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Líderes mundiais felicitam Biden após posse

20 de janeiro de 2021

Presidente alemão afirma estar "aliviado" com a posse do democrata e adverte sobre os riscos do populismo. Governos de Reino Unido e Israel se dizem ansiosos para trabalhar com Biden. Bolsonaro usa tom amistoso em carta.

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Joe Biden toma posse como presidente dos Estados Unidos
Ao tomar posse nesta quarta-feira, Biden pediu união e prometeu restaurar relações dos EUA com aliadosFoto: Rob Carr/Getty Images

Momentos após Joe Biden prestar nesta quarta-feira (20/01) o juramento como 46º presidente dos Estados Unidos, vários líderes internacionais saudaram o novo chefe de Estado americano e a vice-presidente Kamala Harris.

A chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, parabenizou Biden e Harris e disse estar ansiosa por "um novo capítulo de amizade e cooperação" entre os dois países, segundo escreveu o porta-voz da chefe de governo, Steffen Seibert, no Twitter.

O presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, disse que "hoje é um bom dia para a democracia" e expressou "alívio". "Estou aliviado que Joe Biden tomou posse como presidente hoje e está entrando na Casa Branca. Sei que esse sentimento é compartilhado por muitas pessoas na Alemanha."

"Apesar de toda a alegria que temos hoje, não devemos esquecer que o populismo seduziu a democracia mais poderosa do mundo. Devemos nos opor resolutamente à polarização, proteger e fortalecer o espaço público de nossas democracias e moldar a política com base na razão e nos fatos", completou Steinmeier.

"Esperamos ter os EUA novamente ao nosso lado no futuro como um parceiro indispensável em muitas questões: na luta conjunta e solidária contra a pandemia de covid-19, na proteção climática global, em questões de segurança, incluindo controle de armas e desarmamento, e em muitos conflitos urgentes no mundo."

Já o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas, declarou: "Rituais como a posse de hoje mostram que as instituições democráticas nos EUA funcionam – apesar das dificuldades dos últimos dias e da polarização na sociedade americana." 

Em seu discurso nesta quarta-feira, Biden mencionou que pretende colocar os EUA novamente no caminho do multilateralismo, após quatro anos de política isolacionista promovida por seu antecessor, Donald Trump. "Vamos restaurar nossas alianças e nos reunir com o mundo novamente, não para enfrentar os desafios de ontem, mas os de hoje e de amanhã", disse o novo presidente.

Macron celebra volta ao Acordo de Paris

O presidente da França, Emmanuel Macron, também se manifestou. "Muitas felicidades neste dia tão significativo para o povo americano! Estamos juntos", afirmou, em mensagem a Biden e Kamala Harris.

Macron ainda saudou o plano já anunciado de Biden de retornar ao Acordo Climático de Paris, após Trump ter determinado a saída em 2017. "Estaremos mais fortes para enfrentar os desafios do nosso tempo. Mais fortes para construir nosso futuro. Mais fortes para proteger nosso planeta. Bem-vindo de volta ao Acordo de Paris!", escreveu no Twitter o presidente francês.

Um dos primeiros líderes a felicitar Biden foi o primeiro-ministro da Irlanda, Micheál Martin, que se referiu ao novo presidente dos EUA como um "verdadeiro amigo" do país, lembrando as raízes irlandesas do político democrata.

"Ao fazer o juramento, sei que o presidente Biden sentirá o peso da história, a presença dos seus ancestrais irlandeses que deixaram Mayo e Louth em tempos de fome em busca de vida e de esperança", disse Martin, afirmando ainda que pretende "aprofundar a cooperação" entre os dois países.

O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, também felicitou Biden e a vice-presidente Kamala Harris, declarando estar "ansioso para trabalhar" com o novo chefe de Estado americano.

"Parabéns a Joe Biden por ter tomado posse como presidente dos Estados Unidos e a Kamala Harris [a primeira mulher no cargo] pela sua posse histórica. A liderança americana é vital em questões que preocupam a todos, desde as mudanças climáticas até a covid-19, e estou ansioso para trabalhar com o presidente Biden", escreveu o britânico no Twitter.

Reação de Israel e Irã

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, também felicitou o novo presidente e aproveitou para tentar convencer o democrata a abraçar a política externa do governo israelense.

"Estou ansioso para trabalhar com vocês para fortalecer a aliança EUA-Israel, para continuar a expandir a paz entre Israel e o mundo árabe e para enfrentar os desafios mútuos, começando pela ameaça representada pelo Irã", afirmou o primeiro-ministro num vídeo publicado momentos depois de Biden assumir o cargo.

O Irã também reagiu à posse. Embora o país não tenha parabenizado o democrata, o governo fundamentalista de Teerã manifestou que espera que o governo americano volte ao acordo nuclear de 2015, que foi abandonado pelo agora ex-presidente Donald Trump.

"A bola está na quadra dos EUA agora. Se Washington voltar ao acordo nuclear de 2015 com o Irã, também respeitaremos totalmente nossos compromissos sob o pacto", afirmou o presidente iraniano, Hassan Rouhani, em uma reunião de gabinete transmitida pela televisão.

"Hoje, esperamos que a próxima administração dos EUA retorne ao Estado de direito e se comprometa e, se puder, nos próximos quatro anos, remova todas as manchas dos quatro anos anteriores", disse ele.

Também a Rússia declarou que espera trabalhar "de forma mais construtiva" com a nova administração americana liderada por Biden, especialmente na prorrogação do tratado de desarmamento nuclear New START, que expira em 5 de fevereiro. "Esperamos que a nova administração americana mostre uma posição mais construtiva no diálogo conosco", indicou a diplomacia russa num comunicado.

"Grande dia para a democracia"

O chefe de governo da Itália, Giuseppe Conte, também se juntou às felicitações a Joe Biden e Kamala Harris, afirmando que esta quarta-feira é "um grande dia para a democracia". Já o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, ofereceu apoio à nova administração americana.

O papa Francisco dirigiu igualmente algumas palavras ao novo presidente americano, encorajando Biden a promover a "reconciliação e a paz" nos Estados Unidos e entre as nações do mundo, com o objetivo de "promover o bem comum universal". Biden é o segundo presidente católico da história dos EUA.

Bolsonaro se manifesta após Maia e Alcolumbre publicarem felicitações

O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, publicou uma mensagem de felicitações horas depois de os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Davi Alcolumbre (DEM-AP), respectivamente, terem parabenizado Biden. Em uma carta de três páginas reproduzida no Twitter, Bolsonaro expôs sua "visão de um excelente futuro para a parceria Brasil-EUA".

Em tom moderado, em contraste com suas declarações anteriores hostis ao democrata, Bolsonaro listou uma série de pontos em que o Brasil e os EUA podem buscar cooperação. "É minha convicção que, juntos, temos todas as condições para seguir aprofundando nossos vínculos e agenda de trabalho, em favor da prosperidade e do bem-estar de nossas nações", diz a carta assinada por Bolsonaro.

"Ao desejar a Vossa Excelência pleno êxito no exercício de seu mandato, peço que aceite, Senhor Presidente, os votos de minha mais alta estima e consideração", finaliza o documento.

O tom do documento também contrasta com as atitudes de Bolsonaro nos últimos meses. Após o anúncio da vitória de Biden, em novembro, o brasileiro deixou claro que não ficou contente com o resultado e a consequente derrota do seu ídolo e aliado Donald Trump. Bolsonaro demorou mais de um mês para reconhecer a vitória de Biden e chegou a endossar as acusações infundadas de Trump de que o pleito havia sido fraudado.

O ministro das Relações Exteriores brasileiro, Ernesto Araújo, outro fã de Trump, também não escondeu sua insatisfação com a vitória democrata. Nos últimos dias, ele tem usado o Twitter para reclamar da exclusão do ex-presidente republicano de várias redes sociais.

Mais cedo, o vice-presidente, Hamilton Mourão, mencionou a posse, mas se limitou a falar de sua expectativa sobre as futuras relações entre EUA e Brasil. "A relação Brasil-EUA é uma relação que vem desde a nossa independência, é uma relação de Estado para Estado e, desta maneira, ela vai continuar. É um parceiro comercial importante, é um parceiro tecnológico importante. E sempre colocando que os Estados Unidos, o modelo democrático americano, é um farol para o mundo ocidental e, desta forma, ela vai prosseguir", afirmou o vice.

Os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Davi Alcolumbre (DEM-AP), respectivamente, haviam parabenizado Biden e a vice Kamala Harris de maneira mais direta, antes da manifestação de Bolsonaro. "Que as duas nações atuem em conjunto em favor do fortalecimento da democracia, do combate ao radicalismo e da proteção do meio ambiente", escreveu Maia no Twitter

 

"Que os nossos países possam manter abertos os canais do diálogo e do entendimento, sempre buscando o equilíbrio", escreveu Alcolumbre.

JPS/lusa/ots