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Pintura

(gh)28 de dezembro de 2006

Quadros de Johann Georg Grimm, artista bávaro que influenciou a pintura brasileira no final do século de 19, são expostos pela primeira vez na Alemanha. Grupo Grimm valorizou pintura de paisagem como gênero autônomo.

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'Paisagem montanhosa brasileira': quadro de Johann Georg Grimm

Há três anos, aficionados por arte da região do Allgäu, na Baviera, vêm resgatando a obra de Johann Georg Grimm, um pintor pouco conhecido na Alemanha, mas que teve grande influência na arte brasileira do final do século 19.

Até agora, foram identificados 270 quadros do pintor – quase todos em poder de colecionadores. Cerca de 160 obras estão expostas desde o último dia 16 de dezembro até 22 de abril de 2007 no Museu Hofmühle, em Immenstadt, no sul da Baviera.

Segundo Gunther le Maire, um dos organizadores da mostra, há pouco tempo, 67 quadros encontrados no depósito de uma associação cultural foram vendidos "a baixo preço" ao Brasil. Nascido em 1846 em Bühl, próximo aos Alpes bávaros, Grimm viveu no Rio de Janeiro de 1878 até pouco antes de sua morte em Palermo (Itália) em 1887.

Convite de D. Pedro 2º

Schloss Cintra bei Lissabon
'Castelo de Cintra', pintado por Grimm pouco antes de embarcar para o Brasil

Depois de estudar nas academias de Munique, Berlim e Roma, o pintor bávaro participou com 122 dos 418 quadros expostos na primeira grande mostra internacional de arte realizada no Rio em 1882. D. Pedro 2º logo o convidou para a cadeira de "paisagens, flores e animais" da Academia Imperial de Belas Artes (Aiba), antes ocupada por Victor Meirelles e Zeferino da Costa.

Por defender a pintura ao ar livre (en plein air) e um realismo com viés naturalista, o que contrariava a tendência da Aiba, Grimm teve divergências com os colegas e não prorrogou o contrato com a academia.

Em vez disso, passou a orientar um grupo de sete artistas que se reuniam para pintar nas praias e nos arreadores da cidade de Niterói. O chamado Grupo Grimm era formado pelos pintores Antônio Parreiras, Garcia y Vasquez, Joaquim José da França Júnior, Francisco Ribeiro, Giambattista Castagneto, Hipólito Boaventura Caron e o alemão Thomas Driendl, que por vezes substituía o mestre.

Artista global

Castelgolfo
'Castelgolfo', de Johann Georg Grimm

Grimm acabou entrando para a história da arte brasileira como mestre e incentivador da pintura de paisagem como gênero autônomo. Seus quadros de cores fortes e luminosas de diversas partes do mundo causaram impacto num ambiente acostumado com as tintas pálidas da maior parte dos paisagistas da época.

Na mostra de Immenstadt estão expostos tanto quadros produzidos no Brasil quanto obras desenvolvidas numa viagem pela Europa, a região do Mar Mediterrâneo e o Oriente Médio, partindo da Grécia e passando por Palestina, Egito, Tunísia, Espanha e Portugal. Entre os destaques estão um quadro a óleo do castelo de Cintra (Portugal) e outro de montanhas brasileiras.

Segundo Gunther le Maire, é a primeira vez que o público alemão tem acesso aos quadros a óleo, desenhos e aquarelas de Grimm. A mostra é quase totalmente inédita – apenas alguns quadros foram exibidos no Rio em 1882. "O que surpreende, já que se trata de um artista que, no linguajar de hoje, viveu de forma global", diz le Maire.