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Merkel se vê como exemplo da unificação alemã

(rw)3 de outubro de 2006

A chanceler federal alemã, Angela Merkel, que cresceu no Leste alemão, salientou na cerimônia central pelos 16 anos da reunificação alemã, em Kiel, a importância do otimismo e da liberdade para o futuro do país.

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Foto: picture-alliance/dpa

Em seu pronunciamento na cerimônia central pelos 16 anos da reunificação da Alemanha, neste 3 de outubro, no norte do país, a chanceler federal Angela Merkel usou a própria vida como exemplo – a transformação de desconhecida professora de Física na antiga Alemanha Oriental em chefe de governo da Alemanha reunificada – para dizer aos alemães que tudo é possível num país livre e que eles devem ter mais coragem para superar as divisões que ainda persistem depois da reunificação dos dois Estados alemães.

Na festa realizada na cidade de Kiel, Merkel também admitiu ter sentido um "choque cultural" no dia 3 de outubro de 1990, quando viu os soldados e a polícia da então Alemanha Oriental passarem a usar uniformes do lado ocidental. Natural de Hamburgo, Merkel é a primeira chanceler a ter crescido no Leste ex-comunista, para onde se mudou quando criança.

Angela Merkel
Foto: dpa - Bildfunk

Ela era uma acadêmica pouco conhecida em 1990, antes de entrar na política, mas superou uma longa lista de "homens fortes" da Alemanha Ocidental para assumir o poder, há quase um ano. "Quem não arrisca não tem como vencer", disse Merkel. "Não pergunte o que não é possível. Pergunte o que é possível. Um pouco mais daquele espírito seria útil hoje em dia", acrescentou.

Diferenças entre os dois lados do país

A Alemanha ainda sofre com as grandes diferenças entre o lado ocidental, mais rico, e o oriental, empobrecido. Entre 1991 e 2004, 2,1 milhões de pessoas deixaram o Leste do país em busca de uma vida melhor. Ainda segundo o Departamento Federal de Estatísticas, neste período apenas 1,2 milhão de pessoas emigrou do oeste para o Leste alemão. As taxas de desemprego são o dobro no Leste (16,4% em setembro) em comparação com o oeste (8,5%).

Ainda existem tensões entre muitos alemães de lados diferentes da antiga Cortina de Ferro. Uma pesquisa feita pelo instituto Emnid mostrou que 74% dos alemães do Leste do país ainda têm a sensação de serem "alemães de segunda categoria".

O arcebispo de Hamburgo, Werner Thissen, salientou no culto ecumênico no Dia da Unidade Alemã nesta terça-feira que ainda "há profundas fendas que separam o oeste e o Leste do país". Na presença de Merkel e do presidente alemão, Horst Köhler, ele acrescentou ser "um escândalo" que ainda não tenha sido alcançada a completa unidade nacional.

O ministro Wolfgang Tiefensee, responsável pela reconstrução do Leste alemão, defendeu a prorrogação até 2019 do chamado "pacto de solidariedade", segundo o qual todos os trabalhadores da Alemanha contribuem, diretamente de sua folha de pagamento, com a reconstrução deste lado do país. O ministro criticou, por outro lado, que alguns Estados tenham problemas "para empregar este dinheiro".