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Migrantes levam Tijuana a declarar crise humanitária

23 de novembro de 2018

Em meio à chegada de milhares de centro-americanos, prefeito da cidade mexicana anuncia que pedirá ajuda ao governo federal. Forças de segurança dos EUA participam de exercícios de emergência na fronteira.

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Funcionário tenta conter vazamento em abrigo em Tijuana, enquanto migrantes aguardam em fila para tomar banho
Funcionário tenta conter vazamento em abrigo em Tijuana, enquanto migrantes aguardam em fila para tomar banhoFoto: Getty Images/M. Tama

O prefeito de Tijuana, Juan Manuel Gastélum, declarou estado de crise humanitária na cidade mexicana diante da necessidade de recursos para atender aos milhares de integrantes de uma caravana migrantes centro-americanos com destino aos Estados Unidos.

"Não vou comprometer os serviços públicos, não vou gastar o dinheiro dos tijuanenses, não vou endividar Tijuana", disse o prefeito nesta quinta-feira (22/11) sobre a situação na cidade fronteiriça devido à chegada de milhares de migrantes.

O prefeito anunciou que pedirá assistência humanitária ao governo federal mexicano e a entidades internacionais como as Nações Unidas e a Convenção Americana de Direitos Humanos.

Gastélum também criticou o governo por ter deixado Tijuana "sozinha" na questão da caravana, quando as leis assinalam que as autoridades federais são responsáveis por lidar com a situação migratória desde o princípio.

Nesta quinta-feira, autoridades municipais informaram que 108 pessoas de origem centro-americana foram detidas na cidade, 104 das quais receberam sanções administrativas, e quatro foram apresentadas à promotoria por crimes de roubo, brigas e desacato à autoridade.

As demais pessoas foram detidas por crimes de posse de droga, embriaguez em via pública e causar distúrbios, explicou o titular da Secretaria de Segurança Pública Municipal (SSPM), Marco Antonio Sotomayor.

"A maioria dos integrantes da caravana migrante busca melhorar a sua forma de viver, no entanto, devo dizer que outros tantos, que seguramente estão em menor número, foram detidos pela Polícia Municipal, principalmente por posse de drogas, ingerir bebidas embriagantes na via pública e causar distúrbios" detalhou.

Sotomayor reiterou ainda que não haverá tolerância para os que infrinjam a lei em Tijuana, "sejam migrantes centro-americanos, mexicanos ou visitantes americanos".

Centenas de migrantes centro-americanos reuniram-se na fronteira nesta quinta-feira para exigir sua entrada nos EUA, onde pretendem pedir asilo. "Abra os portões, Trump! Não estamos à procura de guerra, mas de trabalho", gritou um hondurenho de 22 anos, na travessia de El Chaparral.

O tráfego de veículos e pedestres no movimentado cruzamento de San Ysidro parou por 40 minutos, enquanto dezenas de forças de segurança dos EUA formaram uma barreira voltada para o lado mexicano da fronteira.

Forças de seguranças dos EUA colocam arame farpado na cerca que marca a fronteira entre Estados Unidos e México
Forças de segurança dos EUA realizaram exercícios de emergência na região de fronteiraFoto: picture-alliance/dpa/AP Photo/R. Abd

Soldados americanos dispararam foguetes que explodiram com uma fumaça branca de cheiro pungente. Helicópteros pairavam no ar. A Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA classificou a ação de um "exercício de prontidão de larga escala".

Horas antes, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou fechar a fronteira caso ele achasse que o México perdeu o controle sobre os migrantes. Trump mobilizou quase seis mil soldados ao longo da fronteira e prometeu enviar mais, caso necessário.

"Se acharmos que chegou a um nível em que perderemos o controle ou em que as pessoas começarão a se machucar, fecharemos a entrada no país por um período de tempo até que possamos controlar a situação", disse Trump. "Toda a fronteira. Eu disse toda a fronteira."

Depois de uma caminhada de mais de um mês de Honduras, quase cinco mil migrantes vivem num abrigo improvisado numa arena esportiva ao ar livre perto da fronteira. Choveu na noite de quarta-feira, e colchões e pertences ficaram encharcados.

"Vamos para a fronteira! Lá podemos pressionar Trump. Estamos apenas perdendo tempo e força no abrigo", gritou um hondurenho num megafone.

No meio da noite, dezenas de migrantes carregaram seus pertences e montaram um novo acampamento bem no meio de uma rua da travessia de El Chaparral.

Foto aérea de acampamento improvisado de migrantes centro-americanos perto de uma travessia da fronteira entre México e EUA, em Tijuana
Migrantes montaram um acampamento improvisado no meio de uma rua da travessia de El ChaparralFoto: picture-alliance/dpa/R. Abd

Feira de empregos em Tijuana

Em Tijuana, as autoridades criaram uma feira de emprego numa tentativa de recrutar trabalhadores qualificados entre os migrantes para o benefício das empresas locais.

A Secretaria do Trabalho e do Bem-Estar Social do México confirmou 3.500 vagas disponíveis para migrantes e que há 217 empresas, mexicanas e estrangeiras, que oferecem empregos em Tijuana e outras cidades mexicanas para as quais os migrantes poderiam se mudar depois de regularizado o status imigratório.

Para tal, a agência de migração do México ofereceu documentos de residência temporária em caso de vínculos empregatícios. Alguns aproveitaram as ofertas, mas a maioria está simplesmente determinada a entrar nos EUA.

Pelo menos sete pessoas morreram desde que a primeira caravana de migrantes centro-americanos deixou São Pedro Sula, em Honduras, em 13 de outubro, rumo aos Estados Unidos, informou na quinta-feira o governo hondurenho.  

PV/efe/kna/afp

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