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Marcha neonazista enfrenta protestos em Berlim

19 de agosto de 2017

Centenas de manifestantes se opuseram a ato extremista pelos 30 anos da morte de Rudolf Hess, vice de Hitler. Mais de mil ativistas conseguiram deter passeata, obrigando a uma mudança de rota. Polícia registrou prisões.

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Neonazistas se encaminham para manifestação, no bairro berlinense de Spandau
Extremistas foram proibidos de cantar músicas de conteúdo antissemita ou racistaFoto: picture-alliance/dpa/M. Gambarini

Várias centenas de manifestantes de grupos de esquerda se reuniram em Berlim para
protestar contra uma marcha de neonazistas para lembrar os 30 anos da morte de Rudolf Hess, que fora vice de Adolf Hitler até sua captura pelas forças britânicas em 1941.

Cerca de 700 neonazistas participaram da passeata, que começou nos arredores da estação ferroviária do bairro de Spandau, em meio a reforçado esquema de segurança, que contou com cerca de mil policiais, destacados para evitar confrontos entre os dois grupos.

Mais de mil antifascistas conseguiram parar a marcha neonazista, obrigando a polícia a determinar uma mudança da rota originalmente planejada,  sem que tenham ocorrido maiores tumultos, segundo um porta-voz da polícia. Houve, entretanto, confrontos isolados e foram realizadas algumas prisões.

Os radicais de direita pretendiam ir da estação até a Wilhelmstrasse, rua onde ficava a prisão para criminosos de guerra onde Hess esteve preso até seu suicídio, em 1987.

As autoridades alemãs autorizaram a marcha neonazista com base nas leis que garantem  liberdade de expressão e de reunião, mas impuseram uma longa série de restrições como não usar símbolos proibidos na Alemanha, como suásticas, uniformes nazistas ou entoar slogans nazistas. Os extremistas também foram proibidos de glorificar a pessoa de Hess por imagens ou palavras, e só foram autorizados a levar uma faixa ou cartaz para cada 50 manifestantes.

"30 anos Spandau livre de nazistas", diz cartaz de manifestante antifascista
"30 anos Spandau livre de nazistas", diz cartaz de manifestante antifascistaFoto: picture-alliance/dpa/M. Gambarini

Hess foi preso em 1941 depois de viajar de avião, sozinho, da Alemanha para a
Escócia com a intenção de negociar a paz com o Reino Unido durante a Segunda Guerra Mundial, que terminou em 1945 com capitulação incondicional da Alemanha nazista. Hess foi condenado à prisão perpétua nos julgamentos de Nurembergue, em que afirmou que não se arrependia de nada.

Ex-braço direito de Hitler e ex-vice-presidente do Partido Nazista, ele cometeu suicídio em uma prisão de Spandau em agosto de 1987, se enforcando com um fio elétrico aos 93 anos, sendo venerado até hoje pelos neonazistas como um mártir.

A prisão que hospedou Hess por 40 anos foi demolida por medo de que se tornasse um lugar de peregrinação para neonazistas. No local, foi erguido em um centro comercial.

As tentativas de políticos alemães de proibir a marcha em Spandau foram infrutíferas. "Eu gostaria de poder impor uma proibição, mas analisamos cuidadosamente (a situação jurídica) e constatamos que a ordem liberal e democrática infelizmente também vale para filhos da mãe", disse o secretário de Interior de Berlim, o social-democrata Andreas Geisel, em entrevista à estação de rádio pública alemã RBB.

MD/dpa/afp