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Macron acusa Putin de imperialismo

21 de setembro de 2022

Em discurso na ONU, presidente francês diz que a guerra de agressão russa é um retorno aos tempos coloniais e alerta que aqueles que se dizem neutros estão sendo cúmplices.

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Emmanuel Macron
Macron disse que os referendos planejados nas áreas ocupadas pelos russos na Ucrânia são "sinal de cinismo" Foto: Ludovic Marin/Pool/AP/picture alliance

O presidente francês, Emmanuel Macron, vê um ressurgimento do imperialismo na guerra de agressão russa. "O que estamos experimentando desde 24 de fevereiro é um retorno aos dias do imperialismo e das colônias", disse nesta terça-feira (20/09) o chefe de Estado francês em discurso na Assembleia Geral da ONU em Nova York.

Macron afirmou que o imperialismo atual não é europeu nem ocidental. "Ele assume a forma de uma invasão territorial, baseada em uma guerra híbrida e globalizada, que usa o preço da energia, segurança alimentar, segurança nuclear, acesso à informação e movimentos populares como armas de divisão e destruição", disse, acrescentando que a guerra é um ataque à soberania de todos.

O presidente francês criticou países que se dizem neutros diante do conflito, dizendo que eles estão sendo cúmplices desse imperialismo. "Aqueles que hoje se calam servem, contra sua vontade ou secretamente, com uma certa cumplicidade, a um novo imperialismo, a um cinismo contemporâneo que perturba a nossa ordem internacional, sem a qual a paz não é possível."

Macron pediu uma ação resoluta para garantir que a Rússia dê um fim à guerra, dizendo que essa não é uma questão de escolher entre leste e oeste, norte ou sul. "Trata-se da responsabilidade de todos aqueles que estão vinculados pelo respeito à Carta e ao nosso bem mais valioso, a paz", frisou o chefe de Estado. Ele ressaltou que a coesão também é importante, porque as consequências da guerra ameaçam dividir o mundo. "Tudo deve ser feito para que essa divisão não aconteça. Os desafios são cada vez mais numerosos e urgentes e requerem novas cooperações."

"Referendos são sinal de cinismo"

Macron descreveu os referendos planejados nas áreas ocupadas pelos russos na Ucrânia como uma provocação adicional. "Não têm validade legal", disse Macron momentos antes de seu discurso na ONU. "A mera ideia de organizar referendos em áreas que viveram a guerra é um sinal de cinismo." 

As autoridades pró-Rússia nas regiões ucranianas de Lugansk, Donetsk, Kherson e Zaporíjia anunciaram referendos sobre a união dessas áreas com a Rússia. As votações devem começar nesta sexta-feira e durar até terça-feira da próxima semana. Em reação, a Ucrânia declarou que essa "ameaça" só pode ser evitada pela força. Com isso, existe a ameaça de uma grave escalada da guerra na Ucrânia.

Macron deixou claro que vê os tais referendos como uma imitação e paródia de um processo democrático. "Se não fosse trágico, poderíamos rir disso", ironizou.

md (AFP, DPA)