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Muçulmanos criticam missão alemã na Síria

5 de dezembro de 2015

Líder do Conselho Central dos Muçulmanos da Alemanha afirma que adesão do país à coalizão contra o EI vai semear mais terrorismo. Para Associação das Forças Armadas, contingente da Bundeswehr é insuficiente.

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Aiman Mazyek: "Semeamos guerra e, com isso, vieram refugiados e terrorismo"Foto: picture-alliance/dpa/R. Jensen

O líder do Conselho Central dos Muçulmanos da Alemanha afirmou neste sábado (05/12) que é contra a atuação de forças alemãs na Síria.

Em entrevista ao jornal Neue Osnabrücker Zeitung, Aiman Mazyek disse que essa estratégia de combate ao terrorismo já provou ser um fracasso. "Hoje sabemos que a 'guerra contra o terror' só gera mais terrorismo. Isso significa que se a Al Qaeda criou o 'Estado Islâmico', o que virá em seguida?"

A entrevista se seguiu à decisão do Bundestag (câmara baixa do Parlamento alemão) de a Alemanha se unir à coalizão internacional contra o EI na Síria, com o envio de jatos de reconhecimento em missões de coleta de informações sobre territórios controlados pelos terroristas.

De acordo com Mazyek, um plano muito mais eficiente seria interromper o fornecimento de armas aos jihadistas, forçar as potências regionais a irem à mesa de negociações e promover uma estratégia de reconciliação. Assim, defende, os sírios teriam uma perspectiva de esperança e paz em vez de uma rotina de miséria e conflitos contínuos.

"Essa é a melhor forma de acabar com o terrorismo e a ditadura mundialmente", explicou Mazyek, acrescentando que grupos como o EI e Al Qaeda se aproveitam do envolvimento do Ocidente na guerra como parte de seus objetivos políticos.

Referindo-se ao engajamento da Alemanha nos conflitos prolongados no Afeganistão e Iraque, o presidente do Conselho Central dos Muçulmanos da Alemanha disse: "semeamos guerra e, com isso, vieram refugiados e terrorismo".

A resolução para a Síria, aprovada nesta sexta-feira pelo Bundestag, prevê a participação de 1.200 soldados alemães, o envio de seis jatos de reconhecimento, um avião de reabastecimento, tecnologia de satélite e uma fragata para ajudar a proteger o porta-aviões francês Charles de Gaulle. Ataques aéreos, como os executados pelos EUA, França e Reino Unido, foram rejeitados.

Bundeswehr carece de pessoal necessário

A Associação das Forças Armadas Alemãs – órgão independente que representa os membros das Forças Armadas alemãs (Bundeswehr) – reiterou neste sábado que é necessário mais soldados. "No momento, precisamos ao menos de 5 mil a 10 mil homens adicionais", declarou o diretor da associação, André Wüstner, ao jornal Passauer Neue Presse.

André Wüstner
André Wüstner afirma que reforma da Bundeswehr não pôde prever crises atuaisFoto: Deutscher BundeswehrVerband

Segundo ele, a medida é necessária não somente devido às missões da Bundeswehr na Síria, Afeganistão, Iraque e Mali, mas também por causa das novas leis trabalhistas que "não irão permitir turnos ininterruptos prejudiciais à saúde durante operações regulares".

Wüstner afirmou que o corte de pessoal na Bundeswehr foi longe demais. "Durante a reforma em 2010, ninguém tinha em mente a crise na Ucrânia ou a luta contra o 'Estado Islâmico'", explicou o militar.

Ele afirma que Berlim não pôde prever que em 2016 mais de 20 mil soldados alemães estariam envolvidos em missões militares ou em outras obrigações, como a ajuda a refugiados.

Reforma em 2010

O ministro alemão do Exterior, Frank-Walter Steinmeier, declarou nesta sexta-feira, que o governo não planeja aumentar o número de soldados das Forças Armadas, apesar do presente gargalo de pessoal.

Já a ministra alemã da Defesa, Ursula von der Leyen, se mostrou maior abertura. "Para mim, está claro que se o mundo continuar a nos fazer demandas tão elevadas, teremos que ser mais flexíveis para fazer ajustes de pessoal", disse em coletiva de imprensa.

A Bundeswehr emprega atualmente 179 mil soldados. Desses, 3 mil atuam em missões no exterior, o menor contingente desde a década de 1990. Uma reforma da Bundeswehr em 2010 aboliu o serviço militar obrigatório e reduziu o número de pessoas empregadas nas Forças Armadas para o nível atual de 250 mil.

CA/afp/epd/dpa