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Ministra compara métodos de Bush com os de Hitler

(ef)19 de setembro de 2002

Conflito com o Iraque esquentou ainda mais a campanha eleitoral alemã. Oposição exigiu a demissão da ministra da Justiça, por ter comparado os métodos do presidente Bush com os de Hitler.

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Herta Däubler-Gmelin (direita): Hitler já usou o método de desviar atenção de problemas internosFoto: AP

A dois dias da eleição do novo Parlamento alemão, que vai decidir sobre o destino da coalizão de governo, a ministra da Justiça, Herta Däubler-Gmelin, está sendo bombardeada de críticas por causa de uma comparação da política do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, com os métodos do ditador nazista Adolf Hitler. A ministra social-democrata desmentiu notícia equivalente do jornal Schwäbisches Tagblatt. "Eu não disse isso", garantiu ela. Mas o autor da matéria mantém sua versão e os partidos de oposição democrata-cristã e liberal exigiram sua demissão antes da eleição de domingo (22).

Numa conversa com 30 sindicalistas metalúrgicos, no estado de Baden-Württemberg, a ministra teria dito que, com uma guerra contra o Iraque, Bush quer principalmente desviar as atenções dos problemas da política interna americana. Ela teria dito também: "Isto é um método usual. Hitler também já fez isso". Gmelin esclareceu, mais tarde, que não fez "comparação entre um presidente eleito democraticamente, como o dos EUA, e o grande ditador nazista Hitler".

Resistência oficial

O governo alemão confirmou sua resistência firme a um ataque contra o Iraque, pouco antes de Bush pedir a aprovação do Congresso americano e depois de o secretário da Defesa americana, Donald Rumsfeld, ter aconselhado o presidente Saddam Hussein a se exilar. Assim o ditador iraquiano evitaria uma guerra, segundo Rumsfeld. O tema Iraque dominou a campanha eleitoral alemã, ao lado do desemprego, e na reta final persiste a questão de como a política externa alemã pode contribuir para evitar uma guerra.

O ministro alemão das Relações Exteriores, Joschka Fischer, acha que a guerra pode ser evitada, se for mesmo séria a oferta do Iraque de permitir o retorno dos inspetores de armas da ONU para fiscalizar seu arsenal. Saddam Hussein não pode perder tempo, se quiser evitar uma tragédia, aconselhou o político do Partido Verde. O presidente do Parlamento alemão, Wolfgang Thierse, também condenou o uso da violência para derrubar o ditador iraquiano. O social-democrata questionou a inteligência de uma política externa que propague mudanças de regime em outros países por meio da violência militar.

Perigos

A posição de Thierse gerou indignação da oposição democrata-cristã. CDU e CSU acusam o governo de Gerhard Schröder de isolar a Alemanha com a sua resistência categórica a uma ação militar internacional contra o Iraque. O concorrente de Schröder na disputa pela reeleição, Edmund Stoiber, prometeu que, se for eleito, a Alemanha vai apoiar um ataque contra o Iraque, mediante um mandato da ONU, e dentro das possibilidades. Mas soldados alemães não seriam enviados para o Iraque.

Schröder, ao contrário, foi categórico: "No meu governo a Alemanha não participará de uma guerra contra o Iraque". Isso romperia a coalizão internacional na luta antiterror, que ainda não está ganha, elevaria os preços do petróleo e teria conseqüências graves para a conjuntura internacional já em baixa. Aumentaria, portanto, a ameaça de recessão mundial.