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Morte de operários manchou preparativos em São Paulo

Nádia Pontes1 de abril de 2014

Durante construção da arena que recebe a abertura da Copa do Mundo, pelo menos 3 operários morreram. Obras de finalização da Arena Corínthians seguem até último minuto antes do Mundial.

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Foto: picture-alliance/AP

Em 1950, São Paulo recebia a Copa do Mundo quase livre de polêmica em torno dos preparativos. O hoje pouco moderno estádio do Pacaembu, inaugurado dez anos antes, passou por reformas alguns meses antes do Mundial, para receber seis partidas.

O Maracanã, construído especialmente para o evento da Fifa, é considerado a única grande herança daquele campeonato internacional. Naquela época, discutir legados de um evento esportivo – como mobilidade urbana e melhorias na infraestrutura do país sede – era bastante incomum.

Seis décadas depois, o termo "legado da Copa" virou jargão esportivo. Quando foi escolhido, em 2007, para sediar o Mundial da Fifa, o plano do Brasil falava em "melhoria da qualidade de serviços e qualidade de vida para a população, tecnologias modernas de transporte" entre outros.

O trem-bala que ligaria as duas maiores capitais do país, São Paulo e Rio de Janeiro, sequer teve a licitação feita. A poucos meses dos jogos, as reformas dos aeroportos de Guarulhos e Viracopos seguem a todo vapor. A obra será entregue sem que haja um meio de transporte público eficiente para ligar o maior aeroporto do país, Guarulhos, ao centro da cidade.

Os visitantes que aterrissarem em São Paulo para a abertura da Copa terão que pegar ônibus comum ou táxi para chegarem ao local da festa. O deslocamento do centro da cidade para a arena pode ser feito com a linha de metrô que já existia. Em termos de transporte, novos mesmo são só alguns corredores de ônibus.

Brasilien Flughafen Guarulhos International Airport
Aeroporto de Guarulhos é o maior do BrasilFoto: picture-alliance/AE

Quando se candidatou como cidade-sede, uma das coisas mais importantes para a capital paulista era sediar a abertura. Depois de muita briga política com Brasília e Belo Horizonte, São Paulo ganhou o embate. Tradicionalmente, a cidade que recebe o evento abriga também o centro de mídia da Copa – o que, mesmo antes do Mundial, já atrai equipes técnicas de todos os lugares do mundo e serve normalmente de base para jornalistas durante todo o evento. Mas isso não acontecerá na edição de 2014, já que o Rio de Janeiro levou este troféu.

Mortes no estádio

Outro aspecto bastante controverso no maior centro urbano do país é a construção do estádio Arena Corinthians na região leste da cidade. No início dos preparativos para o Mundial no Brasil, os planos previam o uso do estádio do São Paulo – o Morumbi precisava de reformas para adequação. Depois que diversos projetos do clube não foram aceitos pela Fifa, o Morumbi foi preterido pela Confederação Brasileira de Futebol, CBF, devido também a divergências políticas entre o clube e o então presidente da CBF , Ricardo Teixeira.

Juntamente com o estádio de Porto Alegre e Curitiba, a Arena Corinthians é o único estádio privado a ser utilizado na Copa. A obra contou com um financiamento de pelo menos 400 milhões de reais do Banco Nacional de Desenvolvimento, o BNDES. E ainda contará com a isenção fiscal por meio do Certificado de Incentivo ao Desenvolvimento da Prefeitura de São Paulo, de outros 420 milhões de reais.

Contando os juros bancários e as construções no entorno do estádio, estima-se o custo total do projeto em aproximadamente 1,3 bilhão de reais. Só para efeito de comparação, o estádio da Juventus de Turim – uma das arenas mais modernas da Europa e com capacidade próxima da que terá a arena paulistana – foi inaugurado em 2011 com um preço final de cerca de 100 milhões euros, aproximadamente 350 milhões de reais.

Stadion Corinthians Sao Paulo Brasilien
Acidente em novembro de 2013 matou dois operáriosFoto: picture-alliance/dpa

A construção do estádio em São Paulo ganhou as manchetes mundiais ainda por ter custado a vida de pelo menos 3 operários. Em 29 de março, um funcionário do consórcio que trabalha na obra morreu depois de cair de uma altura de oito metros. Ele trabalhava na instalação das arquibancadas provisórias.

Em 27 de novembro de 2013, a queda de três estruturas metálicas na parte de trás do estádio em construção provocou a morte de dois operários. Até hoje não foi divulgado um parecer oficial sobre o que realmente aconteceu. Segundo o Ministério do Trabalho, o responsável pela máquina que provocou o acidente estava há 18 dias sem tirar folga.

A pressão para que o estádio fosse entregue nas condições acordadas pela Fifa foi constante: quando restavam pouco mais de dois meses para a abertura da Copa do Mundo no Brasil, ainda não se sabia quando o estádio ficaria pronto.