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"Merkel continua forte", afirma presidente do Bundestag

30 de outubro de 2018

Em entrevista à DW, Wolfgang Schäuble, um dos principais nomes do partido da chanceler federal alemã, diz que Merkel também é responsável pelos reveses nas urnas, mas rejeita que ela esteja fraca politicamente.

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Wolfgang Schäuble, presidente do Bundestag, o Parlamento alemão
Wolfgang Schäuble é presidente do Bundestag, o Parlamento alemãoFoto: DW/M. Martin

Ex-ministro do Interior e das Finanças, o atual presidente do Parlamento alemão, Wolfgang Schäuble, é um dos integrantes mais experientes e respeitados da União Democrata Cristã (CDU), partido da chanceler federal alemã, Angela Merkel.

Em entrevista à DW, o político de 76 anos reconheceu que a chefe de governo alemã não está mais no auge do sucesso e é corresponsável pelas perdas de seu partido na eleição regional de domingo (28/10) no estado de Hessen.

Porém, ele negou que Merkel esteja politicamente fraca. "Ela é a chefe de governo mais bem sucedida da Europa em mais de uma década", ressalta. "Isso é um sucesso enorme."

DW: Seria este o começo do fim de Merkel?

Wolfgang Schäuble: Isso depende de como você define fim. Ela disse esta manhã [segunda-feira], em reunião da liderança do partido, que na convenção ela não vai mais se candidatar a presidente do partido, mas vai terminar a sua gestão, como havia dito antes da última eleição, que ela cumpriria seu mandato, mas que em 2021, ou seja, nas próximas eleições gerais, não estará mais disponível como candidata a chanceler e não concorrerá mais ao Parlamento.

Mas quanto tempo ela pode ainda manter o cargo de chanceler nessas circunstâncias?

O período legislativo tem ainda três anos. Se isso será assim, teremos que ver. Mark Twain disse: fazer previsões é difícil, especialmente sobre o futuro. I don't know.

O que o senhor acha?

Acho que a posição de chanceler federal na nossa Constituição é muito forte, e isso é uma lição tirada do fracasso da República de Weimar. Sempre tivemos maiorias negativas, para derrubar alguém, mas não positivas. É por isso que a Constituição prevê que um chanceler que já foi escolhido só pode ser derrubado se a maioria dos membros do Bundestag escolher outra pessoa como chanceler. Isso não é muito realista. Seja como for, não há uma maioria nesse Parlamento contra Merkel e, portanto, está nas mãos dela. E ela está determinada, e eu acho que pode conseguir.

Como o senhor explica as grandes perdas em Hessen? Merkel também é responsável por elas?

É culpa dela também. Ela mesma disse isso, mas há vários motivos, várias ocorrências que se sobrepõem. O sistema ocidental de democracia – democracia parlamentar e representativa em toda a Europa, também nos Estados Unidos e no Reino Unido – está sob pressão. Nós temos mudanças significativas. Meu palpite é que a mudança nas tecnologias de comunicação é uma das principais razões. Isso não muda somente a mídia, mas as estruturas econômicas, a sociedade e política, e a isso se soma a globalização. Temos de lidar com isso, o que que não é tão fácil. O outro motivo é que qualquer sistema humano, depois de um longo tempo de sucesso, vem também uma inevitável fraqueza ou fadiga.

E o sucessor?

Bem, agora o partido vai eleger um novo líder para o partido. E quando a titular anuncia que não mais se candidatará, a especulação começa sobre quem a sucederá. Isso é democracia. A convenção do partido será em Hamburgo em dezembro e então saberemos quem será.

O quão fraca Merkel está agora como...?

Merkel não é fraca. Merkel é forte e tomou uma decisão confiante.

Mas ela está mais fraca do que era. Isso é claro.

Ela é a chefe de governo mais bem-sucedida da Europa em mais de uma década. Isso é um sucesso enorme. Mas ela não é mais necessariamente tão forte como talvez tenha sido no auge deste período de sucesso. Isso é óbvio, considerando os resultados das eleições. Mas em comparação com outros – e isso depende de quem se tome como medida – ela ainda é muito forte.

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