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Juiz anulou extradição de mentor de ataque em Barcelona

24 de agosto de 2017

Justiça espanhola admite erro ao impedir deportação de imã marroquino em 2015. Especula-se que ele tenha morrido em explosão no esconderijo da célula terrorista.

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Prédio do Judiciário em Madri, Espanha
Prédio do Judiciário em MadriFoto: Getty Images/AFP/G. Bouys

A Justiça espanhola admitiu um erro grave em relação ao suposto líder de uma célula terrorista baseada na Catalunha. Um juiz espanhol anulou, em março de 2015, uma ordem de extradição do imã Abdelbaki E. S., considerado o mentor do recente atentado em Barcelona, que deixou 15 mortos, e de planos de outros ataques na região.

Na época de sua planejada deportação, o marroquino Abdelbaki E. S. havia cumprido uma pena de quatro anos de detenção por tráfico de drogas, segundo comunicaram autoridades espanholas na quarta-feira (23/08). Abdelbaki E. S. foi condenado em um julgamento realizado em 2012 em Ceuta, enclave espanhol no norte da África.

Leia mais: Terrorista diz que plano era ataque maior em Barcelona

Após o cumprimento da sentença, o governo de Castellón, uma província próxima da Catalunha, emitiu uma ordem de extradição do imã do país, mas ele recorreu. O magistrado competente usou uma jurisprudência europeia para permitir que ele permanecesse na Espanha.

Segundo a jurisprudência, para expulsar um estrangeiro que passou mais de um ano preso, seria necessário existir uma "ameaça real suficientemente grave para a ordem pública". O juiz determinou que o imã não representava tal ameaça e que ele estava buscando se integrar à sociedade espanhola.

Fontes do Tribunal Superior de Justiça da região de Valencia explicaram à agência espanhola de notícias Efe que na decisão judicial de Castellón não há nenhuma informação dos vínculos do imã com o terrorismo islâmico. O juiz, na decisão sobre anular a extradição de Abdelbaki E. S., levou em consideração que ele tinha um contrato de trabalho e um registro de mais de seis anos na Previdência Social.

Abdelbaki E. S. era imã em Ripoll, na província de Girona, e é considerado o mentor dos recentes ataques em Barcelona e Cambrils, a pouco mais de 100 quilômetros da capital catalã. O ataque em Cambrils ocorreu horas após o ataque em Barcelona e deixou uma mulher morta. Após os atentados, autoridades realizaram buscas pelo imã. Segundo as recentes descobertas dos investigadores, ele morreu na explosão numa casa em Alcanar, na província de Tarragona, onde o grupo preparou os ataques durante meses.

Na terça-feira, de acordo com a Justiça espanhola, dois dos suspeitos presos afirmaram numa audiência judicial que o imã estava por trás dos planos de ataque e que queria se explodir como homem-bomba. Na audiência, tornaram-se públicos detalhes importantes do planejamento do ataque. O suspeito Mohamed H. C. admitiu perante um juiz em Madri que o grupo planejou atentados com bombas de "proporções maiores" em pontos turísticos de Barcelona.

Na quarta-feira, a Catalunha anunciou precauções de segurança mais rigorosas, incluindo na famosa igreja Sagrada Família, em Barcelona. De acordo com documentos do tribunal de Madri, ficou claro que a célula terrorista inicialmente planejou um ataque com bomba na zona turística de Las Ramblas, alvo do ataque na semana passada.

No esconderijo em Alcanar, foram encontradas grandes quantidades de pregos, ao menos 500 litros de acetona e vários botijões de gás. A partir desses materiais é possível produzir o explosivo TATP (triacetone triperoxide, em inglês), usado com frequência pela milícia jihadista "Estado Islâmico" (EI).

Segundo as declarações dos suspeitos, o grupo estabeleceu um plano alternativo depois da explosão acidental – um ataque usando um veículo como arma. Eles então alugaram uma van, mas não conseguiram executar o ataque por se envolverem num acidente de trânsito. O atentado em Las Ramblas foi cometido somente com um segundo veículo alugado.

A Justiça espanhola emitiu mandados de prisão contra Mohamed H. C. e Driss O. Outros dois suspeitos foram soltos pela polícia, um na terça-feira e outro nesta quinta-feira (24/08). Ambos foram liberados sob restrições, devendo comparecer à corte semanalmente e sem permissão para deixar a Espanha.

As investigações também levaram a pistas na França, Suíça, Bélgica e Marrocos. Segundo a imprensa espanhola, foram efetuadas detenções em Marrocos no contexto dos ataques. As autoridades não quiseram confirmar.

PV/efe/afp/dpa