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Westerwelle na AL

9 de março de 2010

Guido Westerwelle, o ministro alemão do Exterior, quer transformar a expansão das relações com a América do Sul em ponto forte de seu mandato. Na Europa, a região ainda "é muito desvalorizada", disse ele em Buenos Aires.

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Guido Westerwelle e Cristina Fernández KirchnerFoto: AP

Em viagem pela América do Sul, o ministro alemão do Exterior, Guido Westerwelle, afirmou que a Alemanha tem um "interesse estratégico" principalmente em um bom relacionamento com a Argentina.

Em discurso na Câmara de Comércio e Indústria Argentina-Alemanha, Westerwelle anunciou que se engajaria mais fortemente do que seu antecessor pela economia alemã: "Uma das principais aspirações da minha política externa será abrir portas para empresas alemãs". A presidente argentina, Cristina Fernández Kirchner, anunciou que irá retribuir a visita de Westerwelle, viajando à Alemanha no outono europeu.

Por favor, paguem as contas!

Westerwelle apelou ao governo argentino que salde sua alta dívida externa. Segundo o ministro, isso "facilitaria bastante" novos investimentos por parte de empresas alemãs. O governo alemão acredita que o chamado Clube de Paris "chegará a um acordo em breve".

O Clube de Paris, existente desde 1956, é composto pela OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e outros países credores. Ele reúne os países doadores com Estados que têm dificuldades para pagar suas dívidas. Para esses empréstimos estatais, são empregadas, freqüentemente, ações de amortização de dívidas com severas obrigações.

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Alemanha é maior credor da Argentina no Clube de ParisFoto: picture-alliance/ dpa

A Argentina tem dívidas com o Clube de Paris no montante de 6,5 bilhões de dólares, que se acumularam nos últimos 25 anos e deixaram de ser pagas desde 2002. O maior credor é a Alemanha, que responde por dois terços dos empréstimos pendentes.

O ministro alemão passa toda a segunda semana de março na América do Sul. No início de sua viagem, ele visitou no domingo o Chile, onde entregou bens de ajuda humanitária para as vítimas do terremoto do final de fevereiro.

Próxima parada: Uruguai

Nesta terça-feira (09/03), Westerwelle se encontra no Uruguai com o presidente José Mujica, que assumiu o poder em 1° de março. Já antes de sua posse, o ex-guerrilheiro anunciara que gostaria de ter uma administração modesta como marca. Mujica quer doar 87% de seu salário como presidente para a construção de habitações populares.

O novo presidente garantiu às empresas estrangeiras que não irá praticar uma política de estatização, como é o caso da Venezuela, mas que seguirá uma política semelhante à do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, graças a uma rígida política monetária, conseguiu conter a inflação, fortalecer a estabilidade econômica e elevar o salário real das camadas menos favorecidas da população brasileira.

Esse recado do presidente uruguaio deve ser bem recebido pelo político liberal Westerwelle e pela delegação de empresários alemães que o acompanha e que espera bons contatos de negócios do giro pela América do Sul. Os países da região conseguiram atravessar a crise econômica global dos últimos dois anos melhor do que muitos países europeus e asiáticos.

Potência regional emergente

O principal objetivo da viagem latino-americana do vice-chanceler-federal e ministro do Exterior alemão é o Brasil. Na quarta-feira, sua chegada é esperada em Brasília. Posteriormente, ele visitará São Paulo e Rio de Janeiro.

Celso Amorim
Westerwelle se encontrará com Celso Amorim em BrasíliaFoto: AP

O Brasil ganhou crescente importância internacional nos últimos anos e pertence – da mesma forma que a Argentina – ao grupo dos 20 mais importantes países industrializados e emergentes (G20). O país ocupa, atualmente, um assento temporário no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Por esse motivo, as diferenças em torno do conflito nuclear iraniano e possíveis sanções contra Teerã deverão fazer parte das conversas políticas em Brasília.

No Brasil, Westerwelle irá visitar sucursais de firmas alemãs, dentre elas, Volkswagen e Siemens. O Brasil é o principal parceiro econômico da Alemanha na América Latina. Em 2009, a Alemanha exportou para o Brasil mercadorias no valor de 6,1 bilhões de dólares. O volume das exportações brasileiras para a Alemanha, por sua vez, chegou a 9,8 bilhões de dólares, no ano passado.

Autor: Christian Walz / Mirjam Gehrke (ca)
Revisão: Augusto Valente