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Belarus

20 de dezembro de 2010

Reeleição de Lukashenko gerou tumultos, culminando na detenção de aproximadamente mil pessoas em Belarus. OSCE critica papel da mídia no contexto eleitoral. Ministro alemão do Exterior condena conduta policial violenta.

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Manifestantes em MinskFoto: DW

Na noite do último domingo (19/12), dezenas de milhares foram às ruas de Minsk, capital de Belarus, protestar contra o governo autoritário do presidente Alexander Lukashenko. Muitos dos manifestantes tentaram adentrar a sede do governo para tomar a central da comissão eleitoral. A polícia interveio, em um confronto que resultou num saldo de aproximadamente mil detidos, de acordo com informações fornecidas por jornalistas independentes do país. Os tumultos deixaram também vários feridos.

Entre os manifestantes presos estão vários candidatos de oposição, que haviam se misturado à massa em um comício de protesto no centro de Minsk. O candidato à presidência Vladimir Nekliajev foi tirado à custa de violência de um hospital e seu paradeiro continua desconhecido.

A repórter Irina Chalip, de perfil crítico e avesso ao governo, foi levada pela polícia enquanto noticiava ao vivo para a Rádio Eco Moskwy. Chalip transmitia suas impressões sobre a "conduta brutal" da polícia quando foi levada. "Estão me arrastando. Meu Deus, o que estão fazendo", foram suas últimas palavras ainda no ar, por telefone. A ligação caiu a seguir e a repórter não foi vista desde então. Chalip, que já recebeu diversas condecorações internacionais por seu trabalho jornalístico, é casada com o candidato de oposição Andrei Sannikov.

40 mil manifestantes

Depois que as urnas foram fechadas em Belarus e mesmo sob forte presença policial, cerca de 40 mil pessoas participaram dos protestos na capital do país, em prol da anulação do pleito. Vários dos participantes dos protestos afirmam que Lukashenko não contou com a maioria absoluta; lideranças políticas revidam qualquer acusação de manipulação das urnas.

Protest nach Wahl in Minsk Belarus Weißrussland Flash-Galerie
Ruas da capital de BelarusFoto: DW

A comissão eleitoral divulgou na madrugada desta segunda-feira que o atual presidente teria tido 79,7% dos votos, o que significa uma maioria absoluta já no primeiro turno, necessária para sua reeleição. A participação nas urnas nesse pleito foi de 91%. Lukaschenko é considerado por políticos ocidentais o último ditador da Europa e está à frente do governo de Belarus desde 1994.

A situação nas ruas de Minsk só veio a se acalmar por volta da meia-noite do domingo. A União Europeia e os EUA condenaram a conduta violenta da polícia contra os manifestantes.

OSCE: Ausência de fraude explícita

Segundo representantes da Organização para a Segurança e Cooperação Econômica (OSCE), a atual eleição presidencial em Belarus demonstrou certos "progressos democráticos", embora não se possa ainda dizer que o pleito tenha sido livre e justo, analisou Georg Schirmbeck, depudado alemão e observador das eleições pela OSCE, ao jornal Neue Osnabrücker Zeitung.

Segundo Schirmbeck, Lukashenko assegurou sua reeleição à custa de um controle autoritário da mídia no país, embora fraudes explícitas não tenham sido constatadas. "Sinto muito, mas não posso confirmar isso", completou o deputado.

Reivindicações de reformas permanecem ignoradas

Alexander Lukaschenko
Alexander Lukashenko: acusado de fraudesFoto: picture-alliance / dpa

O ministro alemão do Exterior, Guido Westerwelle, havia alertado no início de novembro último da necessidade de reformas democráticas em Belarus, por ocasião de uma visita a Minsk. Westerwelle salientou naquele momento que, caso houvesse uma maior democratização no país, a Alemanha iria se empenhar em prol de um maior apoio da UE a Belarus.

Após a divulgação dos resultados do pleito, o ministro alemão demonstrou sua preocupação com a situação em Belarus. "Não é aceitável acossar, bater ou deter candidatos de oposição nem aqueles que os apoiam, quando estes querem apenas exercer seu direito de liberdade de opinião", condenou o ministro.

Antes mesmo das eleições, Lukashenko já dava sinais de certeza absoluta de sua vitória. "Sinto a confiança do povo", afirmou o presidente. Seus nove concorrentes não tiveram chances no pleito. A oposição em Belarus continua esfacelada, sem conseguir se unir em prol de um nome de força.

SV/ dpa, dapd, rtr
Revisão: Augusto Valente