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Merkel defende Reino Unido forte na UE, mas não cede em pedido por reformas

27 de fevereiro de 2014

Em discurso histórico no Parlamento britânico, chanceler federal sugere que será difícil atender a todas as demandas por mudança de Londres, que quer rever seu papel no bloco europeu e deve levar questão a referendo.

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Foto: Reuters

A chanceler federal Angela Merkel aproveitou seu discurso nesta quinta-feira (27/02) numa sessão conjunta do Parlamento britânico – o primeiro de um chefe de governo alemão em mais de quatro décadas – para reforçar seu desejo de que o Reino Unido permaneça na União Europeia (UE). Porém, deixou claro que, embora o bloco precise repensar algumas políticas, será difícil satisfazer todas as demandas por mudanças vindas de Londres.

"Alguns esperam que meu discurso abra caminho para uma reforma fundamental da UE que poderia atender a todos os supostos ou reais desejos de Londres. Temo que vão se desapontar", disse Merkel, que discursou em inglês e alemão. "Outros esperam exatamente o oposto, que eu diga de forma clara que o resto da Europa não está disposto a pagar qualquer preço para que o Reino Unido continue. Essas esperanças vão, também, se esvair."

Do ponto de vista político, a visita de Merkel é fundamental para o primeiro-ministro David Cameron, que se comprometeu com os britânicos a renegociar o papel do Reino Unido na UE – uma relação ambivalente desde que o país ingressou no bloco, em 1973.

Cameron se comprometeu, também, a apresentar em referendo as eventuais reformas. E ele sabe que qualquer mudança nesse sentido depende, em grande parte, do que a Alemanha aceitar colocar na mesa de negociações. A consulta popular seria apenas no fim de 2017. Antes disso, nas eleições gerais de 2015, ele precisa de reeleger.

Embora não seja mistério que o Reino Unido, que não adotou o euro, está insatisfeito com seu papel na UE, ainda não se sabe exatamente quais são as reformas almejadas. Certo é que a liberdade de trânsito dentro do bloco inquieta os britânicos, sobretudo os conservadores, que temem um aumento do chamado "turismo social" diante da expansão no número de países-membros.

Em seu discurso, Merkel rebateu indiretamente as críticas dizendo que a UE, que no ano passado ganhou a Croácia como novo membro, tem como objetivo comum servir de modelo para outras regiões. "Unidos e determinados, poderemos servir de modelo a outras regiões. E, para alcançar esse objetivo, precisamos de um Reino Unido forte, com uma voz forte dentro da UE. Se conseguirmos isso, poderemos fazer as mudanças necessárias para beneficiar a todos nós."

Angela Merkel Besuch in London
Merkel recebeu tratamento especial em Londres durante a sua curta visita de um dia ao Reino UnidoFoto: REUTERS

Homenagem a vítimas das guerras

O tratamento especial dado a Merkel por Londres também reflete a importância da viagem. Na visita de apenas um dia, a chanceler alemã, além de discursar no Parlamento, tinha na agenda um almoço oficial com Cameron, um encontro com os principais líderes da oposição e um chá com a rainha Elisabeth 2ª. Como comparação, em janeiro, o premiê britânico recebeu o presidente francês, François Hollande, numa base militar e almoçou com ele num pub.

O discurso de Merkel foi o primeiro de um líder alemão numa sessão conjunta da Câmara dos Comuns e da Câmara dos Lordes desde 1986, quando o presidente Richard von Weizsaecker fez o mesmo. E o primeiro de um chanceler federal desde a famosa intervenção do então chefe de governo Willy Brandt, em março de 1970.

Ao fim do discurso, Merkel fez uma homenagem às vítimas das duas grandes guerras do século passado. Segundo a chanceler, este ano em particular, que marca os cem anos do início da Primeira Guerra, é o momento de lembrar "os mortos, as perdas e a imensa dor causadas pela Alemanha."

"Como chanceler da Alemanha, eu me curvo diante das vítimas dessas guerras terríveis", afirmou. "O que seria a Europa hoje se a nação de vocês não tivesse resistido tão bravamente?"

RPR/dpa/ap/efe/rtr