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Macron e Le Pen travam batalha em último debate

4 de maio de 2017

A três dias do segundo turno na França, duras acusações marcam debate televisivo, que costuma ser decisivo em campanhas eleitorais. Na avaliação de eleitores, candidato centrista se saiu melhor na disputa.

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Marine Le Pen e Emmanuel Macron no debate de 3 de maio de 2017
Debate entre Le Pen e Macron durou pouco mais de duas horasFoto: Getty Images/AFP/E. Feferberg

No último debate televisivo antes do segundo turno da eleição presidencial na França, o centrista Emmanuel Macron e a candidata da extrema direita, Marine Le Pen, travaram nesta quarta-feira (03/05) uma batalha em meio a duros ataques na tentativa de conquistar os eleitores indecisos.

Macron começou chamando Le Pen de mentirosa e acusou a rival de estar escondendo um projeto para aumentar os impostos e financiar suas ambições nacionalistas. A líder de extrema direita respondeu classificando o adversário de candidato das elites.

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"O senhor é o candidato das finanças, da 'uberização', da globalização selvagem", declarou Le Pen, que acusou ainda seu rival de ser "o candidato da continuidade" do mandato do atual presidente, o socialista François Hollande. A candidata fez questão de se referir ao rival como ministro, para ressaltar que Macron foi o titular da pasta de Economia entre 2014 e 2016, após ter sido assessor de Hollande.

Le Pen se apresentou como "a candidata do povo, de sua cultura, sua civilização, sua unidade, da nação que protege os cidadãos e as fronteiras frente à globalização e ao islamismo".

O candidato centrista se defendeu evidenciando a falta de desejo de sua rival para buscar um debate democrático. "A senhora é a autêntica herdeira de um sobrenome, de um partido e de um sistema que prospera no enfado dos franceses. Há 40 anos temos os Le Pen candidatos à eleição", destacou.

Macron ainda acusou Le Pen de não ter um programa para conduzir a França e de se sustentar em mentiras. "A senhora continue com seus insultos, eu acredito que a questão é saber se os franceses querem o espírito de derrota que a senhora encarna ou o da conquista que sempre deu triunfos aos franceses", disse.

Além de economia, o debate foi focado em outros três temas – terrorismo, educação e Europa – ao longo de pouco mais de duas horas, num formato em que dois jornalistas questionavam os candidatos.

Terrorismo e União Europeia

Ao ser questionada sobre suas propostas para combater o terrorismo, Le Pen acusou o rival de ser complacente com o fundamentalismo islâmico. "É necessário erradicar a ideologia fundamentalista, e você não fará isso porque está submetido a eles. Você tem relações com pessoas próximas às que cometem atentados", disse, ao ressaltar que Macron recebe o apoio de associações islâmicas, além da Arábia Saudita e do Catar.

Le Pen afirmou que essas associações islâmicas atacam homossexuais e judeus. Macron aproveitou essas palavras para responder à candidata da extrema direita. "Este debate já teve pelo menos um mérito formidável: escutar da sua boca palavras de compaixão em relação a homossexuais e judeus deste país", comentou.

Em resposta aos ataques, Macron afirmou que, se eleito, a luta contra o terrorismo será a prioridade nos próximos anos e que a comandará com firmeza dando mais recursos às forças de segurança. O candidato alegou ainda que a rival tenta provocar uma guerra civil no país.

"O maior desejo dos jihadistas é que Le Pen chegue ao poder na França, porque eles buscam a radicalização e a guerra civil para as quais você leva o país. A armadilha da guerra civil que preparam insultando a França e atacando o nosso país", declarou.

Sobre a Europa, a candidata de extrema direita prometeu um referendo para a "independência da França" e para o fim do euro. Le Pen acusou o adversário de ser um fantoche da chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel. "De qualquer forma, a França será dirigida por uma mulher, eu ou Merkel", destacou.

Em contrapartida, Macron considerou irreal o projeto de sua adversária, e "mortífero para o poder aquisitivo e a competitividade" da economia. O candidato propôs a adoção de reformas que fortaleçam a economia francesa e que permitam à UE proteger mais os cidadãos. "A França merece alguém melhor do que você", afirmou Macron a Le Pen no fim do debate.

Vitória de Macron

Um ritual da vida política francesa desde 1974, o debate televisivo antes do segundo turno é muitas vezes decisivo nas campanhas presidenciais, ao orientar os eleitores indecisos.

Em pesquisa divulgada após o final do debate, o candidato centrista foi considerado mais convincente do que sua rival por 63% dos entrevistados. Macron foi o candidato preferido de 95% dos que votaram nele no primeiro turno, enquanto Marine foi a vencedora do debate para 85% dos seus próprios eleitores.

Macron também foi considerado melhor por 58% dos quem votaram no conservador François Fillon, terceiro colocado no primeiro turno, e por 66% dos eleitores do candidato da extrema esquerda, Jean-Luc Mélenchon.

Os franceses voltam às urnas neste domingo (07/05) para escolher o novo presidente. No primeiro turno, Macron recebeu 23,86% dos votos, e Le Pen, 21,43%.

CN/efe/lusa/ap/afp