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Blogosfera em alemão

11 de dezembro de 2009

Markus Beckedahl, empresário, blogueiro e ativista de liberdade digital, fala sobre despertar político da blogosfera em alemão e diz que, até pouco tempo atrás, Alemanha era "país em desenvolvimento" em termos de blogs.

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Markus BeckedahlFoto: Markus Beckedahl

Escrever um artigo, no ano de 2009, sobre a blogosfera alemã não é fácil. Estudos atuais científicos e confiáveis não existem. Dessa forma, muito depende da visão subjetiva do autor. Nem sequer a pergunta de quantos blogs existem na Alemanha foi respondida.

Mas quem pode definir exatamente o que é um blog? A página no Myspace ou a conta no Twitter valem como blogs? Levando-se em consideração os blogs tradicionais, estima-se que existem entre 200 mil e 500 mil blogs em regiões de língua alemã.

Em termos de blogs, a Alemanha ainda dava há alguns anos a impressão de que era um país em desenvolvimento em comparação com os vizinhos. Por exemplo, não existem na Alemanha tantos blogs quanto na França. E talvez o número de blogs alemães também já tenha sido maior.

Tendo como base o número de referências nos charts dos blogs alemães (Deutsche Blogcharts), que indica semanalmente os 100 blogs de língua alemã mais lincados, verifica-se que essa blogosfera atingiu um apogeu em 2007.

Desde então, a tendência é decrescente em termos numéricos. É bastante discutível se aquele foi o zênite do mundo do blog. Por um lado, é possível que tenha acontecido um deslocamento: o que antes ainda era uma comunidade blogueira quase homogênea com grandes e conhecidos pontos de interconexão funcionando como centros de comunicação, cada vez mais passa a haver uma fragmentação em esferas temáticas menores.

Outro argumento convincente é a complementação através de novas formas de comunicação como o Twitter e o Facebook. Enquanto, no passado, escrevia-se um post de blog para indicar links para um bom artigo em outro lugar, hoje isso se resolve dentro de poucos segundos com 140 caracteres no Twitter ou Facebook.

No conjunto, as mídias sociais constituem um cenário de comunicação cada vez mais interconectado, no qual muitos blogs, todavia, ainda exercem importante papel como pontos nodais.

Acrescente-se a isso o fato de a blogosfera em língua alemã ainda ter uma má reputação em setores da mídia tradicional. Esse nível de desenvolvimento já foi ultrapassado há muito por outras blogosferas. Em vez disso, entre nós, ainda vale muitas vezes a máxima de que, via de regra, blogs não seriam relevantes, pois as mídias tradicionais seriam superiores.

Nessa crítica, o que se esquece com frequência é o fato de a maioria dos blogueiros fazer uso de redes sociais e blogs simplesmente para comunicar-se com amigos e pessoas que partilham as mesmas ideias.

Muitas vezes, nas mídias tradicionais, ainda falta a coragem de observar o novo cenário da comunicação em rede como complemento de sua própria atividade diária e de trabalhar junto com leitores e blogueiros. Outro preconceito é o de que a blogosfera alemã seria apolítica e que os debates políticos continuariam acontecendo nos jornais.

Nosso cenário jornalístico ainda é bastante diversificado. No contexto da mudança midiática, isso certamente vai mudar nos próximos anos. Uma olhada na tabela dos Deutsche Blogcharts mostra que, atualmente, cerca de 20% dos blogs mais lincados podem ser classificados como blogs políticos.

Os blogs alemães vivenciaram seu despertar político o mais tardar no começo deste ano, quando o governo alemão instalou uma infraestrutura de censura online. Através de blogs e do Twitter, usuários de internet conclamaram pessoas a assinar uma petição online a ser submetida ao Bundestag, câmara baixa do Parlamento alemão.

O objetivo era alcançar o número necessário de 50 mil assinaturas, para que essa posição crítica fosse apreciada pelo Parlamento. Uma mobilização no contexto do sistema de petição nunca aconteceu de forma tão rápida. No final, mais de 134 mil assinaturas apoiaram a petição, que se tornou assim a mais bem sucedida na Alemanha.

O protesto foi organizado através de blogs e do Twitter. Convocaram-se vigílias de protesto, desmentiram-se declarações de políticos e assim foi se constituindo uma esfera pública de oposição.

Muitos blogueiros escreveram pela primeira vez sobre política ou pelo menos chamaram a atenção de seus leitores para a petição. Isso fez com que também muitos jornalistas ficassem cada vez mais críticos e informados, o que possibilitou, pelo menos na web, uma grande oposição contra a lei de censura da internet.

Nesse meio tempo, a comunidade blogueira alemã também descobriu muitos pontos de contato fora da internet. Na conferência re:publica [organizada pelo autor] 1,6 mil pessoas se encontraram em abril de 2009 para discutir sobre blogs, mídias sociais e sociedade digital. Quase todos os finais de semana, as pessoas se reúnem em Barcamps em algum lugar da Alemanha, a fim de debater determinados temas ou blogs de forma geral e mídias sociais.

Markus Beckedahl, empresário, blogueiro, ativista de liberdade digital e organizador do evento re:publica, é considerado um dos pioneiros alemães da comunicação política na internet. Além disso, ele é professor na Universidade de Mannheim. Seu blog netpolitik.org recebeu nos últimos anos diversos prêmios nacionais e internacionais.

Autor: Markus Beckedahl (ca)

Revisão: Simone Lopes