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Le Pen cancela encontro com líder muçulmano após recusar véu

21 de fevereiro de 2017

Em visita ao Líbano, candidata francesa deixa escritório de Abdul Latif Derian, principal clérigo para os sunitas no país, após recusar vestimenta muçulmana. Ela é a favor de vetar véu em espaços públicos na França.

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Marine Le Pen fala ao microfone em Beirute, no Líbano
Le Pen se reuniu com os principais políticos do Líbano em BeiruteFoto: Reuters/A. Taher

A candidata populista de direita à presidência da França, Marine Le Pen, concluiu nesta terça-feira (21/02) uma visita polêmica ao Líbano, que incluiu o cancelamento de seu encontro com um líder muçulmano libanês depois de ela ter se recusado a cobrir o cabelo usando um véu islâmico.

Durante a visita de dois dias, Le Pen se reuniu com diversos líderes políticos, como o presidente Michel Aoun, o primeiro-ministro, Saad al-Hariri, e o ministro do Exterior, Gebran Bassil.

Uma reunião, no entanto, precisou ser desmarcada. Le Pen se encontraria com o xeique Abdul Latif Derian, grão-mufti do Líbano e principal clérigo para os muçulmanos sunitas, mas se negou a colocar o véu, oferecido por um funcionário do escritório de Derian antes do encontro, e deixou o lugar.

Uma nota emitida pelo gabinete do grão-mufti afirma que o líder religioso lamenta "o comportamento inapropriado" de Le Pe. Segundo o texto, ela havia sido informada sobre a necessidade de cobrir o cabelo para se reunir com Derian, "mas quando chegou ela se recusou a fazê-lo".

"A mais alta autoridade sunita do mundo não me fez essa exigência. Portanto, não tenho motivos para fazê-lo agora", afirmou Le Pen ao funcionário do escritório do xeique. "Vocês podem transmitir meu respeito ao grão-mufti, mas não vou me cobrir", concluiu ela, antes de se retirar.

A candidata francesa se referiu a um encontro em 2015, no Cairo, com o grão-mufti do Egito, Ahmed al-Tayyip, um dos mais importantes clérigos sunitas em todo o Oriente Médio.

Mais tarde, Le Pen explicou que, antes do encontro, chegou a comunicar ao gabinete de Derian que não usaria a vestimenta muçulmana, mas ninguém dissera que ela não deveria comparecer. "Eles não cancelaram a reunião, então eu pensei que aceitariam o fato de que eu não vestiria o véu", disse ela.

A política francesa não foi a primeira a tomar tal atitude. Mulheres como a chanceler federal alemã, Angela Merkel, a ex-secretária de Estado americana Hillary Clinton e as ex-primeiras-damas dos Estados Unidos Laura Bush e Michelle Obama também se negaram a usar o véu durante visitas diplomáticas à Arábia Saudita, onde todas as mulheres são obrigadas a trajar a vestimenta.

A França, por sua vez, restringe o uso do véu – que cobre o cabelo, mas deixa o rosto descoberto – em escolas e universidades. Le Pen, que é uma das favoritas à presidência, segundo pesquisas de intenção de voto, já declarou que deseja estender essa medida para todo o espaço público francês.

EK/efe/afp/ap/lusa