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Morre aos 85 anos o escritor Philip Roth

23 de maio de 2018

Premiado e polêmico, romancista de origem judaica é considerado um dos maiores autores americanos da segunda metade do século 20. Entre suas principais obras estão "O complexo de Portnoy" e "Pastoral americana".

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Extensa e premiada obra de Philip Roth abordou, além do sexo, o desejo, a velhice e morte, o judaísmo e suas obrigações
Extensa e premiada obra de Philip Roth abordou, além do sexo, o desejo, a velhice e morte, o judaísmo e suas obrigaçõesFoto: Reuters/E. Thayer

Morreu nesta terça-feira, aos 85 anos, o escritor americano Philip Roth, de insuficiência cardíaca num hospital de Nova York, comunicou o agente literário Andrew Wilie. O autor de origem judaica polaco-ucraniana publicou cerca de 30 livros. Em 2012, aos 78 anos, anunciou a decisão de deixar de escrever.

Roth, que nasceu em 1933 em Newark, em Nova Jersey, é considerado um dos maiores escritores americanos da segunda metade do século 20. O premiado romancista habitualmente era mencionado como candidato ao Prêmio Nobel de Literatura – prêmio que nunca lhe foi entregue. Sua extensa e premiada obra abordou, além do sexo, o desejo, a velhice e morte, o judaísmo e suas obrigações.

Seu maior sucesso veio com O complexo de Portnoy (1969), em que o protagonista, Alexander Portnoy, conta suas aventuras sexuais ao seu psiquiatra e vive atormentado pelo remorso e a obsessão pelo sexo. O livro teve grande impacto junto ao grande público devido às cruas descrições sexuais e à maneira de abordar a vivência judaica. A obra chegou a ser banida na Austrália.

O judaísmo sempre fez parte da carreira literária de Roth – por um lado, era tachado por críticos como o protótipo do escritor judeu, interessado em explorar a condição dos judeus em relação à sociedade, mas também enfureceu líderes da comunidade judaica com personagens marcados pela fraqueza e, em certa medida, até indignos.

Uma das críticas que recebeu após o lançamento de O complexo de Portnoy é que era o livro "pelo qual todos os antissemitas estavam rezando". Roth, no entanto, identificava-se como um escritor americano e não como judeu. "Não escrevo em judeu, eu escrevo em americano", dizia.

Feministas, judeus e uma de suas ex-mulheres atacaram-no em público, por vezes pessoalmente. As mulheres, nos seus romances, eram amiúde pouco mais do que objetos de desejo e raiva – Roth chegou a ser acusado de misoginia.   

Outras obras famosas de Roth são as que compõem a chamada "trilogia americana": Pastoral americana (1997), Casei com um comunista (1998) e A marca humana (2000); assim como Complô contra a América (2004), onde relata uma versão alternativa da história americana pactuando com os nazistas.

Com Pastoral americana, Roth ganhou o Prêmio Pulitzer, um dos muitos de uma aclamada carreira, onde ficou faltando o Prêmio Nobel de Literatura, para o qual seu nome foi ventilado em diversas ocasiões.

Entre as várias distinções, Roth foi premiado com dois National Book Awards, dois National Book Critics Circle, dois prêmios Faulkner, com o Prêmio Internacional Man Booker em 2011 e, um ano depois, venceu o Prêmio Príncipe das Astúrias de Literatura.

No final dos anos 60, Roth sobreviveu a uma apendicite aguda e, em 1987, a uma depressão quase suicida. Em O teatro de Sabbath, o escritor imaginou a inscrição na sua lápide: "Sodomista, abusador de mulheres, destruidor de caráteres".

PV/efe/lusa/afp/rtr/dpa/ap

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