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Maioria dos brasileiros atrela atraso do país à desigualdade

8 de abril de 2019

Pesquisa indica pessimismo em relação à diminuição das diferenças entre ricos e pobres nos próximos anos. Maioria considera que governo tem obrigação de reduzir desigualdade e defende aumento de impostos para ricos.

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Crianças brincam em favela
Entrevistados listaram investimentos públicos em saúde e educação como prioridadesFoto: Getty Images/M.Tama

Para 86% dos brasileiros, o progresso do país depende de redução da desigualdade econômica entre pobres e ricos, apontou nesta segunda-feira (08/04) uma pesquisa da ONG Oxfam, realizada em parceira com o instituto Datafolha. Dos entrevistados, 57% se mostraram pessimistas em relação à diminuição dessas diferenças nos próximos anos.

A pesquisa sobre a percepção de desigualdade no país mostrou ainda que 84% dos brasileiros concordam que o governo tem a obrigação de diminuir as diferenças entre muito ricos e muito pobres, indicando uma baixa aprovação a um projeto de Estado mínimo.

A grande maioria dos entrevistados (94%) também afirmou que os impostos pagos devem beneficiar a população mais carente. E 77% defenderam o aumento de impostos para os mais ricos como meio de financiar políticas sociais, um aumento de seis pontos percentuais em relação ao levantamento realizado em 2017.

Os entrevistados indicaram ainda que o combate à corrupção e investimentos públicos em saúde e educação estão entre as principais prioridades para a redução das desigualdades.

Quanto a aspectos para "uma vida melhor daqui para frente", em primeiro lugar apareceu a fé religiosa (28%), seguida de estudar (21%) e ter acesso à saúde (19%).

Questionados sobre a universalidade do ensino público fundamental e médio e do atendimento em postos de saúde e hospitais, 75% apoiaram o primeiro, e 73%, o segundo.

Os entrevistados foram questionados também sobre a meritocracia: 58% disseram duvidar que o trabalho iguale as chances dos mais pobres, e 51% não acreditam que a educação equaliza as chances das crianças mais pobres de terem sucesso na vida.

O levantamento também abordou questões raciais e de gênero. A grande maioria (81%) dos entrevistados acredita que a cor da pele influencia a decisão de uma abordagem policial, e 71% concordam que a Justiça é mais dura para negros.

Para 72%, a cor da pele tem peso na contratação de funcionários em empresas. E 64% dos entrevistados acreditam que mulheres ganham menos do que homens somente por serem mulheres.

O presidente do Conselho da Oxfam Brasil, Oded Grajew, destacou que a pesquisa mostra que há no país a percepção de uma injustiça na destruição tributária e que o aumento de impostos para os mais ricos é uma forma de reduzir desigualdades.

Grajew ressaltou ainda um descompasso entre o que a população considera importante, a redução da desigualdade para o progresso, e as atuais políticas públicas.

"A única coisa que se fala na reforma da Previdência é reduzir o déficit público, mas não se fala da redução ou do aumento da desigualdade. Quando se fala de reforma fiscal e tributária, fala-se da simplificação, e não se fala da forma de se redistribuir a renda", exemplificou.

"Todos os países que melhoraram de vida, que têm qualidade de vida, todos eles, sem exceção, têm a redução da desigualdade como eixo central das políticas públicas", afirmou Grajew.

Para a pesquisa, foram entrevistados 2.086 pessoas em 130 municípios, entre 12 e 18 de fevereiro deste ano.

CN/abr/ots

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