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Mercado financeiro da Alemanha vive euforia, apesar da crise

7 de maio de 2013

Os alemães não confiam em bolsas de valores. Mesmo assim, os índices quebram seguidamente os recordes. Principais causas apontadas são atuais juros baixos e políticas frouxas dos bancos centrais.

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Foto: picture-alliance/dpa

Nesta terça-feira (07/05), o Dax, principal índice do mercado financeiro alemão, alcançou o nível mais alto em seus quase 25 anos de história. Pouco antes da hora do almoço em Frankfurt, o registro chegou a 8197,72 pontos, superando a marca histórica de 13 de julho de 2007, de 8.151,57 pontos. O DAX reflete o desempenho das 30 mais importantes empresas alemãs com ações em bolsa de valores.

O recorde de fechamento, de 8105,69 pontos, também de julho de 2007, havia sido batido já na sexta-feira passada, quando o Dax fechou a 8.122,29 pontos. No mesmo dia, os índices Dow Jones e S&P 500, de Nova York, também fecharam em níveis recordes.

A principal causa das altas são as políticas monetárias extremamente frouxas dos bancos centrais. O Banco do Japão (BoJ) havia aberto no início de abril suas torneiras de dinheiro, o norte-americano Fed sinalizou que ainda subsidiará por algum tempo a maior economia do mundo. E o Banco Central Europeu (BCE) não se cansa de reiterar que fará de tudo para salvar a zona do euro. Na terça-feira, o Banco Central australiano ainda baixou sua taxa básica de juros para um nível recorde.

Redução da taxa de juros

Em 2 de maio último, o BCE reduzira sua já extremamente baixa taxa básica de juros, de 0,75% para 0,5%. Esse primeiro corte em dez meses marcou um novo recorde histórico. Os juros que os bancos pagam para pegar empréstimos com o BCE nunca foram tão baixos na zona do euro. A medida, visando incentivar empresas a pegar empréstimos para novos investimentos, é vista como positiva, melhorando as perspectivas de lucros das empresas e, com isso, inflando, os índices do mercado financeiro.

Em outros mercados, as baixas taxas de juros também provocaram altas acentuadas. Em Tóquio, onde as bolsas estavam fechadas desde quarta-feira devido a feriados, o índice Nikkei subiu a 14.180 pontos, marca mais elevada desde julho de 2008. Em Londres, os investidores da bolsa também tiveram motivos para comemorar: o FTSE subiu modestamente, mas o suficiente para alcançar seu maior nível desde dezembro de 2007, com cerca de 6.550 pontos.

Alemães começam a arriscar

Os investidores alemães se preocupam cada vez mais com a perda da rentabilidade das cadernetas de poupança. Desde a crise financeira de 2008 e 2009, muitos investidores depositam seu dinheiro em contas remuneradas diariamente, embora as taxas de juros venham caindo. Ainda assim, a maioria deles considera os investimentos nas bolsas de valores como um esporte radical, excessivamente arriscado.

É verdade que o índice alemão Dax subiu quase 30% no ano passado, mas os alemães são muito desconfiados e pensam "será que um aumento de 30% não seria o primeiro sinal de uma bolha?". E o que acontecerá com os títulos do governo se a crise do euro se inflamar de novo?

Börse Frankfurt Dax Kurve
Curva do DAX nos últimos dias espanta até mesmo expertsFoto: Reuters

Muitos analistas atribuem uma explicação simples a essa atitude: quando os investidores têm que se decidir por um investimento e recebem informações demais, se sentem inseguros e acabam deixando seu dinheiro numa aplicação com rendimento diário, flexível, onde o dinheiro fica disponível para ser retirado a qualquer hora.

Segurança cara

Mas as baixas taxas de juros fazem com que essa estratégia saia caro a longo prazo. No final de setembro de 2012, cerca de 2 bilhões de euros estavam estacionados pelos alemães em aplicações flexíveis mas de baixo rendimento, como poupança e afins. Isso corresponde a 41% dos orçamentos domésticos na Alemanha. No final de 2002, essa proporção era de apenas pouco menos de 36%, apesar de as taxas de juros da poupança serem muito mais generosas, na época.

No passado, a taxa de juros possibilitava um ganho real nas aplicações como poupança, contas de remuneração diária ou títulos públicos, coisa difícil de ocorrer hoje em dia, devido ao nível extremamente baixo das taxas de juros.

Não é de se admirar que alguns prefiram fugir para o mercado de ações. Isso explicaria os índices em ascensão das bolsas na Alemanha, quebrando um recorde após o outro, embora essa não seja realmente a forma mais popular de investimento no país. A inundação de dinheiro promovida pelos bancos centrais leva cada vez mais investidores a optarem por comprar ações.

O norte-americano Fed e o BoJ promovem uma enxurrada de dinheiro no mercado, com suas compras de títulos. A redução da taxa básica de juros pelo BCE faz com que grandes seguradoras, bancos e investidores institucionais não tenham outra opção a não ser investir seu dinheiro em ações.

MD/dw/rtr/dpa