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Mídia comenta

17 de janeiro de 2008

O líder mundial na fabricação de celulares provocou um debate sobre subsídios ao anunciar o fechamento de sua unidade na cidade alemã de Bochum, transferindo a produção para a Romênia. O assunto é tema da imprensa.

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Foto: picture-alliance/dpa
O jornal Tageszeitung, de Berlim, enfoca o protesto contra a transferência da produção da Nokia: "Deve a União Européia desistir de sua meta de equiparar as condições de vida em todos os seus países-membros? A conseqüência seria que os vencimentos e as condições de trabalho na Romênia continuariam péssimos. Isto seria fatal para o conjunto da União Européia − não apenas pelo aspecto moral, mas também do ponto de vista das perspectivas sociais. As empresas sempre são atraídas para onde se pagam os menores salários e os encargos sociais são especialmente baixos. Por isso também deve ser do interesse de sindicalistas e políticos alemães que o Leste Europeu se recupere o mais rapidamente possível, também através de programas europeus de fomento." O diário Trierische Volksfreund, de Trier, escreve o seguinte: "A lamentação coletiva, principalmente dos políticos da Renânia do Norte-Vestfália, é compreensível, mas ao mesmo tempo hipócrita. Afinal foram a própria União, o estado e os municípios que adoçaram a permanência da Nokia na Alemanha com cerca de 90 milhões de euros. Sem esta injeção financeira superdimensionada, a unidade em Bochum talvez já tivesse sido fechada há alguns anos. Diante das altas somas com que o fabricante finlandês de celulares foi paparicado nos últimos anos, para acabar optando pela transferência e pela demissão de 2.300 funcionários, muitos donos sérios de empresas de médio porte devem ficar de cabelos arrepiados." O Die Welt, também da capital alemã, opina de forma semelhante: "A situação torna-se especialmente abstrusa [...] com a qualificação de 'gafanhoto de subsídios' dada à Nokia por Jürgen Rüttgers, governador da Renânia do Norte-Vestfália, porque a empresa pretende se transferir para o Leste. Existem acordos que regulamentam esse tipo de apoio vinculado. O caso Nokia não se presta [...] para o questionamento do fomento às economias do Leste Europeu pela União Européia – apenas porque elas poderiam nos tomar postos de trabalho. O presidente da Comissão Européia, José Manuel Barroso, tem razão ao chamar a atenção para o fato de que justamente as empresas alemãs tiram proveito da ampliação da União Européia. Que, em contrapartida, isto custe empregos dentro do país, é obvio." O conceito utilizado por Rüttgers também é tema do Frankfurter Rundschau, publicado em Frankfurt: "O democrata-cristão tem razão: o que Nokia está exigindo dos funcionários, da depauperada cidade de Bochum e da região do Vale do Ruhr, é difícil de suportar. [...] Será a Nokia uma espécie de bando de capitalistas salteadores que peregrina pela Europa de país a país embolsando dinheiro e deixando devastação por onde passa? Isto não é tão simples assim. Pois, apesar das dúvidas levantadas, a Nokia parece ter respeitado as regras do jogo. E quem concede subsídios a um fabricante de celulares tem de saber o que está arriscando. Há muito tempo já está claro que a produção de celulares na Alemanha não pode ter futuro." (rw)