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Líderes europeus rejeitam apoio a missões militares francesas na África

Christoph Hasselbach/Carlos Albuquerque20 de dezembro de 2013

UE rejeita pedido de ajuda da França para cofinanciar missões militares na África. Além disso, Alemanha e outros países-membros dizem esperar mudança de comportamento.

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Foto: Lionel Bonaventure/AFP/Getty Images

O presidente da França, François Hollande, sofreu uma derrota no primeiro dia do encontro de cúpula da União Europeia (UE), nesta quinta-feira (19/12) em Bruxelas. Os líderes da UE rejeitaram a ajuda financeira pedida por Hollande para apoiar as missões militares francesas no continente africano.

Na reunião, os 28 países-membros da UE aprovaram somente uma avaliação das regras que preveem o financiamento conjunto de missões militares realizadas por um ou mais parceiros do bloco europeu.

"Não podemos financiar nenhuma missão em que não estivemos envolvidos no processo de decisão", declarou a chanceler federal alemã, Angela Merkel, no final do primeiro dia do encontro. Merkel declarou ainda que a Alemanha e outros países-membros da UE esperam, no futuro, uma mudança de comportamento da França.

Segundo Merkel, uma decisão do Conselho de Segurança das Nações Unidas não é suficiente para que um país-membro da UE empreenda uma missão militar. É necessário também que a missão seja coordenada e aprovada pelos parceiros da UE caso se almeje uma corresponsabilidade europeia. Merkel afirmou que já teria dito isso a Hollande, em encontro bilateral na quarta-feira em Paris.

Solidariedade europeia em estruturas europeias

No ano passado, Hollande mandou tropas francesas para o Mali e, recentemente, enviou 1.600 soldados para a República Centro-Africana, com o objetivo de reprimir revoltas e pacificar países que se localizam em tradicional zona de influência francesa na África Ocidental. A França está, portanto, agindo em interesse próprio. Mas, devido ao alto custo das missões militares, Hollande sugeriu um fundo europeu permanente para o financiamento de tais missões.

Französische Truppen patrouillieren in Zentralafrikanischer Republik 8.12.13
Tropas francesas em missão de pacificação da República Centro-AfricanaFoto: S.Kambou/AFP/GettyImages

O presidente francês, por sua vez, afirmou no primeiro dia de reuniões que a Polônia se dispôs a apoiar, com 50 técnicos da Força Aérea, a missão militar francesa na República Centro-Africana. Antes do encontro, Hollande havia dito que tanto a ONU quanto a União Europeia teriam apoiado a intervenção no Mali e na República Centro-Africana. "E ao financiamento deve seguir o apoio político", exigira Hollande.

O presidente, no entanto, parece ter se enganado. Além de Merkel, também o primeiro-ministro sueco, Fredrik Reinfeldt, afirmou que, "quando se pede a solidariedade europeia, então a tomada de decisão deve se encontrar dentro de estruturas europeias".

Cameron, Rasmussen e a Otan

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, afirmou que considera sensata uma cooperação militar entre os europeus. "Mas não é correto que a União Europeia possua tais capacidades – um Exército próprio, Força Aérea etc." Cameron não quer de maneira alguma estruturas paralelas à Otan.

Isso não somente seria um desperdício de dinheiro, argumenta, mas também poderia vir a enfraquecer a Otan. Nesse ponto, no entanto, Cameron contradisse ninguém menos que o próprio secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, que também foi convidado para as negociações em Bruxelas.

Rasmussen não disse ver nenhuma contradição entre um aumento da capacidade de defesa da Europa e uma Otan forte. "Se nós, europeus, não pudermos mais cuidar da nossa segurança, corremos o risco de que os EUA se afastem de nós."

NATO Generalsekretär Anders Fogh Rasmussen Pressekonferenz zu Syrien in Brüssel
Para Rasmussen, União Europeia e Otan se complementamFoto: Reuters

Para acalmar os ânimos de Cameron, defensor das relações com os EUA e com a Otan, Rasmussen acresceu que não se trata de criar um Exército europeu. As Forças Armadas continuam a pertencer aos diversos países.

Cooperação em tempos de crise

De qualquer forma, em tempos de "vacas magras", os chefes de Estado e governo aprovaram em Bruxelas uma cooperação europeia mais estreita na política de segurança e armamentos. Em 2014, a UE pretende aprovar ao menos uma estratégia de segurança marítima comum e pretende chegar a um acordo sobre um enquadramento legal para a defesa contra ataques cibernéticos.

Além disso, entre 2020 e 2025, os países-membros da UE pretendem desenvolver um drone europeu. Isso poderia ajudar a encontrar uma solução para o problema da partida e aterrissagem de aviões militares não tripulados em espaço aéreo civil, o que foi um dos motivos para o fracasso na Alemanha do desenvolvimento do drone Euro Hawk.