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Menos mortes e mais sequestros de jornalistas em 2017

19 de dezembro de 2017

Total de 65 profissionais da imprensa mortos é o menor em 14 anos, segundo relatório da ONG Repórteres Sem Fronteiras. Brasil registra uma morte, e Síria é líder em sequestros.

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Homem protesta contra mortes de jornalistas
Das 65 vítimas, a maioria morreu nos países de origem (58), enquanto sete foram mortas durante reportagens no exteriorFoto: UNESCO

No ano de 2017, 65 jornalistas e colabores de meios de comunicação foram mortos no mundo, divulgou a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) nesta terça-feira (19/12). O número representa um decréscimo de 18% em relação ao ano anterior (79 mortos) – 2017 foi o ano menos mortífero para a profissão em 14 anos.

Entre os 65 mortos, 50 eram jornalistas profissionais, sete eram jornalistas-cidadãos (blogueiros, por exemplo) e oito colaboradores de meios de comunicação (cameramen e técnicos, por exemplo). No total, 55 eram homens, e dez, mulheres. A grande maioria morreu em seus países de origem (58), enquanto sete foram mortos durante reportagens no exterior.

Vinte e seis jornalistas foram mortos durante o exercício de suas funções (mortos em campo, durante uma cobertura, sem que tenham sido visados intencionalmente), enquanto 39 foram assassinados ou deliberadamente visados devido às suas atividades investigativas.

Levando em conta somente o número que contabiliza as mortes de jornalistas profissionais, 2017 foi o ano menos mortífero desde 2003 – nestes 15 anos, 1035 jornalistas foram mortos mundo afora.

Síria e México: sinônimo de perigo

Protesto contra a morte do jornalista Javier Valdez Cárdenas, no México
Protesto contra a morte do jornalista Javier Valdez Cárdenas, no MéxicoFoto: Reuters/H. Romero

Síria e México são os países mais perigosos para exercer a atividade jornalística. Arrasada por um conflito civil, a Síria lidera a lista de país mais mortífero há seis anos – em 2017, 12 jornalistas foram mortos. Em campo, os repórteres ficam permanentemente expostos a tiroteios, mísseis, explosões ou atentados. O mesmo vale para Afeganistão (nove mortos) e Iraque (oito). Com quatro mortes, as Filipinas são o país mais mortífero da Ásia.

O México segue próximo da Síria, com 11 mortos – assim como no ano passado, o México é o país considerado em situação de paz mais perigoso do mundo para repórteres e, consequentemente, o mais mortífero da América Latina. Para efeito de comparação, o Brasil registrou apenas uma morte em 2017 – 21 assassinatos nos últimos cinco anos.

No geral, quase metade dos jornalistas (46%) morreu em países nos quais não rege um conflito um armado. Apesar de em comparação a estatística do número de jornalistas mulheres mortas em 2017 ser consideravelmente menor do que o de homens, o número dobrou em relação ao ano anterior – em 2016, foram cinco, e em 2017, dez jornalistas mortas.

Daphne Caruana Galizia
Assassinato de Daphne Caruana Galizia foi o quarto atentado contra jornalistas na UE nos últimos dez anos Foto: Reuters/D. Z. Lupi

O caso mais notório foi o da jornalista Daphne Caruana Galizia, morta em 16 de outubro num atentado em Malta. Por meio de seu blog, Galizia denunciava casos de corrupção, tráfico, propinas e lavagem de dinheiro em Malta, o menor país da União Europeia (EU). Ela publicou uma série de artigos sobre o envolvimento de pessoas próximas ao primeiro-ministro de Malta, Joseph Muscat, no caso dos chamados Panama Papers.

Segundo dados da RSF, o assassinato de Galizia foi o quarto atentado contra jornalistas dentro da União Europeia nos últimos dez anos – os outros foram o massacre de sete jornalistas do semanário francês Charlie Hebdo, em 2015, e os assassinatos de um repórter grego, em 2010, e outro croata, em 2008.

China e Turquia lideram detenções

Além disso, o relatório da Repórteres Sem Fronteira destacou que atualmente ao menos 326 jornalistas e colaborados de meios de comunicação estão detidos mundo afora – 310 homens e 16 mulheres. A China lidera a lista com 52 jornalistas presos, seguida por Turquia (43), Síria (24), Irã (23) e Vietnã (19). Na China, grande parte dos casos é relacionada a blogueiros.

Já a Turquia lidera a estatística de jornalistas profissionais detidos: 42, no total. Após a fracassada tentativa de golpe militar de 2016, jornalistas têm sido alvo de perseguições no país. Opiniões críticas em relação ao governo, uma colaboração com meios de comunicação considerados "suspeitos", contato com fontes sensíveis ou o uso de um aplicativo de mensagens criptografas são o suficiente, geralmente, para que os jornalistas sejam jogados na prisão sob acusação de "terrorismo". A grande maioria deles não foi nem mesmo condenada: a detenção provisória, supostamente uma medida de exceção, tende a se tornar permanente e sistemática na Turquia.

54 sequestrados – todos em zonas de guerra

Por fim, a Repórteres Sem Fronteiras divulgou que atualmente há 54 jornalistas e colaboradores de meios de comunicação reféns – dois a mais que em 2016. Todos estão em zonas de guerras, 96% deles no Oriente Médio. A exceção são dois jornalistas sequestrados na Ucrânia. Síria e Iraque lideram a lista com 29 e 11 reféns, respectivamente. Entre todos os 54 reféns, somente uma é mulher.

Sequestros são vistos como bons negócios por grupos armados e organizações terroristas. Segundo a RSF, os principais sequestradores são o "Estado Islâmico" (EI), com 22 reféns, e os rebeldes houthis (insurgentes iemenitas), com 11. Por fim, a RSF registrou dois jornalistas como desaparecidos – um no Paquistão, e outro no Bangladesh.

PV/dw/rsf/ots

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