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Jovem britânica ganha direito de ter corpo congelado

18 de novembro de 2016

Vítima de tipo raro de câncer, adolescente de 14 anos pediu à Justiça o direito de ter o corpo preservado, na esperança de um dia ser curada e ressuscitada. Juiz classifica decisão de "inédita".

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Großbritannien Sheffield Crown Gericht
Foto: picture alliance/empics/D. Higgens

Uma decisão judicial inédita no Reino Unido deu a uma jovem de 14 anos, que morreu de um tipo raro de câncer, o direito de ter o corpo congelado. A informação foi divulgada pela Suprema Corte britânica nesta sexta-feira (18/11).

A adolescente, que não teve a identidade revelada, morreu em outubro. Antes disso, ela escreveu uma carta à Justiça explicando que queria se submeter à criônica – processo de congelar e preservar o corpo humano, na esperança de que no futuro sejam encontradas formas de curá-lo e ressuscitá-lo.

Os pais da menina são divorciados. Por isso, a jovem iniciou ação judicial para pedir que a mãe, que a apoiava, fosse a única pessoa autorizada a tomar decisões sobre o seu corpo após a morte. O juiz Peter Jackson decidiu, no mês passado, em favor do pedido da menina, depois de uma audiência privada, em Londres.

A partir da decisão judicial, o corpo da adolescente foi transportado para os Estados Unidos, onde foi congelado no Instituto Cryonics, especializado em criogenia. 

O instituto emitiu uma declaração dizendo que o corpo da jovem havia chegado às suas instalações "embalado em gelo seco, às 17h do dia 25 de outubro, aproximadamente oito dias após a morte", tornando-se seu 144º paciente.

A taxa mínima paga para criopreservação é de 28 mil dólares, de acordo com o site do instituto, e o jornal The Times revelou que o custo para a família da menina foi de 46 mil dólares.

O caso não foi relatado antes desta sexta-feira, respeitando os desejos da adolescente, que também pediu que ninguém envolvido fosse identificado.

O juiz disse que sua decisão foi tomada pensando no melhor resultado para a garota, e não da ciência em si, no que ele descreveu como uma decisão inédita. "Não é nenhuma surpresa que este processo seja o único deste tipo perante os tribunais neste país – e provavelmente em qualquer outro lugar", disse ele.

"É um exemplo das novas questões que a ciência coloca à lei – acima de tudo ao direito da família", acrescentou Jackson. O juiz elogiou a menina pelo "jeito corajoso" de abordar a situação.

Em sua carta ao juiz, o jovem de 14 anos escreveu: "Eu não quero ser enterrada. Eu quero viver e viver mais, e acho que no futuro eles podem encontrar uma cura para o meu câncer e me acordar. Quero ter essa chance, este é o meu desejo."

A posição do pai, que inicialmente era contra o desejo da filha, mudou durante o caso.

TMS/afp/ap