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Juiz adia julgamento de ex-presidente egípcio após confusão no tribunal

CA/dpa/rtr/afp4 de novembro de 2013

Após várias interrupções, juiz no Cairo adiou o julgamento de Mohammed Morsi para o início do ano que vem. Presidente deposto em julho passado rejeitou autoridade da corte e disse ser o líder legítimo do país.

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Foto: picture-alliance/dpa

Após um turbulento início de processo e várias interrupções, um tribunal no Cairo adiou para 8 de janeiro de 2014 o julgamento contra o ex-presidente Mohammed Morsi, informou a agência de notícias Al-Arabiya nesta segunda-feira (04/11).

O juiz interrompeu a sessão após o alvoroço provocado por Morsi e pelos demais acusados no início do julgamento. De acordo com testemunhas presentes, Morsi insultou o tribunal e as forças de segurança. Afirmando ser o presidente legítimo de seu país, ele exclamou: "Eu sou o presidente da República!". "Este tribunal é ilegal", disse Morsi, bradando ainda: "Abaixo o domínio militar!"

Morsi acusa os militares de um "golpe de Estado", porque foi retirado do poder em 3 de julho passado. Desde então, ficou preso em local secreto.

O ex-presidente egípcio está sendo acusado de "incitação ao assassinato", por ter ordenado ações brutais contra manifestantes. Se for considerado culpado, ele poderá ser condenado à prisão perpétua ou até mesmo à morte, assim como os outros 14 réus, que respondem processo por instigação à violência.

Irmandade Muçulmana no banco dos réus

O processo na Academia de Polícia do Cairo trata da morte de ao menos sete manifestantes durante protestos contra Morsi, em dezembro de 2012.

O tribunal não reconhece o primeiro presidente egípcio eleito democraticamente. Morsi escolheu não ser representado por um advogado durante o processo. Segundo a TV estatal egípcia, durante o julgamento, houve confrontos entre apoiadores de Morsi e alguns observadores do processo.

Gerichtsprozess gegen Mursi Kairo 04.11.2013
Academia de Polícia cercada pela populaçãoFoto: picture-alliance/dpa

Governo marcado por confrontos

Morsi é oriundo da Irmandade Muçulmana. Ele se tornou presidente em junho de 2012, após sua organização tê-lo escolhido como substituto de última hora do candidato Khairat el-Shater, cuja candidatura foi indeferida pela comissão eleitoral por motivos formais.

Nascido em 1951, Morsi estudou nos Estados Unidos e pertence à ala conservadora da Irmandade Muçulmana. À frente da presidência egípcia, seu governo foi marcado por confrontos com os militares, com a Justiça e com jovens revolucionários que apoiaram a revolta contra o ex-ditador Hosni Mubarak.

Nos protestos que aconteceram durante o seu governo, Morsi reagiu de forma bastante violenta contra os manifestantes, colocando em jogo o apoio dos eleitores não-islâmicos que haviam votado nele na eleição contra o candidato do antigo regime Mubarak.

Morsi e sua Irmandade Muçulmana acabaram isolados. Apesar do grande apelo popular dos islamistas, as manifestações de massa contra Morsi terminaram por ser utilizadas pelos militares para justificar a prisão do ex-presidente, em julho deste ano.