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Islamismo moderado

13 de setembro de 2011

Chefe do Conselho Nacional de Transição, Mustafa Abdel Jalil, afirma durante discurso em Trípoli que extremismos não serão tolerados. Anistia Internacional acusa forças pró-Kadafi e rebeldes de cometer crimes de guerra.

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Jalil realizou primeiro discurso público na capital líbiaFoto: dapd

Em seu primeiro discurso público, o líder interino da Líbia, Mustafa Abdel Jalil, disse na noite desta segunda-feira (12/09) que um "Islã moderado" será a principal fonte da legislação no país e rejeitou qualquer ideologia extremista.

Poucas horas depois, os rebeldes líbios foram acusados pela Anistia Internacional de terem cometido crimes de guerra, como espancamento e assassinato de soldados rendidos. A maioria das acusações da ONG, porém, se refere aos apoiadores do ditador Muammar Kadafi.

O chefe do Conselho Nacional de Transição (CNT) foi recebido como herói em Trípoli pelas cerca de dez mil pessoas que o aguardavam na Praça dos Mártires. Abdel Jalil chegou há dois dias à capital líbia, vindo de Bengasi. Na presença do líder interino, a população celebrou a queda, no mês passado, do regime comandado por Kadafi, que governou o país durante 42 anos com mão de ferro.

"Não iremos aceitar qualquer ideologia extremista, seja de esquerda ou de direita. Somos uma nação muçulmana, a favor de um islamismo moderado, e nos manteremos neste caminho", afirmou Abdel Jalil.

O discurso do novo chefe líbio aconteceu três dias depois de a secretária norte-americana de Estado, Hillary Clinton, ter anunciado que os Estados Unidos e a Turquia criarão um fórum para combater o terrorismo em países árabes recém-saídos de regimes autoritários. O objetivo é identificar possíveis "ameaças e pontos fracos" durante o período de transição política.

Nova mensagem de Kadafi

Abdel Jalil também pediu a seus apoiadores que não realizem represálias contra combatentes fiéis a Kadafi, ainda foragido. Desde a queda do ditador, apoiadores dele têm empreendido ataques contra as novas forças no país. Na segunda-feira, grupos pró-Kadafi mataram 15 guardas durante um ataque a uma refinaria de petróleo na cidade costeira de Ras Lanuf, no oeste do país.

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População saudou discurso na praça central de TrípoliFoto: dapd

Testemunhas do ataque à refinaria afirmaram que os assaltantes danificaram o portão da entrada do local, mas não teriam causado danos à planta em si – a qual não está totalmente em operação. Um trabalhador da refinaria alvejado no pé contou que homens armados em 14 ou 15 caminhões vieram da direção da cidade de Sirte, uma das que ainda mantém suporte a Kadafi.

O ataque aconteceu algumas horas depois de o CNT ter anunciado a retomada de parte da produção de petróleo no país, prejudicada desde março passado, quando os protestos anti-Kadafi transformaram-se em guerra civil.

Um canal de televisão da Síria afirmou nesta segunda-feira ter recebido uma nova mensagem do ditador deposto, o qual tem incitado seus seguidores a continuar combatendo os grupos que agora estão no comando na Líbia. Na mensagem, o antigo líder garante que ainda se encontra no país.

"Não podemos desistir de evitar a colonização da Líbia mais uma vez. Não há mais o que fazer, a não ser lutar até a vitória", afirmou Kadafi. A emissora divulgou que, por razões de segurança, não transmitiu a mensagem.

Crimes contra os Direitos Humanos

Segundo a Anistia Internacional, nos primeiros dias do levante contra as forças pró-Kadafi grupos de rebeldes mataram vários soldados capturados e pessoas suspeitas. "Alguns foram espancados até a morte, pelo menos três foram enforcados e outros mais foram mortos a tiros depois de terem sido capturados ou mesmo de terem se rendido", afirma a entidade.

"O CNT está diante da difícil tarefa de liderar combatentes e grupos de vigilantes responsáveis por sérios abusos contra os direitos humanos, incluindo possíveis crimes de guerra, mas tem se mostrado indisposto a chamá-los à responsabilidade", acusou a Anistia em relatório.

A entidade afirma, no entanto, que os crimes cometidos pelo atual governo de oposição estão em uma escala "menor" do que os praticados pelo antigo regime.

MS/afp/rts
Revisão: Alexandre Schossler