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Merkel e Netanyahu divergem sobre soluções no Oriente Médio

22 de outubro de 2015

Chanceler federal alemã critica assentamentos judaicos na Cisjordânia e volta a citar a solução de dois Estados. Premiê de Israel culpa incitamento palestino pelo aumento da hostilidade entre israelenses e palestinos.

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Foto: Reuters/F. Bensch

A chanceler federal alemã, Angela Merkel, e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, deram uma coletiva de imprensa conjunta em Berlim, nesta quarta-feira (21/10), após um encontro durante o qual abordaram a situação das relações entre israelenses e palestinos e a escalada da violência na região durante as últimas semanas.

Merkel ressaltou que todos os lados envolvidos têm de contribuir para o fim da escalada do conflito. A chanceler federal disse que a construção de assentamentos judaicos é contraproducente para qualquer paz duradoura na região. Ela também pediu a Israel e aos palestinos para acalmar a situação depois de semanas de violência.

"Eu já disse isso mais de uma vez: nós temos que fazer de tudo para acalmar a situação. E com esse espírito, acredito que todos os lados precisam contribuir", afirmou Merkel. "E referente à solução de dois Estados, também já disse mais de uma vez que consideramos os assentamentos contraproducentes."

Além disso, Merkel afirmou que Israel possui uma "obrigação" de proteger seus próprios cidadãos e acrescentou que os palestinos deveriam condenar "tudo o que constitui o apoio ao terror".

A chanceler federal também sublinhou a inerente responsabilidade da Alemanha pelo Holocausto, depois de Netanyahu ter emitido um comentário polêmico ao afirmar que um líder palestino tinha dado ao ditador nazista Adolf Hitler a ideia de exterminar judeus. "A Alemanha assume sua responsabilidade pelo Holocausto. Nós não vemos nenhuma razão para mudar nossa visão da história", disse Merkel.

Bundeskanzlerin Merkel trifft Israels Premierminister Netanjahu in Berlin
Angela Merkel e premiê israelense, Netanyahu, discutem onda de violência no Oriente Médio e crise migratóriaFoto: Reuters/Bundesregierung/G. Bergmann

Netanyahu incrimina líder palestino pelo Holocausto

Em discurso na terça-feira, Netanyahu sugeriu que Hitler não tinha planejado exterminar os judeus até ter conhecido o nacionalista palestino Amin al-Husseini, então mufti de Jerusalém, em 1941. Segundo o premiê israelense, Husseini teria instruído Hitler a "queimar" os judeus.

"Naquele momento, Hitler não queria exterminar os judeus, ele queria expulsar os judeus", declarou Netanyahu durante o discurso. "E Amin al-Husseini se dirigiu a Hitler e disse: 'Se você os expulsar, eles vão retornar'." Segundo Netanyahu, Hitler teria então perguntado: "'E o que eu deveria fazer com eles?'" A resposta teria sido: "'Queime-os.'"

Mais tarde, Netanyahu voltou atrás na afirmação, negando que estava absolvendo Hitler da responsabilidade pelo Holocausto, mas acrescentou que o presidente palestino, Mahmoud Abbas, estaria glorificando o "grande mufti".

"A verdadeira questão deveria ser dirigida não a mim, mas ao presidente Abbas: por que ele e a Autoridade Palestina estão glorificando o mufti de Jerusalém como um ícone palestino? Eles o chamam de o pai da nação palestina. Ele é um criminoso de guerra, que era procurando por crimes de guerra", disse Netanyahu.

Israel culpa incitamento palestino pela violência

Em Berlim, o premiê de Israel afirmou que não retomará as conversações de paz até que a Autoridade Palestina deixe de apoiar o terrorismo, acrescentando que o incitamento palestino – e não as políticas israelenses – são a raiz da atual onda de violência.

Ele instou a comunidade internacional a pedir que o presidente palestino pare com o "incitamento" do que Netanyahu classificou como terrorismo. "Se quisermos ter paz nós temos que parar com o terror. E, para parar o terror, temos que parar com o incitamento", disse. "Acho importante que a comunidade internacional demande que o presidente Abbas pare com o incitamento e pare de espalhar mentiras sobre o Estado judeu e sobre a política de Israel."

Netanyahu alegou que Abbas havia se unido a radicais islâmicos e que, entre as reivindicações "falsas" feitas por Abbas, está a de que Israel estaria "tentando destruir a mesquita de Al-Aqsa".

"Israel é o único responsável em Jerusalém e em outros lugares pela santidade de lugares sagrados", disse Netanyahu, lembrando que o líder palestino não cumpriu com sua tarefa de condenar uma série de ataques contra israelenses em Jerusalém Oriental e na Cisjordânia. Anteriormente, Netanyahu havia recusado um plano da ONU para que o Monte do Templo seja vigiado por forças internacionais.

O complexo de Al-Aqsa, que está localizado na Cidade Velha de Jerusalém, é conhecido como o Monte do Templo no judaísmo e é considerado um santuário por todas as três religiões monoteístas abraâmicas.

Enquanto isso, Abbas exigiu que Israel respeite estritamente as regras que regem o complexo da mesquita de Al-Aqsa. "A contínua ocupação e agressão contra locais sagrados muçulmanos e cristãos em Jerusalém Oriental, particularmente em Al-Aqsa, abre a porta para um conflito religioso, que infelizmente já começou", disse Abbas. "Não é o que queremos e estamos alertando sobre as consequências."

PV/afp/rtr/lusa