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Jornalista russa que exibiu cartaz contra a guerra é multada

28 de julho de 2022

Marina Ovsyannikova foi condenada a pagar 50 mil rublos por postagem sobre protesto perto do Kremlin, em que chamou Putin de "assassino". Em março, ela ficou conhecida por invadir jornal de TV e criticar invasão russa.

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Marina Ovsyannikova
Marina Ovsyannikova era editora de um canal de TV estatal russoFoto: Mikhail Japaridze/Tass/dpa/picture alliance

A jornalista russa Marina Ovsyannikova, que em março ficou conhecida ao exibir ao vivo na TV um cartaz contra a invasão da Ucrânia, foi condenada a pagar 50 mil rublos (o equivalente a R$ 4.194) por publicar nas redes sociais uma postagem criticando o exército russo. A informação foi divulgada pela agência de notícias estatal russa Ria Novosti. 

O tribunal de Moscou chegou ao veredito depois de uma curta audiência. "As evidências provam a culpa de Ovsyannikova", disse o juiz. A jornalista descreveu o processo como "absurdo". No tribunal, ela disse que não retiraria suas palavras. 

Recentemente, Ovsyannikova voltou a se manifestar contra a guerra na Ucrânia. Perto do Kremlin, ela exibiu um cartaz chamando o presidente russo, Vladimir Putin, de "assassino" e, depois, publicou fotos do protesto nas redes sociais.

Pelo ato, ela chegou a ser presa por "suspeita" de ter "difamado" o exército. Ela ficou algumas horas sob custódia e, depois, foi liberada.

Protesto ao vivo na TV

Ovsyannikova ficou conhecida em março, pouco depois do início da invasão russa da Ucrânia, que começou em 24 de fevereiro. Na época, ela trabalhava como editora do Canal 1, da Rússia, e invadiu o estúdio do principal noticiário noturno da emissora, segurando um cartaz com frases contra a guerra na Ucrânia, escritas em russo e em inglês. Foi possível ouvi-la dizer "parem a guerra, não à guerra!", enquanto a apresentadora continuava a ler as notícias no teleprompter.

O protesto ficou no ar por vários segundos, antes de os diretores se apressarem para rodar uma reportagem. O acontecimento foi visto como altamente incomum, já que na Rússia a mídia estatal é estritamente controlada.

Na ocasião, ela foi detida por 14 horas e, depois, libertada sob pagamento de uma multa.

Tela de TV mostra o protesto
Jornalista ficou mundialmente conhecida por protesto em marçoFoto: AFP/Getty Images

Censura cada vez maior

Sob o regime de Vladimir Putin, declarações como essa podem resultar em processos criminais. Em 4 de março, o Parlamento russo aprovou uma lei que torna ilegais ações públicas com o objetivo de "desacreditar" o Exército e espalhar o que o Kremlin considera como "notícias falsas" sobre a invasão russa na Ucrânia. Violações podem ser punidas com até 15 anos de prisão.

Desde o início do conflito na Ucrânia, sites de vários veículos de comunicação russos e estrangeiros foram bloqueados na Rússia, incluindo a DW. No final de março, o jornal independente russo Novaïa Gazeta anunciou a suspensão de suas publicações impressas e digitais, incluindo redes sociais, até o final da invasão russa da Ucrânia.

Nos meses seguintes ao protesto de março, Ovsyannikova passou um período no exterior, inclusive na Ucrânia, atuando comocorrespondente do jornal alemão Die Welt.

No início de julho, a jornalista informou que estava voltando à Rússia para resolver uma disputa sobre a custódia de seus filhos.

le (Reuters, DPA, AFP)