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Membros do STF e Congresso também foram alvo de hackers

26 de julho de 2019

Celulares de Rodrigo Maia, Davi Alcolumbre, Raquel Dodge e presidente do STJ estariam entre os invadidos. PF diz que dados apreendidos com suspeitos serão preservados por ora, após Moro sugerir destruição das mensagens.

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Sede do Supremo Tribunal Federal, em Brasília
Celulares de ministros do STF também teriam sido atacadosFoto: Dorivan Marinho/SCO/STF

Além do presidente Jair Bolsonaro, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e líderes do Congresso Nacional e do Superior Tribunal de Justiça (STJ) também teriam sido alvo de ataques virtuais do grupo preso sob suspeita de hackear celulares de autoridades.

A lista das vítimas, inclui, segundo a Polícia Federal (PF), os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ); do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP); e do STJ, ministro João Otávio de Noronha; além da procuradora-geral da República, Raquel Dodge.

Além disso, o presidente do STF, Dias Toffoli, foi comunicado por telefone pelo ministro da Justiça, Sergio Moro, na quinta-feira (25/07), de que celulares de ministros da Corte também foram alvos de ataque e que teria havido acesso a dados de SMS e do aplicativo Telegram.

Moro disse ter ligado pessoalmente para os ministros afetados, cujos nomes não foram divulgados. O STF informou, através de sua assessoria, que não comentará o episódio. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, Moro também ligou para Maia e Alcolumbre informando que eles foram alvejados.

Em comunicado, a PF afirmou que "preservará o conteúdo de quaisquer mensagens que venham a ser localizadas no material" apreendido na Operação Spoofing e que caberá à Justiça definir "em momento oportuno" o destino dos dados encontrados com os suspeitos de ataques virtuais, "sendo a destruição uma das opções".

O ministro do STJ João Otávio de Noronha disse, em nota, que Moro havia assegurado, através de telefonema, que as mensagens seriam descartadas "para não devassar a intimidade de ninguém".

Quatro pessoas foram presas na terça-feira no estado de São Paulo – duas na capital, uma em Araraquara e uma em Ribeirão Preto –, na Operação Spoofing da PF. Elas teriam tido "variados graus de participação" nos ataques aos telefones das autoridades. O grupo também teria tido envolvimento com crimes de estelionato eletrônico e fraudes bancárias.

Segundo a PF, um dos quatro suspeitos teria uma conta em um aplicativo de mensagens com o nome do ministro da Economia, Paulo Guedes, e teria hackeado ou tentado invadir cerca de mil celulares, incluindo o do ministro Moro; o do desembargador federal Abel Gomes; do juiz federal Flávio Lucas; e dos delegados Rafael Fernandes, da PF de São Paulo, e Flávio Vieitez Reis, da PF de Campinas.

O jornal Estado de S. Paulo noticiou que um dos supostos hackers presos na operação da PF, Walter Delgatti Neto, o "Vermelho", afirmou que deu ao jornalista Glenn Greenwald, do site The Intercept, acesso a informações capturadas do aplicativo Telegram.

Já segundo a Folha, Delgatti disse aos investigadores que encaminhou as mensagens a Greenwald, de forma anônima, voluntária e sem cobrança financeira.

Os contatos com o jornalista do Intercept, segundo o suposto hacker, foram virtuais, pelo aplicativo Telegram, e ocorreram somente depois que os ataques aos celulares de autoridades já tinham sido efetuados.

Estado de S. Paulo, por sua vez, diz que "os investigadores tratam o relato com cautela, uma vez que o hacker é apontado como estelionatário". 

O Intercept Brasil, fundado por Greenwald, vem publicando desde 9 de junho uma série de diálogos de procuradores da Lava Jato e de Moro que levantaram questionamentos sobre a conduta ética e legal da operação e do ex-magistrado. O site afirmou ter obtido o material de uma fonte anônima.

O hoje ministro nega ter cometido irregularidades e diz não reconhecer a autenticidade das mensagens. No Twitter, Greenwald disse que Moro "está tentando cinicamente explorar essas prisões para lançar dúvidas sobre a autenticidade do material jornalístico".

MD/ots

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