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Pensador independente

18 de junho de 2009

Os admiradores comparam sua independência de espírito à de Erasmo de Rotterdam. Nomeado lorde na Inglaterra, o hamburguês Dahrendorf permaneceu crítico, e se considerava apenas "um londrino".

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Ralf Dahrendorf em 2005Foto: AP

Faleceu na quarta-feira, 17 de junho de 2009, em Colônia, o sociólogo anglo-alemão Ralf Dahrendorf, após breve doença. Ele já tivera que cancelar as entrevistas marcadas por ocasião de seu octogésimo aniversário, em 1º de maio, sob a justificativa de que só podia falar muito baixo devido a uma inflamação na garganta.

A família do pensador liberal nascido em Hamburgo em 1929 era ativa na política. Seu pai representara o Partido Social Democrata (SPD) no Reichstag entre 1932 e 1933. Após a Segunda Guerra Mundial, Ralf Dahrendorf estudou Filosofia e Sociologia e ensinou nas universidades de Tübingen e Constança, entre outras.

Crítica e admiração

Logo Dahrendorf entrou também para a política. Em 1967, filiou-se ao Partido Liberal Democrata alemão (FDP), participando de seu diretório federal durante alguns anos. Ele atuou tanto na assembleia legislativa do estado de Baden-Württemberg quanto na câmara baixa do parlamento alemão (Bundestag). Em 1970, tornou-se comissário de Relações Exteriores e Comércio Exterior da Comunidade Europeia.

Após os anos na política, Dahrendorf voltou a se dedicar à teoria. A partir de 1974, lecionou durante dez anos na renomada London School of Economics and Political Science. Em 1983, o sociólogo não hesitou em protagonizar uma série de TV onde demonstrava aos britânicos as causas de seu ocaso como nação.

Apesar de, ou justamente graças a essa atitude crítica, ele contava com alta consideração no país de adoção. O jornal inglês The Independent o classificou como "a imagem clássica de um professor teutônico". Em 1988, assumiu a dupla cidadania britânica, após haver sido nomeado lorde pela rainha Elizabeth 2ª, seis anos antes. Indagado sobre sua nacionalidade, respondia: "Sou londrino".

"Pioneiro liberal"

Em um necrológio, Christoph Driessen, da agência de notícias DPA, o elogia como "grande pioneiro do liberalismo", o qual "durante a vida experimentou e descartou muitas coisas". Ele se via "na tradição do grande humanista Erasmo de Rotterdam, o qual também permaneceu entre todos os partidos, mesmo durante a Reforma protestante".

Apesar de seu amor pela capital britânica, nos últimos anos o sociólogo já não tinha Londres como residência principal, mas sim a cidade alemã de Colônia, a fim de estar mais perto da família, por motivos de saúde.

Dahrendorf representou um papel importante na sociologia alemã, participando, por exemplo da disputa do positivismo, iniciada pelos filósofos Karl Popper e Theodor Adorno na década de 1960. Sua obra foi traduzida em diversos idiomas. No Brasil, foram lançados O conflito social moderno, Reflexões sobre a revolução na Europa e Homo sociologicus, entre vários outros títulos.

AV/afp/dpa

Revisão: Roselaine Wandscheer