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Mãe de suposto terrorista diz que ele tem problemas mentais

Alaa Juma md
29 de setembro de 2016

Em entrevista à DW, mãe do refugiado sírio de 16 anos que foi detido em Colônia por suspeita de terrorismo diz que ele passou a ter comportamento estranho depois de frequentar mesquita, mas reitera que filho é inocente.

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Malika M.
Malika M. quer a libertação de seu filho, alegando falta de provas contra eleFoto: DW/A. Juma

A mãe do refugiado sírio de 16 anos que foi preso em Colônia, acusado de ter conexões com o "Estado islâmico" (EI), revelou detalhes da vida e da personalidade de seu filho em entrevista exclusiva à redação árabe da DW. Segundo a polícia de Colônia, o jovem refugiado sírio, chamado Mohammed, planejava detonar um explosivo.

As autoridades disseram que o refugiado tinha conexões com extremistas islâmicos, conforme indícios que teriam sido obtidos no celular dele. Segundo a promotoria pública, as informações indicam que ele estava em contato com alguém que vive no exterior, tem conexões com o EI, e que essa pessoa tentava persuadir o jovem sírio a se envolver em atividades militantes islâmicas.

A mãe de Mohammed, Malika M., disse que o filho sofre de vários problemas e distúrbios psicológicos e que ele não é responsável pelos seus atos. Ela disse, ainda, que o período de transição da Síria para a Alemanha foi difícil para a família, que enfrentou a guerra, seguida da superlotação num alojamento de refugiados.

Para Malika M., essas condições podem ter agravado o estado mental do filho. Ela enfatizou que o jovem pediu para ser encaminhado a um psiquiatra antes de ser detido e conseguiu marcar uma consulta a partir do abrigo de refugiados onde eles residem, mas que a detenção o impediu de ir ao especialista.

"Somos uma família de mente aberta"

Malika M. disse que Mohammed, seu filho do meio, é "um centrista moderado" e acrescentou que a família dela "é aberta e respeitosa em relação a todas as religiões". Ela disse que a guerra na Síria obrigou a família a fugir para uma sociedade mais segura, longe da repressão e da perseguição. Ela garantiu que o filho está contente por ter chegado à Alemanha e que não acha que ele teria a intenção de prejudicar o país que os acolheu.

De acordo com ela, as relações de seu filho com outras pessoas que vivem no alojamento de refugiados eram "boas". Ela disse nunca ter ouvido que seu filho tivesse opiniões extremistas. Malika M. disse ainda que a família sempre acompanhou o filho e não notou nenhuma alteração no seu comportamento, mas acrescentou que os problemas começaram quando ele passou a frequentar uma mesquita, onde passava longos períodos.

O jornal londrino Al-Sharq Al-Awsat escreveu, em sua edição de 24 de setembro, que Mohammed foi observado se comportando de forma estranha na "mesquita turca" frequentada por ele. O jovem não orava voltado para Meca. As autoridades foram avisadas de seu comportamento excêntrico e de que ele rezava no estilo do EI.

A mãe de Mohammed não negou esse detalhe, mas disse que se trata de uma evidência de doença mental e ressaltou que seu filho tem apenas 16 anos, ainda sendo menor de idade. "Nós dissemos que somos contra o EI, mas não sabíamos que orar sem estar voltado para Meca é um comportamento típico do EI. Então, as acusações de que isso seria um indício de ligação com o extremismo devem ser desconsideradas".

Segundo a mãe, o pai percebeu que Mohammed começou a fazer longas visitas a uma mesquita e tentou impedir o filho de ir ao lugar com muita regularidade. "Meu marido foi lá e tentou descobrir o motivo das longas visitas e com quem ele se encontrava", disse Malika M., acrescentando que Mohammed às vezes trazia presentes para casa e contava que os havia recebido na mesquita. Ela disse que o pai foi à mesquita e perguntou aos responsáveis quem havia dado os presentes ao filho e por que motivo. "Isso prova que a razão para o comportamento de Mohammed não está na nossa família", disse Malika M.

Acusado de planejar ataque

Ela disse esperar que seu filho seja libertado, especialmente porque "a polícia não descobriu nada que o incrimine". De acordo com ela, os policiais encontraram um pequeno botijão de gás, que eles usam para cozinhar, assim como uma pequena lanterna.

No entanto, Klaus-Stephan Becker, da polícia de Colônia, disse, durante uma entrevista em 21 de setembro, que Mohammed expressou num chat na internet "vontade inequívoca" de realizar um ataque. Becker explicou que o jovem conversou num chat com uma pessoa fora da Alemanha sobre "instruções muito específicas sobre como fazer pesquisa uma bomba".

O chefe de polícia de Colônia, Jürgen Mathies, salientou que não há provas de que o jovem tivesse o material necessário para a fabricação de um artefato explosivo, acrescentando que Mohammed não mencionou um alvo específico para um ataque.