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Evasão de jovens

DW (md/av)9 de agosto de 2008

Em 2007, 160 mil alemães deixaram o país, à procura de chances no exterior: menos impostos e burocracia, melhores salários e condições de trabalho. Porém emigrar não é fácil. E muito menos voltar.

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O eterno sonho de uma vida melhorFoto: DAH

"Estou de saco cheio", desabafa Christian Vogt. O arquiteto de 37 anos tem trabalhado nos últimos seis anos numa boa firma de arquitetura, em regime integral. Entretanto, ele se sente explorado, reclama das más condições, pouco dinheiro e muitas horas extras. Para ele, a única saída é o aeroporto.

No fim do ano, Vogt planeja emigrar para a Austrália, um país onde nunca esteve. Porém sabe que lá há grande demanda por arquitetos: a profissão consta da lista do governo como uma das mais urgentemente necessitadas para preencher as lacunas do mercado de trabalho australiano.

Mercado desfalcado

Sydney im Smog
Sydney é uma das destinações preferidasFoto: AP

Muitos alemães formados estão fazendo o mesmo que Vogt. Segundo o Departamento de Estatísticas, mais de 160 mil pessoas emigraram em 2007, um nível que não foi mais atingido desde o ano de 1954.

A maioria delas é jovem e de boa formação. O êxodo ocorre justamente no momento em que os empregadores da Alemanha se queixam a altos brados da carência de mão-de-obra especializada.

O Ministério de Economia e Tecnologia recentemente interrogou os alemães sobre os motivos que os levam a abandonar o país. O principal são as melhores perspectivas profissionais e salários mais generosos no exterior. Alguns mencionaram os elevados impostos e a burocracia alemã. O desejo de aventura é também um fator relevante.

Deixando uma porta aberta

"Para algumas profissões, as possibilidades no estrangeiro são realmente muito boas", confirmou Manuel Wagner, da organização católica Raphaels Werk, filiada à Caritas e especializada no aconselhamento de pessoas interessadas em emigrar. "Os médicos, por exemplo, são procurados por toda parte."

Entretanto, ele sempre pergunta o que os candidatos esperam ganhar, ao dar o grande passo. "Vejo muita gente que tem problemas aqui e acredita que num outro país tudo irá automaticamente melhorar. Nesses casos, desaconselho a emigração."

Não importa quão positivas as perspectivas de trabalho no novo país: Wagner sempre sugere que se mantenha aberta a possibilidade de retornar à Alemanha. "Não se deve fechar todas as portas no país natal. Em terra estrangeira, muita coisa pode dar errado."

De São Paulo a Stuttgart

Goodbye Deutschland
Programa de TV 'Goodbye Deutschland' mostra a vida de emigrantes alemãesFoto: VOX/Carsten Gierke

Mesmo quando nada dá errado, a volta não é fácil. Martina Merklinger foi para São Paulo com uma bolsa, recebeu uma boa oferta de emprego e trabalhou quase quatro anos num importante instituto. Agora, a historiadora de arte de 39 anos se encontra no novo apartamento em Stuttgart, desempacotando caixas de mudança.

"Por mim, poderia ter ficado no Brasil muito mais", comenta. Ela tinha um cargo de responsabilidade, bem remunerado, adorava o modo de vida brasileiro e o clima quente. "Vim para a Alemanha por amor a meu namorado e futuro marido", revela.

Experiência válida

Apesar de feliz em retornar, e de sentir-se mais próxima do namorado, o reinício na carreira não tem sido fácil para Merklinger. "Não tenho a impressão de que minha formação, meu conhecimento de idiomas e minha experiência no exterior sejam bem-vindos na Alemanha."

Ela já se candidatou a mais de 30 empregos, porém sem sucesso. E o Departamento Federal de Trabalho não lhe parece particularmente interessado em ajudá-la. Assim, no momento ela se sustenta através das próprias economias e com a ajuda do namorado.

Porém não lamenta a temporada no Brasil. "Só posso aconselhar a todos que tenham essa experiência. Ao retornarem, terão aprendido algo que podem introduzir aqui na Alemanha."