou como candidato à presidência do Banco Mundial. "É hora de um grande especialista em desenvolvimento dirigir uma grande organização para o desenvolvimento. Para essa missão não há ninguém mais qualificado do que o doutor Jim Kim", justificou Obama.

Kim, 52 anos, é doutor em medicina e antropologia. Ele é diretor da Faculdade Dartmouth, considerada de elite e localizada no estado norte-americano de New Hampshire. Kim não é um especialista do setor financeiro. Ainda assim, será o novo chefe do Banco Mundial e irá decidir sobre créditos e garantias milionários para países pobres.

Intruso no mundo das finanças

O sul-coreano rejeita a crítica de que ele, como médico, não teria conhecimento suficiente sobre outros temas ligados ao desenvolvimento. O crescimento econômico e a luta contra a pobreza são assuntos tão complexos que apenas uma disciplina não seria suficiente para estimular avanços, defende Kim. "O Banco Mundial tem muitos economistas extremamente experientes. Eu mal posso esperar para trabalhar com eles", comentou numa entrevista dada ao jornal The New York Times.

Quanto à cooperação para o desenvolvimento, Kim é ativo há décadas. "Eu tentei durante toda a minha vida resolver problemas sociais em todo o mundo", disse. Ainda como estudante de medicina em Harvard, ele fundou, em 1987, a organização Partners in Health (parceiros na saúde, em tradução literal) ao lado de colegas.

Atualmente, a iniciativa atua em 12 países e se dedica ao tratamento médico de pessoas sem recursos. O sul-coreano ajudou a desenvolver programas de tratamento contra tuberculose, doença que deixou de ser combatida em países pobres devido ao tratamento caro.

Tratamento médico para pobres

A proposta da Partners in Health é uma abordagem comunitária, com treinamento de mão de obra local e negociação por melhores condições para a compra de medicamentos. O sucesso da organização, primeiro no Haiti, em meados dos anos de 1990, e depois também no Peru, impressionou a Organização Mundial da Saúde (OMS), que adotou o modelo – nesse meio tempo, o programa funciona em 40 países.

Em 2003, Kim trocou seu posto de diretor executivo da Partners in Health por uma posição na OMS, onde foi responsável pelas atividades de combate à aids e ao HIV. Fazia parte de sua missão cumprir a meta ambiciosa de, até o final de 2005, oferecer medicamentos a três milhões de pacientes com aids.

O objetivo foi alcançado só em 2007, mas, segundo a OMS, o programa contribui significativamente para o avanço do tratamento da aids na África. Até hoje, foram atendidos 12 milhões de doentes.

De 1993 a 2009, Jim Yong Kim se dedicou novamente à ciência e se tornou professor de medicina, medicina social e direitos humanos na Universidade de Harvard. Em 2009, ele foi o primeiro norte-americano de origem asiática a ser nomeado presidente da Faculdade Darmouth, parte da renomada Universidade Ivy League.

Crítico dos países industrializados

A experiência de Kim no ramo da saúde pode ser o primeiro indício de como ele pretende conduzir o Banco Mundial. No passado, Kim criticou a ajuda ao desenvolvimento dos países industrializados, que, segundo ele, sempre foi muito pouca e mal direcionada. Durante um discurso no Senado norte-americano em 2002, ele exigiu que a contribuição norte-americana no combate à aids aumentasse "consideravelmente".

No entanto, Jim Yong Kim quis evitar, após sua nomeação, a ideia de que defende a ampliação dos gastos com ajuda ao desenvolvimento. "Crescimento econômico é importante para gerar recursos para investimentos na saúde, educação e bens públicos", disse o presidente designado do Banco Mundial durante uma visita feita a oito países após sua nomeação.

Autor: Andreas Becker (np)
Revisão: Roselaine Wandscheer