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Golfo Pérsico

24 de maio de 2010

Chanceler federal alemã faz viagem à região do Golfo Pérsico e passa quatro dias pelos Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Bahrain e Catar, em compania de uma comitiva de empresários alemães.

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Merkel em in RiadFoto: picture-alliance/dpa

Paira no ar na Alemanha a pergunta: a chanceler federal Angela Merkel tem o direito de viajar por quatro dias pelo Golfo Pérsico, enquanto em casa, na Europa, o euro se encontra em uma verdadeira crise existencial? Para Christoph Heusgen, consultor da chefe de governo para assuntos de política externa, a resposta é um claro "sim".

"Os países do Golfo têm interesse em uma Europa forte", diz ele. "Principalmente durante a crise econômica, os investimentos da região foram especialmente úteis. Lembre-se, por exemplo, da participação do Catar na Volkswagen e na Porsche", completa Heusgen.

Viagem com a elite empresarial

No entanto, não é apenas por gratidão que a premiê alemã seguiu nesta segunda-feira (24/05) para Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, a primeira estação de sua viagem pela região. Merkel serve como "chefe de comitiva" de uma série de emmpresários do primeiro escalão no país, representantes de empresas como Siemens, Deutsche Bahn, Linde, Eon etc. Ou seja, ela acompanha o who is who da economia alemã, em busca de negócios lucrativos.

Projetos bilionários

A Câmara Alemã de Indústria e Comércio (DIHK) estima que na região do Golfo Pérsico haja um montante de recursos em torno de 2,8 trilhões de dólares esperando para serem distribuídos em diversos projetos. E a meta não é investir apenas em projetos clássicos de infraestrutura, como construção civil e abastecimento de água ou energia elétrica, diz Felix Neugart, especialista em Oriente Médio da DIHK.

Der außenpolitische Berater der Bundeskanzlerin Christoph Heusgen
Christoph Heusgen, consultor de Merkel para política externaFoto: picture-alliance/dpa

"Também nos países do Golfo chegou a era do crescimento qualitativo Isso significa que, especialmente nos grandes centros urbanos, pensa-se mais a respeito do planejamento do tráfego e de uma infraestrutura de trânsito que possa comportar o crescimento", diz Neugart. Da mesma forma, setores como a coleta de lixo, reciclagem e tratamento de água são muito importantes. "Em todas essas áreas, as empresas alemãs têm bons cartões de visita", analisa Neugart.

E isso numa região na qual o crescimento econômico, mesmo em tempos de crise internacional, não caiu para menos de 5%; no Catar, o crescimento chega a ser estimado em até 18%.

Sair da crise pelo Golfo?

Até o ano de 2020, os países do Golfo deverão ter, graças às riquezas acumuladas com o petróleo, um superávit de seis trilhões de dólares. Para as exportações alemãs para a região, tudo corria bem até a crise econômica. Se as exportações da Alemanha para a região triplicaram em oito anos, em 2009 elas sofreram uma redução de 13,7 bilhões de dólares. "Só por isso a crise já foi um sinal importante", avalia Neugart.

Discurso para estudantes sauditas

Depois de deixar os Emirados Árabes Unidos, Merkel segue para a Arábia Saudita, onde se reúne nestas terça e quarta-feiras com a família real saudita, entre outros para agradecer pelo apoio recente na libertação de dois reféns alemães no Iêmen.

Na sequência, Merkel encontra-se com empresários do país e discursa para estudantes da Universidade para Ciência e Tecnologia, instituição aberta a homens e mulheres no país.

Convencer a Arábia Saudita

Na Arábia Saudita, o mais importante são as conversas de teor político, pois o país, membro do G20, tem grande peso diplomático na região. Da agenda bilateral de Merkel, constam temas como a regulação dos mercados financeiros internacionais, o próximo encontro do G20 em Toronto, o processo de paz no Oriente Médio e as divergências nucleares com o Irã.

Principalmente em relação a uma solução para o conflito no Irã, a Arábia Saudita pode exercer um papel muito importante, acredita Heusgen. "Como vizinhos diretos, eles são atingidos diretamente pelo conflito, porque seriam as primeiras vítimas de uma escalada", comenta o especialista.

Somente por isso o país deveria ser envolvido profundamente nas negociações diplomáticas, sem também excluir a possibilidade de sanções. "No fim, eles seriam abordados, como vizinhos, se assumiriam a condução e o controle de fato de tais sanções", observa Heusgen.

Comércio livre

E ainda há outra razão pela qual a viagem de Merkel pelo Golfo Pérsico poderia não transcorrer de forma absolutamente tranquila: há anos que as negociações de comércio livre entre a União Europeia e o Conselho de Cooperação do Golfo estão paralisadas.

No entanto, a premiê alemã, enfraquecida pela atual crise do euro, não deverá dispor de muitos meios para forçar um acordo nesse sentido. Principalmente um acordo que facilite o acesso da Europa à rica região do Golfo.

Autor: Richard A. Fuchs (sv)

Revisão: Roselaine Wandscher