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Première Brasil

9 de dezembro de 2010

Sucesso há oito anos em Nova York, mostra realizada em colaboração com o Festival do Rio abre sua segunda edição na capital alemã, visando ampliar intercâmbio cinematográfico entre Brasil e Alemanha.

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'Sonhos Roubados', de Sandra Werneck, é uma das atraçõesFoto: Promo: Chico Xavier

A diretora executiva do Festival do Rio, Ilda Santiago, está impressionada com a paisagem nevada que tomou conta de Berlim nestes dias. "Para quem está acostumado com praia, isso é um contraponto magnífico", diz, em entrevista à Deutsche Welle. Ela acabou de chegar à capital alemã, trazendo consigo a mostra Première Brasil, da qual faz a curadoria, e só tinha a preocupação de que o caos branco que se instalara na cidade impedisse a chegada do público na abertura do evento, realizada nesta quarta-feira (8/12).

O temor se mostrou infundado. A noite de inauguração, com exibição do filme Chico Xavier, de Daniel Filho, contou com quase 400 pessoas. O único contratempo foi a ausência de alguns diretores brasileiros convidados, presos em Paris devido à nevasca. Eles perderam a projeção de abertura, mas chegaram no dia seguinte, a tempo de acompanhar a exibição de seus filmes no evento, que vai até 19 de dezembro.

Deutschland Brasilien Filmfestival in Haus der Kulturen Berlin
'Café com Leite', de Daniel Ribeiro, integra seção de curtasFoto: Promo: Premiere Brasil

Pelo segundo ano consecutivo, a Première Brasil traz a Berlim uma seleção das melhores produções brasileiras recentes, exibidas no Brasil nos últimos 12 meses. São filmes que foram atrações da seção Première Brasil do Festival do Rio. Ilda espera, neste segundo ano, firmar na Alemanha o mesmo sucesso que a mostra já faz nos EUA.

"Estamos há oito anos no Moma [Museu de Arte Moderna] de Nova York", ressalta. "Nossa ideia é que o evento possa crescer da mesma forma aqui em Berlim", diz. "Não só em relação ao número de filmes exibidos, mas também quanto às conexões que possam ser feitas com indústria, distribuidores e produtores alemães. Nosso principal objetivo é poder criar esse laço e mostrar cinema brasileiro na Alemanha, desfazendo estereótipos, e também levar mais filmes alemães para nosso circuito", afirma a produtora cultural.

Deutschland Brasilien Filmfestival in Haus der Kulturen Berlin
'Reidy, A Construção da Utopia', de Ana Maria Magalhães: seção temáticaFoto: Promo: Café com Leite

Este ano, a Première Brasil traz à fria Berlim 17 produções brasileiras, entre longas de ficção e documentários, além de curtas-metragens. A maioria dos filmes é apresentada com a presença dos realizadores, com acompanhamento de debate após a projeção. Entre os realizadores que garantiram presença estão Karim Ainouz, Lais Bodanzky, Sandra Werneck e Ana Muylaert.

Uma mudança que marca este segundo ano da mostra em Berlim é a definição de um foco temático. "Arquitetura e modernidade no Brasil" é o tema que dá moldura a um programa à parte, com obras como Oscar Niemeyer, A Vida é um Sopro, de Fabiano Maciel; Reidy, a Construção da Utopia, de Ana Maria Magalhães; e O Risco: Lúcio Costa e a Utopia Moderna, de Geraldo Motta Filho, em sessões seguidas de discussões sobre arquitetura e urbanismo.

"Daqui para a frente, queremos ir criando pequenas mostras sobre temas específicos, com filmes que fazem um retrato do país nos últimos anos e também mostras especiais abrindo discussões mais focadas sobre um detalhe específico da vida brasileira", explica Ilda Santiago.

Deutschland Haus der Kulturen in Berlin
A Casa das Culturas do Mundo, em Berlim, durante o verãoFoto: picture-alliance / dpa

A inspiração para o tema especial deste ano veio das curvas do próprio edifício que abriga a perspectiva em Berlim, conta a curadora. "Quando vi pela primeira vez a Casa das Culturas do Mundo, ano passado, achei um prédio lindo para fazer um programa sobre arquitetura", lembra Ilda.

"Então aproveitamos que acabamos de festejar os 50 anos da construção de Brasília para homenagear nomes como Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, que participaram de um movimento muito amplo naquele momento, quando nasceram a bossa nova e o Cinema Novo."

Quando não se encontra coberto por toneladas de neve, como agora, o perfil sinuoso da Casa das Culturas do Mundo lembra, ainda que ligeiramente, o Pavilhão de São Cristóvão, localizado no bairro homônimo no Rio de Janeiro. Durante 12 dias, o lugar deverá servir de refúgio não só a cinéfilos e fãs do filme brasileiro. É possível que um ou outro aproveite para fugir da nevasca berlinense e viva a ilusão do calor tropical dentro da sala escura. Mesmo que seja só por algumas horas.

Autor: Marcio Damasceno
Revisão: Alexandre Schossler