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Mais de 600 detidos em protesto não autorizado em Moscou

3 de agosto de 2019

Ativistas seguem exigindo participação oposicionista em eleições legislativas, desta vez sem cartazes nem palavras de ordem, mas contra forte contingente policial. Justiça investiga fundação de líder Navalny.

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Policiais de capacetes prendem manifestante durante protesto em Moscou
Prisões de manifestantes foram em parte violentasFoto: Reuters/S. Zhumatov

Pelo menos 600 pessoas foram detidas neste sábado (03/08) em Moscou, durante uma manifestação não autorizada exigindo a inscrição dos candidatos da oposição nas eleições à Assembleia Legislativa da capital russa, em 9 de setembro.

De acordo com dados da organização não governamental russa OVD-Info, que oferece assistência jurídica aos presos em manifestações políticas, uma das primeiras detidas foi a líder oposicionista Lyubov Sobol, jurista do Fundo de Luta contra a Corrupção, a quem as autoridades eleitorais negaram a inscrição da candidatura. Ela está há 20 dias em greve de fome, reivindicando seu direito de concorrer às eleições.

Num vídeo publicado no Twitter , veem-se vários agentes de capacete rodearem o táxi de Sobol, um deles a arranca do veículo com violência. Em seguida, em meio a uma multidão de fotógrafos, colocam num furgão a ex-advogada da ONG Fundação Anticorrupção (FBK).

Dissidente russo Alexei Navalny em manifestação em Moscou
Adversário incansável do regime Putin apesar de processos e prisões, Alexei Nawalny se transformou no rosto da oposição no paísFoto: picture-alliance/dpa/TASS/V. Sharifulin

Paralelamente aos novos protestos em Moscou, a Justiça russa divulgou a abertura de um inquérito por lavagem de dinheiro contra a FBK, criada em 2011 pelo opositor do Kremlin Alexei Navalny. Colaboradores da ONG teriam recebido "de terceiros" quase 1 bilhão de rublos (13,8 milhões de euros), adquiridos "ilegalmente", que depositaram primeiro em contas bancárias, e depois na da fundação.

A FBK publicou diversas investigações sobre os patrimônios de representantes do governo russo, entre os quais o primeiro-ministro Dmitri Medvedev. Em seu website, ela solicita aos apoiadores doações para financiar seu trabalho investigativo.

O maior número de detenções deste sábado, em parte violentas, ocorreu nas praças Pushkin e Trubnaia. Depois que as autoridades negaram permissão para a manifestação, os organizadores convocaram uma passeata sem cartazes nem palavras de ordem pelo Anel dos Boulevards, que praticamente circunda o centro de Moscou.

Manifestantes caminham em direção de fila de policiais russos, de capacete e uniforme
Apesar de inferioridade numérica, ativistas enfrentam forças de segurança em MoscouFoto: Getty Images/AFP/V. Maximov

As autoridades moscovitas prepararam um grande dispositivo policial para impedir a manifestação oposicionista, com o emprego até de helicópteros. As forças de segurança posicionaram ao longo do Anel dos Boulevards barreiras metálicas e ônibus de transporte de presos, e a internet ficou fora do ar no centro da capital russa. A extensão das avenidas e o caráter disperso da manifestação dificultou a contagem dos que atenderam à convocação.

"Pedimos aos cidadãos que não obstruam a passagem. Esta ação é ilegal e a participação nela pode acarretar sanções", afirmavam as advertências policiais transmitidas por alto-falantes. Outro alerta, com voz feminina, lembrava aos cidadãos que os membros da Guarda Nacional, mobilizada pelas autoridades, "são seus filhos".

No sábado anterior, a polícia dispersara violentamente uma manifestação convocada pelo mesmo motivo. Num recorde desde 2012, segundo a OVD-Info, foram detidos cerca de 1.400 participantes, entre os quais quase todos os líderes que convocaram o protesto. Durante a semana, eles foram condenados a diversas penas de detenção administrativa.

AV/afp,efe,rtr,dpa,ots

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